ambiente legal
Pá g i n a s Ve r d e s
processo sem volta. A globaliza-
ção tem um enorme potencial
para facilitar a comunicação e
a disseminação de conhecimen-
tos importantes sobre o uso dos
recursos do planeta. Mas como
toda mudança de paradigma,
esta também precisa ser geren-
ciada com cuidado. Por exem-
plo: é evidente que países como
Polônia e Gana estão em está-
gios diferentes de desenvolvi-
mento, sendo necessária uma
velocidade diferente de absorção
para cada uma das reformas im-
postas pela globalização. Nesse
quadro, a obtenção de recursos
estrangeiros deve ser estimulada
apenas se a entrada desse capi-
tal for importante para desen-
volver o país. E o empresário
ou organização internacional
responsável por projetos de in-
vestimento tem tripla responsa-
bilidade: perante a sociedade
local, seus acionistas e a comuni-
dade internacional. Finalmente,
vejo omercado de carbono como
uma das alternativas para o de-
senvolvimento sustentável, mas
não é a única. Principalmente nos
Estados Unidos e Europa, esse
mercado terá limites e, mais
cedo ou mais tarde, a redução de
emissões deverá ser encarada de
frente. O mesmo com relação à
troca de dívida por preservação de
florestas tropicais. Pode ser estimu-
lada, mas aqui também haverá
limites. Os países devem preservar
independentemente do estimulo à
redução de sua dívida externa. Os
dividendos ambientais serão ainda
maiores sem as amarras de tal me-
canismo.
Como o senhor avalia o trato
das questões ambientais no Brasil?
A evolução da proteção am-
biental no Brasil tem sido formi-
dável. Entendo que o momento
atual é para consolidarmos con-
quistas e instrumentos impor-
tantes dos últimos 30 anos e
aprimorar o arcabouço legal e
institucional que temos. Por
exemplo: seria interessantíssimo
aproveitarmos o 25º aniversário
da Lei de Politica Nacional do
Meio Ambiente para repensar-
mos para onde queremos ir nesta
área estratégica para a concretiza-
ção dos princípios e diretrizes do
desenvolvimento sustentável nos
próximos anos.
O posicionamento e argu-
mentos usados por governos,
sociedade civil organizada, em-
presas, instituições financeiras,
academia etc., muitas vezes são
divergentes quanto ao melhor
encaminhamento das questões
socioambientais. O que fazer
com esse “ruído” no diálogo?
Sou da opinião que os argumen-
tos utilizados pelos respectivos
setores devem ser respeitados.
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O que não pode ocorrer é nos
fecharmos para o diálogo. De-
veríamos procurar levar o debate
ambiental para as ruas e solicitar
a participação da sociedade nos
rumos de uma renovada política
ambiental em todos os cantos
do planeta. Ainda hoje, per-
cebo um vago interesse quando
pergunto ao cidadão comum
sobre questões pertinentes ao
meio ambiente. Mas quando
conversamos sobre a falta de
esgoto tratado, doenças respira-
tórias, preço do petróleo etc., a
atenção aumenta. É importante
promover e sempre assegurar o
diálogo, mas segundo um for-
mato adequado para a audiên-
cia-alvo para evitar, ao máximo,
ruídos nessa comunicação.
O que o senhor recomenda
ler para aprimorar o olhar, a
reflexão, a forma de agir no es-
paço social?
O trabalho de Robert Wright,
O Animal Moral, livro já tra-
duzido para o português, trata
da evolução sócio-biologica do
homem e é impressionante.
Thomas Friedman, com suas
várias obras sobre o tema globa-
lização, é sempre interessante de
ler. Entre os autores brasileiros,
gosto especialmente dos escritos
de Lya Luft e dos policiais de
Rubem Fonseca. Gosto de ter
uma leitura sempre variada.
No Brasil, seria importante
aproveitarmos o 25º aniversário da Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente para
repensarmos para onde queremos ir nesta
área estratégica para a concretização dos
princípios e diretrizes do desenvolvimento
sustentável nos próximos anos.