setembro a novembro de 2002
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S
aber quais são as perspecti-
vas para o mercado de negó-
cios ambientais no Brasil, a
partir da visão de empresas,
câmaras de comércio e
setores empresariais es-
trangeiros não é tarefa fácil,
Mercado ambiental brasileiro
na visão dos estrangeiros
menciona o caso da reciclagem de
resíduos, onde o Brasil, na sua opinião,
não fica devendo nada a ninguém, sal-
vo na reciclagem de plástico, onde ain-
da existe um campo a ser explorado.
O advogado, que atua em parceria
com o Escritório “Pinheiro Pedro Ad-
vogados”, considera que o Brasil e a
América Latina são mercados pro-
missores para empresas do hemisfério
norte, especialmente as européias,
porque a “mentalidade” entre nós é
européia”. O que por vezes dificul-
tam as coisas são aspectos extra negó-
cios, mais ligados à política, burocra-
cia, corrupção e ao chamado “Custo
Brasil”. Como exemplo, cita o caso de
um cliente do setor da construção, cuja
filial brasileira significa apenas 0,8%
do faturamento mundial do conglo-
merado, mas, nas suas palavras, re-
presenta 20% de suas dores de cabeça
e, por essa razão, está decidido a fe-
char a filial brasileira.
Alemanha
Ricardo Rose, do Departamento de
MeioAmbiente da Câmara de Comér-
cio Brasil e Alemanha, entidade que
atua no fomento bilateral do comér-
cio, no intercâmbio de tecnologias e na
formulação de parcerias entre empre-
sas brasileiras e alemãs, avalia que o
mercado ambiental brasileiro não está
suficientemente aquecido e isso não se
deve apenas à conjuntura momentânea
envolvendo questões do câmbio do
dólar ou das eleições presidenciais. É
um cenário que observa nos três últi-
mos anos, pelo menos. Um exemplo
dessa situação é o setor de saneamen-
to básico, onde, ao longo dos anos, o
governo vem reduzindo os investimen-
tos a ponto de não atender às re-
comendações da OrganizaçãoMundial
da Saúde, que preconiza investimen-
tos de pelo menos 1% do PIB para a
manutenção de padrões razoáveis no
saneamento, com reflexos diretos na
saúde da população. Segundo Ricar-
do Rose, os investimentos brasileiros
não chegam a 0,5% do PIB no setor
de saneamento.
Já o setor privado, avalia Rose, este
também ainda não está tão propício,
embora hoje já existam mais de
600
empresas certificadas com a
ISO14001, o que demonstra que há
uma preocupação com a questão am-
biental.
O chefe do Departamento de Meio
Ambiente da Câmara Alemã revela
que uma estimativa feita pela insti-
tuição avaliou o mercado ambiental
brasileiro na ordemde US$ 2,9 bilhões,
no ano de 2001. Mercado esse cujo
potencial pode ser tranqüilamente
multiplicado por três. Quanto à reci-
clagem do lixo, por exemplo, ele pon-
dera que “Falta a lei da Política Na-
cional de Resíduos Sólidos para fo-
mentar esse segmento, onde a Alema-
nha é muito forte em tecnologias,
equipamentos e sistemas de gerencia-
mento”.
Ricardo Rose constata, ainda, que
o mercado ambiental brasileiro apre-
senta também um potencial muito
grande para a Alemanha em setores
como o de tecnologias destinadas à
geração de energias renováveis. E,
nesse caso, o exemplo é o projeto da
Usina Eólica “Wobben Enercon”, ins-
talada no Ceará e financiada por um
Banco de Investimentos Alemão
(
DEG). Além dessa área, considera os
segmentos de energia solar e de bio-
pois o setor ambiental envolve exten-
sa gama de segmentos, produtos, equi-
pamentos e serviços. Assim mesmo,
Ambiente Legal” procurou levantar
informações que, se não oferecem
diagnóstico completo sobre o assun-
to, orientam na tomada de posição
empresas e profissionais que atuam no
setor, visando, em última análise, o
fomento deste mercado, considerado
promissor, mas também avaliado
como muito aquém das expectativas,
mesmo as mais pessimistas.
Para o advogado Rolf Petermann,
cujo escritório presta serviços de as-
sessoria para diversos segmentos em-
presariais de pequeno e médio porte,
a tarefa inicial para identificar os in-
teresses de empresas estrangeiras no
mercado brasileiro é promover uma
segmentação, adotando-se como pon-
to de partida alguns grandes grupos,
para verificar o potencial de cada um
deles: poder público, empresas pres-
tadoras de serviços, indústrias transna-
cionais, indústrias nacionais e empre-
sas de produtos e serviços ambientais
propriamente.
Isso, por exemplo, pode evitar que
empresas estrangeiras procurem seg-
mentos do mercado onde o Brasil pos-
sui tecnologias bastante avançadas, em
condições, inclusive, de oferecer
serviços e produtos para o exterior. Ele
Nesta reportagem são
levantados aspectos
sobre o potencial do
mercado ambiental
brasileiro na visão de
agentes que
representam o mercado
estrangeiro no Brasil.
Mercado promissor,
porém, não aquecido.
Alemanha
Rolf Petermann:
“Identificar interesses e segmentos.”