Revista Ambiente Legal
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Por Danielle Denny e Karina Fiorini
N
inguém sabe exatamente o
que fazer com uma pilha
de resíduos de 80 metros de altura,
que inclui material tóxico, maior que
um prédio de 25 andares, em plena
Serra da Cantareira, um dos santuá-
rios ecológicos na zona norte de São
Paulo, onde moram 16 mil pessoas.
No ano passado, em operação que
poderia ser definida como cinemato-
gráfica, 50 policiais ambientais subi-
ram as ruas do bairro a pé e surpre-
enderam as atividades de disposição
ilegal. Funcionários, caçambeiros e
motoristas de caminhão foram presos
e equipamentos, como retroescava-
deiras, tratores de esteira, caminhões
e máquinas, apreendidos.
Terminava assim um processo de
dez anos de disposição ininterrupta
de lixo de toda a sorte no Jardim Da-
masceno.
Os policiais lacraram os acessos e
construíram muros e portões para evi-
tar que a atividade ilegal e nociva aos
moradores e ao meio ambiente fosse
reiniciada. Mas, o passivo ambiental
continua lá, tomado agora pelo mato.
Antes de a polícia lacrar a área,
a madrugada era movimentada. José
Quintino, morador do bairro desde
1973
e líder do Movimento Ousadia
Popular, conta que “os moradores não
tinham sossego”. Segundo ele, era ca-
minhão subindo e descendo o morro
a noite toda.
Um bode na sala
Foto: Arquivo Polícia Civil Ambiental