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NA MATA DO BOTAFOGO

by Portal Ambiente Legal
21 de setembro de 2015
in Ambiente Livre, Destaque
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NA MATA DO BOTAFOGO
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Ocorridos e acontecidos na meninice goiana

ponteantga1

Por Marco Aurélio Arrais

Fui criado no conjunto do IAPC, confrontante à mata do Córrego Botafogo, hoje no centro de Goiânia. Naquela época, era uma reserva intocada, com várias pequenas nascentes de água límpida, cortada em toda sua extensão pelo dito córrego, sem poluição e rico em peixes. Nas suas águas podíamos tomar banho, fazendo pequenas represas de pedra.

Na época da piracema de bagres e lambaris, os peixes saíam do Rio Meia Ponte e entravam no Córrego João Leite, onde desembocava o Botafogo. Ao seguirem para a nascente do Botafogo, onde hoje é o Jardim Botânico, enfrentavam uma pequena cachoeira formada pelo final da tubulação, sobre a qual passava a Avenida Anhanguera.

Tinham de vencer a queda de água, com mais ou menos metro e meio de altura. Era ali que ficávamos na tocaia, com peneiras de arame, sacos de aniagem e outros apetrechos, capturando quantos peixes podíamos. Em casa tínhamos peixe frito à vontade, consumidos no mesmo dia, pois geladeira era um luxo na casa de poucos, o que não era o caso da minha família.

A fauna da mata era composta por inúmeros pássaros e aves como tucano, mutum, canário, sabiá, joão de barro. Saltando nos galhos das árvores, macacos pregos e saguis. No chão, em menor número, cotias, tatus, teiús, lebres que iam sendo aos poucos exterminados pela população.

A mata era utilizada pelas famílias, que levavam as crianças para passar as tardes quentes nos fins de semana, balançando nos cipós imensos que pendiam das árvores, e usufruindo das frutas que a mata fornecia generosamente como jatobá, mutamba, gabiroba, guapeva, xixá, ingá, e muitas outras.

Um campinho de futebol, logo atrás dos muros de casas vizinhas à mata, era a alegria da molecada. Ali eram disputados jogos entre os times improvisados, sem jogadores fixos e com torcida indefinida.

A mata servia também para encontros amorosos, atrás das moitas altas de capim, sempre vigiadas pelos meninos, curiosos com o que poderiam ver e aprender.

O córrego separava o conjunto do IAPC do Bairro do Botafogo. Ali, próximo à mata morava a Maria Papuda, assim chamada por exibir no pescoço um papo do tamanho de uma laranja. Maria era uma negra alta, bonita, bem-feita de corpo, e mal falada pelos vizinhos, tida como mulher fácil e amiudada na vergonha.

Certa feita, batíamos a mata armados com nossos estilingues, dando caça aos pássaros, quando percebemos uma movimentação dentro de uma moita alta. Com cautela nos aproximamos, e vimos deitados no chão a dita Maria Papuda com um homem, no meio de uma labuta sexual. Ela, quando nos viu, disse: “- Benzinho, os meninos tão olhando!” O homem levantou-se de um salto, e sem conseguir vestir as calças, abraçou o tronco de uma árvore, sem conseguir esconder uma estrovenga enorme, e ficou ordenando que fossemos embora. Quando a mulher viu que não íamos sair dali, disse tranquilamente: “- Deixa, bem. Vem acabar que tá muito bom. Quem sabe esses meninos aprendem a meter.” E assim o fizeram, apreciados pela cambada.

Sobre a tubulação que canalizava o córrego, na Avenida Anhanguera, na calçada, havia uma banca de venda de bananas. Seu proprietário era um baiano mal-humorado, inimigo da meninada, e que sempre andava com uma faca de uns dois palmos na cintura. Vivia sozinho, e morava num cômodo apertado, ligado ao seu comércio.

Na tarde de um sábado estávamos cinco moleques, sentados no tronco de uma árvore derrubada pelo vento, que escorada numa outra, ficava a uns dez metros do chão. Ali, escondidos pela folhagem, observamos o Baiano, como ele era chamado, entrar na mata com uma corda de uns dois metros. Logo à beira do córrego pastava uma égua deixada pelo dono, algum carroceiro, para que se alimentasse do capim farto que nascia nas margens.
Acariciando o animal, puxou-o para junto de um toco e colocou-a no jeito que pudesse ficar na traseira do bicho. Já havíamos descido silenciosamente de onde estávamos, e agachados atrás do capinzal, observávamos.

Desabotoou a braguilha da calça, e baixando o calção, começou a fazer sexo com a égua, que docilmente permitia, como se estivesse acostumada com aquilo.

Foi então que o Tomazinho, por maldade, lascou uma pedrada no pé do ouvido da égua. O bicho, assustado, deu um coice tremendo lá os baixios do Baiano que, uivando de dor, caiu de costas no chão duro. Tentou ficar em pé, mas como a dor era muita ele só fez gemer. Ao ouvir as nossas risadas, levantou-se de um salto. Tentou achar as calças, mas elas estavam pelo avesso, embaraçadas nos seus pés.

Vestido só com a camisa e arrastando as calças pelo chão, presas nos sapatos, tendo na mão direita a peixeira, saiu trotando com dificuldade, babando de ódio, tentando nos alcançar. Fugíamos à toda num deboche danado, assoviando e relinchando, fazendo troça.

Lá em casa, eu era o responsável pelas pequenas compras do dia a dia. Passei a comprar bananas na frutaria de um japonês, distante de casa quase quinhentos metros. Nunca mais frequentei aquele pedaço, onde ficava a banca do baiano.

Sobre o córrego havia uma pontezinha de madeira. Na intenção de olhar por baixo das saias das mulheres, arrancamos uma das tábuas, na parte junto ao barranco. Sentados numa pedra, ficávamos pouco mais que vinte centímetros da passarela, quase encostados no piso da ponte. Ali apreciávamos as mulheres que passavam. Tinha mulher com calcinha e sem calcinha. Mulheres novas e velhas. Cabeludas e barbeadas.

Na vontade de ver mais, arrancamos mais uma tábua, para alargar o campo de visão, e isso acabou com o divertimento. Descobertos, fomos postos para correr e para minha desgraça, fui reconhecido pela lavadeira duma vizinha lá de casa. Minha mãe, para dar demonstração de sua autoridade e corrigir o safado que tinha em casa, deu-me uma surra exemplar, com cordão de ferro de passar roupa.

A ponte foi consertada, e não mais nos aventuramos a fazer essa observação ginecológica.

 

Marco Aurélio Arrais
Marco Aurélio Arrais
Marco Aurélio Arrais, natural de Goiânia, advogado (PUC-GO), contador de causos, é pesquisador da história do Brasil ou, como ele mesmo se denomina, “um curioso de nossa história”.

 

 

 

 

 

 

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Tags: Contoscontos goianoscontos ruraisGoiânia nos anos 50Marco ArraisMarco Aurélio ArraisNa Mata do Botafogo
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Comments 1

  1. Paulo castilho says:
    5 anos ago

    Fascinante o seu relato.
    Precisamos de mais lembranças como essa para preservar a nossa memoria.
    O córrego Botafogo, atrás de onde hoje fica o Mutirama também era ponto dos alunos da Escola Tecnica, que iam pra lá namorar e nadar em suas águas.
    Era por ali que também ficava o motor de submarino, usado para fornecer energia eletrica para Goiania. Refrigerado a água, formava se um poço com as aguas quentes que saiam dele.
    Posso reproduzir o artigo no meu blog?

    Responder

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