Revista Ambiente Legal
Por Francisco Além*
M
uito se fala emdiminuir
o “Custo Brasil” mas, constante-
mente, nossos governantes, em-
presários e a própria imprensa se
esquecem do bem mais valioso
que Deus nos concedeu, a água.
Nosso País é privilegiado com
cerca de 16% da água do plane-
ta Terra. No século em que vive-
mos, em que os conflitos e até
mesmo as guerras ocorrem pela
escassez desse precioso líquido,
nós, infelizmente, não damos a
ele a devida importância.
Mesmo não considerando os
aqüíferos subterrâneos, em rela-
ção aos quais também possuí-
mos uma situação privilegiada,
temos uma malha hidroviária
com cerca de 43 mil quilôme-
tros, dos quais hoje apenas a
metade está em condições de
navegabilidade. Num País como
o Brasil, onde a cultura é essen-
cialmente rodoviária, estamos
em desvantagem em relação aos
países ditos desenvolvidos, já
que, nestes, a logística de trans-
portes destina apenas 32% dos
seus investimentos para a malha
rodoviária.
Em nosso caso particular e
dos países em desenvolvimento,
temos o seguinte quadro:
Um No v o O l h a r - 1
Hidrovias: caminhoparaodesenvolvimento
Ressaltamos que, atualmente,
com a globalização, temos de nos
apoiar em uma logística de trans-
portes que contemple os três modais
integrados e com a maior economia
possível para podermos concorrer
no mercado internacional.
Salientamos, ainda, que a cul-
tura rodoviária persiste entre nós
porque é muito mais fácil se per-
ceber melhorias em uma estrada
aonde transitam veículos do que na
via navegável. Porém, na verdade,
ocorre o mesmo nível de melhoria.
Vamos às vantagens de se in-
vestir na malha hidroviária:
1.
Redução no custo dos
transportes.
O transporte de cargas, de
grande volume e baixo valor
agregado e a grandes distâncias,
por meio de hidrovias, sem dú-
vida nenhuma reduz gastos com
a logística de transporte. Exem-
plos: grãos (soja, milho, etc.) e
minérios (ferro, manganês, etc.)
-
quadro 01 na página 25.
2.
Redução do custo de ma-
nutenção de rodovias, já que
temos hoje comboios de até,
aproximadamente, 100 cami-
nhões/contêineres – eles seriam
retirados das estradas.
3.
Menor risco de acidentes
fatais.
Hidroviário
5%
Ferroviário
28%
Rodoviário
67%
4.
Menor emissão de po-
luentes.
Ressaltamos a importância
dos estudos desenvolvidos para
utilizar os créditos de carbono
com a retirada dos caminhões
das estradas e conseqüente di-
minuição dos poluentes. Com
os créditos obtidos pode-se in-
vestir mais em hidrovias.
5.
Promoção do desenvol-
vimento socioeconômico nas
regiões ribeirinhas.
6.
Não há necessidade de
desmatamento de áreas, já que
a via navegável é natural.
7.
Ganho de competitivida-
de do produto nacional.
8.
Maior eficiência energéti-
ca no transporte de mesmo vo-
lume de carga - quadros 02 e 03
na página 25.
9.
O transporte hidroviário
é o que necessita de menos in-
vestimentos em infra-estrutura,
além de possuir melhor resulta-
do econômico quando compa-
rado aos demais modelos.
Devemos ressaltar, também,
alguns obstáculos encontrados
na execução do programa hidro-
viário brasileiro:
1.
Necessidade de investi-
mentos:
A priorização de investi-
mentos em rodovias impediu
o desenvolvimento hidroviário;
há necessidade premente de in-
vestimentos neste setor.
2.
Maior integração com o
Ministério do Meio Ambiente,
por meio do IBAMA, para faci-
litar o licenciamento ambiental,
procedimento ainda marcado
por vários problemas de ordem
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