Luciane: “gestão integrada”
dez. 2001 / janeiro / fevereiro de 2002
3
A saúde do trabalhador
deve ser preponderante na
gestão das empresas
Ambiente do trabalho, qualidade dos processos e produtos
e respeito ao meio ambiente são parte dos sistemas modernos
de gestão empresarial. O objetivo principal é sobreviver
com competência no mercado competitivo e globalizado.
Diante desse quadro complexo
e preocupados com a capacidade
competitiva de suas empresas, diri-
gentes têm adotado de forma cres-
cente o que se denomina Sistema In-
tegrado de Gestão, cujo objetivo é
promover a melhoria contínua do
processo produtivo. O SIG visa o
cumprimento de metas relativas à
qualidade do produto, ao respeito ao
dos procedimentos adotados. Da
mesma forma que as normas ISO
(
de qualidade do Meio Ambiente),
ela traz vantagens na medida em que
sua implantação é avaliada e os re-
sultados podem ser mensurados.
A doutora Luciane destaca que,
para implementar a gestão integra-
da, algumas etapas devem ser obser-
vadas, como análise preliminar de
risco em toda a área industrial, para
identificação dos perigos do traba-
lho e estruturação de planos de ação,
visando eliminar ou minimizar tais
riscos. Campanhas de conscientiza-
ção, palestras, treinamentos aos
próprios funcionários, para que iden-
tifiquem riscos, também devem ser
adotados e levam cada integrante da
empresa a participar de forma efeti-
va no processo.
A advogada lembra que a empre-
sa interessada na certificação
OHSAS 18001 deve contar, nesse
processo, com o comprometimento
de toda sua alta administração. E,
como o sistema de gestão tem entre
seus objetivos a promoção de
mudanças visando a melhoria
contínua das condições de segu-
rança e saúde ocupacional, “é im-
prescindível que a empresa esteja
assessorada permanentemente,
provida de informações sobre a
edição de novas leis sobre Medici-
na, Segurança e Higiene do Traba-
lho, sua abrangência e aplicação nos
processos produtivos. Demanda que
vem sendo atendida pelo nosso es-
critório”, destaca.
Enfim, a segurança do trabalho
deve ser pensada e praticada
todos os dias, por todos e cada um
dos integrantes da empresa, isso
porque em uma organização, seja
ela de que tamanho for, nada é mais
importante que o elemento humano
que a compõe.
E
stá cada vez mais evidente
que uma empresa não terá
um produto perfeito e um
processo produtivo am-
bientalmente correto se
sua força de trabalho es-
tiver doente. Portanto, para man-
ter-se competitiva no mercado con-
correncial e globalizado é primor-
dial que sejam feitos investimentos
constantes para a segurança e saúde
do trabalhador.
No Brasil, está ocorrendo um
fenômeno interessante. Segundo in-
formações da Fundacentro, do Mi-
nistério do Trabalho, apesar de ter
havido, de 1981 para cá, uma que-
da nos acidentes típicos de traba-
lho, houve um sensível crescimen-
to das doenças ocupacionais, tais
como lesões de esforço repetitivo
(
LER) e surdez induzida por ruído.
Tais dados reforçam a importân-
cia da educação do trabalhador,
quanto à segurança e saúde no am-
biente de trabalho, buscando me-
lhores resultados na produtividade.
As doenças ocupacionais são
responsáveis por grandes despesas
não apenas para o governo. Afetam
também o custo do produto final, o
lucro e o valor do patrimônio das
empresas.
A advogada Luciane Helena
Vieira, do escritório
Pinheiro Pedro
Advogados
,
especialista no assun-
to, observa que “se uma empresa
apresenta grande número de empre-
gados acidentados ou com doenças
ocupacionais, terá efetivamente
problemas no momento em que es-
tiver sendo vendida ou incorpora-
da. Em razão das inevitáveis audi-
torias prévias a qualquer negócio,
será muito difícil alguém adquirir
uma empresa que, no futuro, pode
ser condenada a pagar altas inde-
nizações”.
meio ambiente e também à segu-
rança e saúde ocupacional.
Em passado recente, para im-
plantação de programas de gestão
de segurança do trabalho, era utili-
zada a norma britânica BS 8.800,
editada em 1996 pela BSI, institui-
ção britânica de normas técnicas.
Em 1999, no entanto, foi editada a
norma OHSAS 18001 (
Occupatio-
nal Health and Safety Assessment
Systems
).
Ao contrário da BS 8.800, que
funcionava apenas como um guia
indicativo de procedimentos, a nova
norma possui requisitos mandató-
rios, o que permite a certificação