Revista Ambiente Legal
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O Sol é para todos
Todos os anos, uma explosão de energia
incide sobre o território brasileiro: São 15
trilhões de megawatts emitidos pelo Sol,
essa estrela que já foi adorada como deus
todo-poderoso pelos povos antigos. Na
base desse número espetacular, apenas
uma certeza matemática: se aproveitada
adequadamente, toda essa força atenderia
não uma, mas 40 vezes nossa demanda interna por energia, o que nos permitiria inaugurar
uma nova, admirável, limpa e próspera economia no País.
Nesta edição da Revista Ambiente Legal apresentamos, em nossa Reportagem de capa,
essa que é a “menina dos olhos” não só de ambientalistas e cientistas, mas também de
empreendedores com visão de futuro e decisão no presente, que têm garantido aplicação
prática e diversificada dessa tecnologia 100% sustentável e muito democrática.
Afinal, a energia solar tem unido os dois extremos de nossa teia social. Alimenta, por
exemplo, cercas elétricas que protegem, da ação de larápios, ricas fazendas localizadas no
estado do Mato Grosso, assim como permite que comunidades carentes tenham em suas
casas o conforto de um banho quente o ano inteiro.
A mais recente edição do relatório Renewables: Global Status Report, preparado pelo
Worldwatch Institute, revela que o aquecimento solar de água, que como veremos é apenas
uma das muitas aplicações da irradiação solar, está se firmando como importante fonte de
energia renovável no planeta. Esses sistemas já alimentam cerca de 40 milhões de habitações
em todo o mundo, a maioria delas na China, país responsável por 58,4% dos sistemas de
aquecimento hoje instalados, enquanto o Brasil é responsável por 2,1%.
Por sua vez, o Japão é o líder mundial entre os produtores de painéis fotovoltaicos, que dão
vida a uma ampla gama de aplicações, tais como sistemas e postes de iluminação pública,
semáforos, bombas d’água e equipamentos de refrigeração. Mais uma vez, aqui, o Brasil,
faz feio: tem instalado 12.600 megawatts de painéis fotovoltaicos, o que equivale a 0,1% da
potência de Itaipu.
É seguro afirmar que, pelo menos em matéria de tecnologia solar, não é apenas a miopia
de nossas políticas públicas que emperra sua disseminação em larga escala. Nosso passado
de Colônia fala muito alto nessa questão. Vejamos. O silício - matéria-prima básica para a
fabricação dos painéis fotovoltaicos - é apontado como o responsável pelo preço salgado da
tecnologia. A incongruência é que, apesar de deter todo o know how e também uma das
maiores jazidas desse minério, o Brasil prefere exportar o silício bruto a entrar pela porta da
frente nesse mercado de oportunidades mais que promissoras.
Um pouco mais de perplexidade, novos enfoques sobre um variado universo de informações
de interesse público e um permanente convite à boa e vigorosa reflexão, eis o que nos
propomos a oferecer aos nossos leitores nos artigos e reportagens que reunimos nesta
edição. Porque acreditamos que esses elementos também são imprescindíveis, como
fermento e alicerce, da ação eficaz e da crítica construtiva que tanto nossa sociedade precisa.
A Diretoria
Antonio Fernando Pinheiro Pedro
e Renato Augusto Pinheiro Pedro
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