ambiente legal
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Será que toda a inteligência
acadêmica mundial é incapaz
de pensar em um MDL para
aliviar a pobreza?
lexchange.com.br). Verão que se todos tiverem um
consumo parecido com o seu, necessitaremos, no
mínimo, de quatro planetas Terra para absorvê-los.
Precisamos reconstruir o modelo criado pelas
Nações Unidas e agências multilaterais. O mundo
mudou demais nos últimos 60 anos e perpetua-
mos um sistema financeiro arcaico e paquiderme.
É sabido que quase 30% dos empréstimos contra-
ídos pelos países-membros do sistema financeiro
internacional vão para a corrupção e não atingem
o seu devido fim, que seriam os projetos de desen-
volvimento e o alívio da pobreza.
Sabe-se, também, que se muitos países não
tivessem contraído dívidas com bancos regionais
ou mundiais de desenvolvimento, estariam em
melhores condições atualmente, pois pesam so-
bre eles dois grandes fardos: o da dívida contraída
acrescida dos respectivos juros e os projetos não
desenvolvidos. Todos sabem disso. Só falta apare-
cer um Jefferson e dois publicitários para revelar!
Os governos não são mais soluções. Ao con-
trário, são “sinks” ou drenos de investimentos.
Talvez o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill
Clinton, tenha mesmo razão ao afirmar que o
fenômeno da consolidação das ONG’s pode ser
uma das soluções para o alívio da pobreza mun-
dial. Clinton afirma também que, mesmo em
um país com governança pouco efetiva, quando
uma rede de ONG’s se estabelece, o seu trabalho
pode salvar muitas vidas, propiciar abertura de
empresas e promover o desenvolvimento.
Será que toda a inteligência acadêmica mun-
dial é incapaz de pensar em um MDL para aliviar
a pobreza? É tão difícil pensar que se poderia in-
vestir em nações onde cada dólar teria um efeito
multiplicador altíssimo para reduzir a tempera-
tura da Terra, aliviando a pobreza? Ou será que
os intelectuais continuarão fechando seus olhos
e pensando que o futuro que lhes caberá será sua
exclusão do mundo social e o confinamento que
lhes permita pensar confortavelmente? Será que
sua aspiração não será por um mundo virtual, li-
vre das imagens e dos cenários desoladores que
vivenciamos atualmente?
Caso cada um cumpra a premissa básica da
Clinton Global Initiative (CGI), de sair com uma
lista de tarefas para aliviar a pobreza, quantos po-
bres conseguiremos transformar? Essa seria a prin-
cipal meta real do milênio: a capacidade individu-
al de abdicar do consumo e aliviar a pobreza. A
conta parece complexa para as mentes brilhantes,
porém, pode ser simples e indolor. Bastaria que
todas as pessoas que voam de avião doassem suas
milhas para um projeto de alívio da pobreza.
Sabe-se que, hoje, o valor nominal das milhas é
equivalente ao capital em uso no planeta, ou seja,
cerca de US$ 900 bilhões, uma soma suficiente para
melhorar a qualidade de vida neste mundo, sem
passar pelas agências multilaterais obviamente! Ade-
mais, deixar de usufruir as milhas obtidas não é de
todo mau, em face do risco que a aviação nos tem
imposto. Vale a pena tentar! Quem abre a conta?
Bastou Harvard pensar na
forma de traduzir a poluição
atmosférica em ganhos de
derivativos financeiros que
o mundo todo se envolveu
na questão de Quioto e do
tão falado Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo.