12
junho a agosto de 2002
O
período eleitoral é pródi-
go em várias coisas. É
pedagógico! Oportuni-
dade para comparar a
prática com discursos e
propostas. No campo am-
biental, as próximas elei-
a r t i g o
Eleições, Meio
Ambiente, Futuro!
Antonio Fernando Pinheiro Pedro
é advogado especialista em Direito Ambiental, diretor da ABAA - Associação Brasileira dos Advogados
Ambientalistas, Professor de Direito Ambiental e membro do Partido Verde de São Paullo.
ções, como nunca, vão explicitar quem
são aqueles que têm propostas reais,
não discursos poéticos ou práticas
fora de sintonia com a nova ética do
Planeta.
Para colocar o tema no contexto,
é preciso que se reconheça que a de-
mocracia contemporânea e o siste-
ma partidário estão em crise não ape-
nas no Brasil. Aliás, o mundo encon-
tra-se em uma fase de transição das
chamadas democracias tradicionais
para um novo paradigma, que
começa a ser conhecido como
gestão participativa”.
Crise, que é monitorada pelos cha-
mados “
corpos intermediários de ter-
ceira geração”
:
ONGs ambientalis-
tas, organismos internacionais como
o Banco Mundial e a ONU e orga-
nizações corporativas como o World
Conciel for Sustaneible Develop-
ment. São esses os novos atores que
influem decisivamente na formulação
das políticas públicas, não mais ape-
nas em um país, mas em Regiões,
a partir da formação de blocos
econômicos (Mercosul, Comunidade
Européia, Tigres Asiáticos, Nafta,
PaísesAndinos). Assim, o conceito de
autonomia” de territórios nacionais
cede lugar a outro, que supera a visão
tradicional dos três poderes constituí-
dos do Estado nacional. Esses novos
atores contam com a força da mídia,
que, como nunca na história do Plane-
ta, interfere e age na exposição e in-
termediação de conflitos.
É nesse cenário - no qual nos de-
paramos com o superado discurso das
esquerdas tradicionais, cujo ícone pa-
radigmático foi a queda do Muro de
Berlim, e com a ineficácia dos mode-
los neoconservadores ou sociais
democratas, que cultuam o mercado
como o “Senhor” todo poderoso - que
aparecem novas formas de ver e fazer
política, suplantando a visão dicotômi-
pouco ou nada estão preparados para
o enfrentamento destas questões.
As ferramentas são outras. O ad-
ministrador moderno, politicamente
engajado, deve saber lidar com os ins-
trumentos do chamado ambiente de
regulação, com as demandas da par-
ticipação popular na gestão pública,
com os interesses difusos da so-
ciedade, das minorias e de grupos de
interesse, ou com a busca pela quali-
dade de vida, seja lá o que isso possa
significar para cada indivíduo. O
político moderno, antes de tudo, pre-
cisa ser um negociador, voltado para a
solução de conflitos e desprovido de
projetos hegemônicos que, como sa-
bemos, contaminaram o ambiente
político do séc. XX.
Projetos ultrapassados, que podem
ser notados tanto na perda da credibi-
lidade do discurso da esquerda tradi-
cional, quanto na ineficácia da ação
populista da direita. É bem verdade
que, nos últimos anos, surgiu uma
brecha que foi ocupada, temporaria-
mente, pelo discurso social democra-
ta, porém, nem um pouco identifica-
do com o norte desse pensamento. Não
é à toa, portanto, que se observa go-
vernos “liberais” adotaremposturas in-
tervencionistas e protecionistas e go-
vernos sociais democratas implanta-
rem programas econômicos e sociais
do mais puro monetarismo.
Por isso, quero informar que en-
contrei na nova proposta do
Partido
Verde
o caminho político para me ex-
pressar e operar. Na minha visão, esta
é a melhor alternativa para expressar
as propostas de mudanças na admi-
nistração pública brasileira. O
Parti-
doVerde
,
atualmente, configura a per-
feita identidade da nova cidadania de
terceira geração”, com a democracia
participativa e a mudança dos meca-
nismos voltados para a solução dos
conflitos do Estado Moderno.
Como candidato ao Governo do
Estado de São Paulo, adoto o discurso
da sustentabilidade. Isso quer dizer
que vamos perseguir uma gestão
econômica viável, cuja missão é
reduzir a pobreza e as distâncias so-
ciais, proteger e racionalizar o uso dos
recursos ambientais, bem como
lançar as bases para que a estrutura
social opere sob uma plataforma
democrática, justa e plural.
Foto: Luiz Cláudio Barbosa
Antonio Fernando Pinheiro Pedro
ca entre o bem e o mal. Aliás, o es-
garçamento da estrutura tradicional de
poderes da República tal como posta
há três séculos, coloca as novas gera-
ções na expectativa de que algo de
novo aconteça no cenário político do
Brasil e no Mundo.
Frente a esse quadro, não é pos-
sível lidar com os novos desafios da
tecnologia, da exclusão social, da eco-
nomia globalizada e da ampliação glo-
bal da degradação ambiental, com
políticos e estruturas partidárias que
Nos dias de hoje, a questão ambiental deve ser central
para qualquer projeto político comprometido com o
progresso, a democracia e a justiça social. Neste artigo, a
análise crítica do quadro atual e uma proposta de
alternativa de poder.