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março a maio de 2002
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conceito de Produção
Mais Limpa é bastante
novo. Surgiu em 1989,
através do PNUMA – Pro-
grama das Nações Unidas
para oMeioAmbiente. Em
Produção Mais Limpa”,
um negócio “Ecoeficiente”.
Produção Mais Limpa e ecoeficiência são termos que refletem os modernos
conceitos ambientais nas empresas. Segundo o CEBDS, nessa matéria a
indústria brasileira está na vanguarda entre os países em desenvolvimento.
Ao ser indagada sobre o processo de
implantação dos projetos de P+L, Már-
cia Droshagen explica que o primeiro
passo tem sido convencer o empresário
que investir em Produção mais Limpa é
um bom negócio. Os programas se de-
senvolvem a partir de um grupo de fun-
cionários, chamados de Ecotime. Esse
grupo é treinado nas técnicas de P+L e,
depois, sob supervisão técnica, faz o le-
vantamento do processo produtivo, iden-
tificando as oportunidades de melhoria
e sua viabilidade econômica, bem como
definindo as prioridades para implan-
tação. Posteriormente esse grupo torna-
se multiplicador.
das onze empresas gaúchas que alcan-
çaram significativa economia de ener-
gia, citando também o exemplo das side-
rúrgicas. Essas empresas desenvolveram
processos para transformar os gases
gerados em energia. Assim, não só
reduziram as despesas junto às distri-
buidoras de energia elétrica, como pas-
saram a vender energia termoelétrica ex-
cedente para terceiros.
Embora os projetos de P+L tenham
se desenvolvido em primeiro lugar nas
grandes companhias, que possuem
maior aporte de capital e maior acesso
ao conhecimento, o conceito de P+L não
é restritivo. Por isso, o CEBDS articu-
lou com diversas instituições governa-
mentais e empresariais a formação da
Rede Brasileira de Produção Mais Lim-
pa. “As micros, pequenas e médias em-
presas são o público alvo da rede”, ex-
plicaMárcia. Esse segmento empresarial
emprega mais de 95% dos trabalhadores
brasileiros e não poderia ficar margina-
lizado desse processo.
Rede cresce
Além do Rio Grande do Sul, estão
instalados e em pleno funcionamento
núcleos estaduais da Rede Brasileira de
Produção Mais Limpa nos estados da
Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso,
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Estão em
processo de instalação os núcleos de
Pernambuco e Ceará. Uma pesquisa con-
cluída no ano passado pela Coordenação
da Rede Brasileira de P+L demonstra
que vale a pena investir em projetos de
ecoeficiência. O reaproveitamento de
matérias-primas, racionalização de gas-
tos de energia e outras medidas fizeram
com que 36 empresas, que, integram os
núcleos dos estados da Bahia, Mato
Grosso, Santa Catarina e Minas Gerais,
obtivessem ganhos significativos. A
relação é mais ou menos a expressa nos
números das empresas gaúchas. Para um
investimento de R$ 1,4 milhão, obtive-
ram um benefício econômico, um ano
depois, de R$ 4,6 milhões. Esse ganho
econômico incontestável tem sido um
excelente meio de convencimento para
que outros empresários invistam em pro-
jetos de P+L.
linhas gerais significa a aplicação de
uma estratégia ambiental contínua e in-
tegrada a processos, produtos e serviços,
a fim de aumentar a eficiência, conduzir
a um melhor desempenho ambiental,
reduzir custos, diminuir os riscos de aci-
dentes ambientais e aumentar a segu-
rança do trabalhador. A informação é de
Márcia Droshagen, Coordenadora da
Rede Brasileira de Produção Mais Lim-
pa do CEBDS – Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sus-
tentado. Márcia explica que, como con-
seqüência, surgiu um conceito mais
avançado e abrangente: o da ecoeficiên-
cia, que significa atingir a eficiência
econômica por intermédio da eficiência
ambiental.
Voltado para os países em desen-
volvimento, o Programa é adotado em
18
países da América Latina, Leste Eu-
ropeu, Ásia e África. Sem medo de er-
rar, Márcia Droshagen afirma que o Bra-
sil está na vanguarda deste processo,
com uma rede de P+L bastante ampla.
O sonho é instalar Núcleos de Produção
Mais Limpa nos 27 estados brasileiros.
Atualmente, oito estados brasileiros pos-
suem núcleos de Produção Mais Lim-
pa, com possibilidades de ampliação,
uma vez que o CEBDS e o SEBRAE
assinaram, no final do ano passado, con-
vênio para financiar dez novos núcleos.
No caso brasileiro, para dar susten-
tação tecnológica ao programa de
ecoeficiência, foi criado em 1995 o Cen-
tro Nacional de Tecnologias Limpas,
localizado na Federação das Indústrias
do Rio Grande do Sul, no SENAI daque-
le Estado. Mantido pelo empresariado e
assessorado por universidades, centros
de pesquisa e fundações tecnológicas in-
ternacionais, a experiência do CNTL
mostra que, nos projetos realizados em
diversos setores industriais, alcançou-se
economia de água, energia e matérias
primas, com aumento significativo de
lucratividade e competitividade.
Márcia: “P+L, bom negócio”
Márcia dá exemplo dos resultados
alcançados pelo projeto piloto desen-
volvido no Rio Grande do Sul, no final
da década de 90, envolvendo onze in-
dústrias dos setores de metalurgia e
mecânica. Para um investimento de R$
48
mil, houve um benefício econômico
de R$ 86 mil. No período de sete me-
ses, as empresas economizaram oito
toneladas de matérias primas e
reduziram 65 toneladas de resíduos. A
relação investimento/benefícios é
bastante positiva: para cada R$ 1 inves-
tido, há um retorno de quase R$ 4.
Crise energética
Márcia destaca “com total con-
vicção”, que as empresas integradas aos
programas de P+L estão mais aparelha-
das, técnica e conceitualmente, para en-
frentar situações como a da crise ener-
gética. “Isso porque a redução do con-
sumo de energia faz parte da essência
do programa”. Ela lembra não só do caso