ambiente legal
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som de arromba do grupo só foi
possível porque consumiu ener-
gia equivalente a de 300 aparta-
mentos.
Cumprimos todas as me-
didas de segurança, mas o som
dos Rolling Stones é o som dos
Rolling Stones. Era uma ques-
tão de sensibilidade”, disse Ana
Maria Maia, subsecretária es-
pecial de eventos da prefeitura
do Rio em entrevista ao portal
UOL para justificar o atropelo
no ouvido alheio.
Emprego e lucro
No Rio,
o show dos Rolling Stones em-
pregou 1500 pessoas na monta-
gem de equipamentos e palco e
2700
na segurança. Um público
de cerca de 1,3 milhão de pesso-
as movimentou o comércio e lo-
tou bares, restaurantes e hotéis
da Cidade Maravilhosa.
Já o setor de feiras é um dos
segmentos que mais tem cresci-
do na cidade de São Paulo. O
trânsito praticamente pára nas
redondezas dos espaços que
abrigam eventos como a Fei-
ra do Automóvel, o São Paulo
Fashion Week e a Bienal do Li-
vro.
Armando Arruda Pereira
Campos, superintendente da
União Brasileira dos Promoto-
res de Feiras (UBRAFE) fala so-
bre o potencial de crescimento
do setor. “Anualmente, as feiras
de negócios em São Paulo ge-
ram cerca de 140 mil empregos
diretos e indiretos. São hotéis,
restaurantes, lojas, táxis, com-
panhias aéreas e outros negó-
cios que faturam muito”, diz.
Segundo Campos, no país, as
feiras movimentam cerca de R$
3,2
bilhões por ano, e 80% des-
sa cifra é abocanhada por São
Paulo.
Trânsito barrado
Ou-
tro ingrediente explosivo des-
sa complicada convivência é o
direito de ir e vir. “O acesso às
casas fica prejudicado. Tem mo-
rador que não consegue chegar
em sua própria residência. Se
fica doente ou tem de socorrer
alguém, não consegue por causa
do congestionamento e tumulto
de pessoas”, reclama o vice-pre-
sidente do Conselho Comuni-
tário da Região de Santana-Tu-
curuvi.
A Companhia de Engenha-
ria de Tráfego (CET), respon-
sável para que essa situação não
ocorra na prática, não atendeu
nenhuma das solicitações de
nossa reportagem. Sua assessoria
de imprensa apenas informou
que não comentaria o assunto
ou qualquer outro aspecto da
questão.
O comandante do 2º Bata-
lhão de Policiamento de Cho-
que da Polícia Militar, tenente-
coronel Luis Fernando Tarifa
Serpa, explica que a corporação
cuida da organização, controle
e ingresso de pessoas nos está-
dios e faz a revista pessoal. “O
policiamento na área externa é
dividido com o policiamento
local. Participamos de reuniões
com a prefeitura, Guarda Civil
e Companhia de Engenharia de
Tráfego a fim de minimizar pro-
blemas de toda ordem, sempre
agravados nos shows”, esclarece
o comandante.
Conviver é preciso
-
A pro-
dutora Sunshine, uma das líde-
res do mercado, procura aplicar
a fórmula do diálogo para ga-
rantir seu negócio. “Acredita-
mos que espetáculos, como os
shows musicais, somam valor
para o cotidiano das comunida-
des. Com organização, respon-
sabilidade e planejamento, po-
dem ser realizados sem que haja
problemas para a população lo-
cal e o meio ambiente”, disse a
diretoria da empresa.
A Sunshine realiza mega-
eventos, como o Réveillon na
Paulista e o Criança Esperança.
Segundo informou, a empresa
procura manter entendimento
prévio com a população. “Es-
tabelecemos um compromisso
entre as partes envolvidas e des-
de a elaboração de um projeto
temos como meta o bom con-
vívio com a população”, concluí
a nota da diretoria da Sunshine.
O entendimento entre mo-
radores e organizadores de even-
tos nem sempre é fácil, mas não
resta dúvida: esse é um exercí-
cio de diálogo absolutamente
necessário. Afinal, o show não
pode parar.
Benetollo: uso da via pública é ilegal
para shows
Tumulto incomoda Farah