Revista Ambiente Legal
C a r t a s n a Me s a
A Petrobras anunciou que
construirá pelo menos três usinas
de regaseificação de Gás Natural
Liquefeito (GNL) como principal
alternativa ao gás natural bolivia-
no. Segundo o diretor financeiro
da companhia, Almir Barbassa,
estão sendo estudados os locais
mais adequados para instalar as
usinas, que exigirão, cada qual,
um investimento de 100 a 300
milhões de dólares. Essas insta-
lações teriam uma capacidade de
processamento de cinco a oito
milhões de metros cúbicos por
dia.
Por sua vez, Gabrielli infor-
mou que a estatal concluiu o de-
senvolvimento de uma tecnologia,
pioneira no mundo, denominada
H-Bio, para a produção de óleo
diesel vegetal, obtido a partir de
sementes como a do óleo de soja,
da mamona e da palma. O novo
produto será adicionado inicial-
mente em um percentual de 10%
ao óleo diesel vegetal, reduzindo
a dependência brasileira do diesel
mineral, importado em até 250
mil metros cúbicos por dia. O H-
Bio já vem sendo testado na refi-
naria Gabriel Passos (Regap), em
Betim, Minas Gerais.
É uma quebra de paradigma
tecnológico, um avanço extrema-
mente importante, porque intro-
duz o óleo vegetal no processo
de refino”, avalia José Sérgio Ga-
brielli, presidente da Petrobras.
Segundo Gabrielli, o óleo die-
sel produzido por meio do pro-
cesso H-Bio tem características de
um diesel mineral normal, mas
é de melhor qualidade, pois tem
mais cetano e menor teor de en-
xofre, substância poluente.
O Ministério da Agricultura-
divulgou que as três refinarias da
empresa que passarão a adotar o
processo de produção do H-Bio,
a partir do ano que vem, em Mi-
nas Gerais, Paraná e Rio Grande
do Sul, deverão demandar o uso
de cerca de 1,2 milhão de tonela-
das de soja.
Técnicos da Petrobras têm
afirmado que o H-Bio não é um
combustível que vai concorrer
com o biodiesel, uma vez que eles
se complementarão na cadeia lo-
gística de distribuição de deriva-
dos no País.
Por fim, o governo também
revelou que a Petrobras está con-
cluindo testes para permitir que as
usinas termelétricas, desenhadas
para trabalhar com gás natural,
possam utilizar também o álcool,
o Gás Liquefeito de Petróleo (gás
de cozinha) ou o Gás Natural Li-
quefeito em suas turbinas.
Petrobras: ordem é diversificar
e 1-ESS-130). A companhia pre-
tende, ainda, aumentar a oferta
de gás do campo de Marlim, na
Bacia de Campos (RJ), e ampliar a
produção em torno do campo de
Merluza, na Bacia de Santos (SP).
O Brasil seguramente tem to-
das as condições de produzir gás
natural para atender plenamente
à demanda interna, mas desde
que invista pesado nas reservas
da bacia de Santos, por exemplo,
que têm aproximadamente 400
bilhões de m³ de gás e podem
produzir 70 milhões de m³/dia,
que atenderiam satisfatoriamen-
te às regiões Sudeste e Sul, que,
juntas, consomem cerca de 19
milhões de m³ de gás natural
por dia. Por sua vez, a bacia de
Campos tem reservas com 160
bilhões de m³ de gás natural. A
reserva do Espírito Santo tem
mais 150 bilhões de m³ de gás.
Vale lembrar que o Brasil im-
porta atualmente cerca de 50%
do gás natural que consome –
em torno de 45 milhões de me-
tros cúbicos/dia. Os especialistas
estimam que o País vai depender
de importações por, no mínimo,
mais uma década, já que entre a
descoberta de um campo de ex-
ploração e sua efetiva operação
há um período de desenvolvi-
mento e construção que leva en-
tre sete e dez anos.
Desfecho esperado - Lula
tem afirmado que a nacionali-
zação das reservas do gás natu-
ral boliviano obrigou o Brasil a
adotar medidas “arrojadas” na
área energética. “Nós resolvemos
trabalhar de forma mais arrojada
para apresentar à sociedade bra-
sileira a tranqüilidade de que ela
precisa para não ficar correndo
risco de faltar energia nesse país,
como faltou em 2001, com o
apagão”, discursou o presidente.
Esse, pelo menos, é o desfe-
cho que a sociedade brasileira es-
pera assistir ao final desse novelão
entre hermanos no muy amigos.
Gabrielli: quebra de paradigma com H-Bio.
Antonio Cruz/ABr
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