ambiente legal
AL:
Durante o lançamento
do ISE, o senhor afirmou que os
nomes das empresas excluídas não
seriam divulgados, mas fez ques-
tão de destacar que entre as 35
empresas que enviaram os ques-
tionários, mas foram desclassifica-
das, os motivos não foram as más
notícias. Então, quais foram as
boas notícias?
RN:
Essas 35 eliminadas podem
ter apresentado performance
ruim em um, dois ou todos os
pilares avaliados pelo ISE. A boa
noticia é que essas empresas que
nos enviaram o questionário es-
tão realmente empenhadas em
seu compromisso com a sustenta-
bilidade. Elas precisam de indica-
dores para saber por onde come-
çar as mudanças e o ISE permite
esse
feedback
,
pois todas as 63
empresas, classificadas ou não, re-
ceberam da FGV uma avaliação
pormenorizada e também o lu-
gar ocupado no
ranking
final, de
acordo com a pontuação obtida.
Entendemos que as companhias
desclassificadas, que ficaram abai-
xo da média, vão se esforçar e
investir onde mais precisam e no
prazo de três anos é bem provável
que tenham uma realidade com-
pletamente diferente.
AL:
A propósito, fale um pou-
co da metodologia do ISE.
RN:
O ISE foi formulado com
base no conceito internacional
do
Triple Botton Line
(
TBL), que
avalia, de forma integrada, as di-
mensões econômico-financeira,
social e ambiental das empresas.
Aos princípios do TBL foram
adicionados critérios e indicado-
res de governança corporativa, a
exemplo do índice da Bolsa de
Joanesburgo. Os quatro blocos
temáticos são precedidos por um
grupo de indicadores gerais bási-
cos e de natureza do produto. O
TBL das empresas foi abordado
a partir de quatro critérios: Po-
lítica, engloba indicadores de
comprometimento; Gestão, ava-
lia planos, programas, metas e
monitoramento; Desempenho,
indicadores de performance; e,
finalmente, Cumprimento Legal,
verifica o atendimento da legis-
lação nas áreas de concorrência,
consumidor, trabalhista, ambien-
tal, entre outras. Há que se notar
que optamos por fazer dois tipos
de questionários: um exclusivo
para o setor intermediário-finan-
ceiro e o outro para os demais se-
tores e esse instrumento apresen-
tará mudanças todo o ano.
AL:
O ISE tem algum meca-
nismo para evitar que uma com-
panhia dê respostas parciais e até
mentirosas aos quesitos?
RN:
Fizemos auditoria aleatória
nos questionários, mas todos os
dados factuais foram checados por
nós. Se apenas para ganhar pon-
tos uma empresa informou que
só tem ações ordinárias ou que
pratica uma boa política com os
acionistas minoritários, nesse caso
hipotético ela teria se dado mal,
pois tais dados foram conferidos
em nosso banco de informações.
Outros exemplos de checagens
que realizamos: reclamações no
Procon, existência de ações judi-
ciais, inquéritos na Comissão de
Valores Mobiliários, CVM, pro-
blemas na Fazenda, Ibama etc. O
que também anulou a possibili-
dade da mentira é que a condição
para avaliarmos os questionários
respondidos era que os mesmos
fossem assinados pelo DRI, o di-
retor de relações com os investido-
res, que informa à Bovespa tudo
o que se refere ao valor econômi-
co-financeiro da companhia, sob
pena de responsabilidade civil e
penal. Neste caso, o DRI assumiu
responsabilidade legal pela totali-
dade do que nos foi informado no
questionário.
AL:
E em caso de qualquer
das 28 empresas do ISE Bovespa
vir a se envolver em acidentes am-
bientais, provocar danos a con-
sumidores, ter problemas com a
saúde de seus trabalhadores ou
até estar associada a esquemas de
corrupção. Todas essas situações
chocam-se com os princípios da
sustentabilidade. A companhia
seria automaticamente excluída
do ISE Bovespa?
RN:
Em situações que alteram
significativamente os níveis de
sustentabilidade e responsabilida-
de social da companhia, o Con-
selho Deliberativo do ISE vai ser
imediatamente convocado para
avaliar a melhor solução aplicá-
vel ao caso concreto. Pode optar
por se colocar em estado de aler-
ta, observando o desdobramento
de fatos de menor gravidade ou
6
Acredito que, em cinco anos, especialmente
investidores ligados a fundações e fundos
éticos, não vão mais comprar papéis de
companhias que estejam de fora do ISE
Bovespa. Nesse campo, caminhamos para
uma verdadeira guerra de efeitos positivos
especialmente para o meio ambiente” .
ALL, Aracruz Celulose, Belgo Mineira, Bradesco, Banco do Brasil, Braskem, CCR Rodovias, Celesc, Cemig,
Cesp, Copel, Copesul, CPFL Energia, DASA, Eletrobrás, Eletropaulo, Embraer, Gol Linhas Aéreas, Iochpe-
Maxion, Itaubanco, Itausa, Natura, Perdigão, Suzano Bahia Sul Papel e Celulose, Tractebel Energia,
Unibanco, Votorantim Celulose e Papel e Weg. Saiba mais em