Revista Ambiente Legal
32
O
que começou como uma bem-intencionada
iniciativa para retirar bilhões de toneladas de plásti-
co do meio ambiente,
se transformou num
problema para o con-
sumidor paulista, úni-
co personagem “pena-
lizado” na cadeia que
envolve fornecimento
e descarte das sacolas
plásticas não-reutili-
záveis.
Desde o dia 25
de janeiro, o Estado
de São Paulo convive
com a seguinte reali-
dade: supermercadis-
tas não precisam mais
fornecer sacolas plás-
ticas descartáveis para
os consumidores.
O acordo firma-
do entre a Secretaria
do Meio Ambien-
te paulista e a APAS
(
Associação Paulista
de
Supermercados)
estabelece que o con-
sumidor que quiser le-
var alimentos e outros
produtos para casa
deverá ter sua sacola
não-descartável.
Poderá ainda, caso
precise carregar mais
produtos do que ima-
ginou inicialmente,
comprar a sacolinha
descartável no próprio supermercado, pagando R$
0,15
por unidade. Como última alternativa para levar
suas compras, o consumidor poderá utilizar caixas de
papelão que o comerciante cede gratuitamente.
Por Fernanda Médici
E o consumidor pagou a conta
O governo imaginou estar fazendo sua parte no
suporte à sustentabilidade quando fechou o acordo.
Afinal, o que estava
em discussão era a
retirada de circulação
de 7 bilhões de saco-
linhas, jogadas anu-
almente nos lixões e
aterros do Estado de
São Paulo.
Para os supermer-
cadistas, o acordo não
pode ser melhor: re-
presenta uma econo-
mia anual de R$ 500
milhões, os coloca no
mesmo rol dos que
lutam pela sustenta-
bilidade do planeta
e, de quebra, os livra
de ter que encami-
nhar para reciclagem
a montanha de pa-
pelão que se acumu-
la diariamente nos
depósitos. Sem falar
no lucro da venda da
sacola de plástico.
O vereador Fran-
cisco Chagas (PT) é
taxativo com este as-
sunto: “O fim das sa-
colinhas é um grande
golpe contra o bolso
do consumidor. É ti-
rar dinheiro do povo
e repassar às redes de
supermercados”.
Estudo realizado pelo IPT (Instituto de Pesqui-
sas Tecnológicas de São Paulo) mostra que a sacola
plástica comum, apresentada como a grande vilã, a
inimiga do meio ambiente, é uma das que menos
Acordo firmado entre governo paulista e setor supermercadista para diminuir
uso da sacolinha descartável prejudica quem deveria ser beneficiado
Agora o consumidor paga R$ 0,15 por sacola
Foto: Danielle Denny