junho a agosto de 2002
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venientes da indústria de medicamen-
tos, e outro para os resíduos das
zoonoses. Com isso, o circuito técni-
co para tratamento de resíduos de
serviços de saúde noMunicípio de São
Paulo estará a caminho de ser bem re-
solvido.
Ele ressalva, porém, que é preciso
caminhar para o “refinamento” do es-
tágio atual. É preciso incentivar a im-
plantação de Programas de Gestão In-
terna de Resíduos nos hospitais, labo-
ratórios e outras grandes unidades de
serviços de saúde. Para isso é
necessária ação mais efetiva do poder
público (meio ambiente e saúde) jun-
to aos grandes geradores. Na medida
que estes façam a segregação dos
resíduos contaminantes, promovendo
a coleta seletiva, haverá uma sensível
diminuição na quantidade de resíduos
infectados para tratamento, o que é um
passo extraordinário para resolver o
problema.
Edson Rodriguez constata, preo-
cupado, a situação do resto do País.
Ele traz informação alarmante: não
existe tratamento adequado de resí-
duos hospitalares em capitais como
Rio de Janeiro, Florianópolis e Curiti-
ba. Em Porto Alegre, no Rio Grande
do Sul, os pequenos incineradores
existentes estão sendo desativados
porque são inadequados. Em Brasília,
onde existia um incinerador que está
sendo desativado, será realizada
licitação para contratar novo sistema
de tratamento. Em Minas Gerais, ou-
tro Estado onde as coisas começam a
andar bem, existem unidades hospi-
talares que estão obtendo certificação
ambiental.Antonio Fernando Pinheiro
Pedro defende que a correta destinação
do lixo hospitalar deve integrar todo e
qualquer programa de qualidade ge-
rencial do setor, não podendo limitar-
se à segregação e ao descarte rotineiro,
nominal, sem um efetivo comprome-
timento da unidade geradora com o
processamento e destino final dos
resíduos. Ou seja, é preciso mudar a
mentalidade dos empresários, o que
significa que há um longo caminho a
percorrer.
quela premissa ambiental de fazer
bem feito logo da primeira vez
parece nortear as ações institucionais
Um exemplo a seguir
América
-
será o grande passo para o apri-
moramento da gestão ambiental do labo-
ratório. Isso e a reciclagem são as saídas,
pois vão minimizar o volume de resíduos
hoje coletados e tratados como resíduos
contaminantes e que, na verdade, são
resíduos comuns, que podem ser destina-
dos para a coleta seletiva: papel, papelão,
plásticos, alumínio, entre outros.Além dis-
so, haverá ganhos econômicos, pondera o
gestor ambiental. Ele explica que hoje o
total de resíduos coletados diariamente no
laboratório monta a uma tonelada, sendo
680
litros destinados para o pré-tratamento
por esterilização na unidade de Autoclave,
como resíduos infectantes. Com a segre-
gação, a quantidade de resíduos para trata-
mento certamente vai diminuir muito, ge-
rando economia na energia consumida
pela unidade de esterilização. Papel, plás-
tico e papelão poderão ser encaminhados
para unidades de reciclagem ou para pro-
jetos filantrópicos voltados para comu-
nidades carentes, lembra Edivaldo,
apontando outras vantagens comparativas
para o projeto que desenvolve.
O biólogo responsável pela gestão
ambiental do laboratório explica que, no
caso dos resíduos de serviços de saúde,
historicamente ocorreu um excesso de
zelo na sua conceituação. Por segurança
extremada, os hospitais e serviços de saúde
em geral passaram a destinar, para trata-
mento como contaminantes, resíduos que
não tiveram qualquer contato com mate-
rial contaminado. É de se ponderar
que esta postura um tanto negligente dos
geradores de um modo geral se deve ao
fato de as prefeituras não cobrarem pela
coleta e destino final dos resíduos infec-
tantes. Desse modo, não importa se o que
está sendo destinado é um quilo ou 200.
Mas o fato é que, ao juntar resíduos infec-
tantes com outros que não o são, promove-
se a multiplicação do resíduo infectado e
aumentam-se os potenciais problemas am-
bientais e os custos para coleta, tratamen-
to e disposição final dos resíduos. É de se
pensar nisso, principalmente porque o Bra-
sil é um país com enormes dificuldades
sociais, econômicas e ambientais.
Por fim, Edivaldo Rotondaro observa
que, para que o assunto seja melhor equa-
cionado no Brasil, é necessário que seja
feita a edição de uma legislação única que
não tenha necessidade de ser referenciada
a outras legislações ou normas técnicas.
Isso, na sua opinião, atrapalha e confunde.
Para Marcelo Viecili, diretor técnico
da Diagnósticos da América, “fornecer
diagnósticos que cada vez mais demons-
trem o
status
da saúde de nossos clientes,
com ações que estão focadas para o bem
estar social, é o enfoque filosófico da nos-
sa empresa. Acreditamos que o desen-
volvimento nesta área é estratégico para
o reconhecimento de pioneirismo e lide-
rança”.
Na área ambiental, Viecili faz questão
de mencionar duas conquistas: a adesão
dos colaboradores internos e o interesse
despertado pelo Programa de Gestão Am-
biental dos Resíduos da Diagnósticos da
América em outras empresas de saúde. E
diz que o trabalho não para por aí. Conta
que está em andamento um projeto piloto
chamado “Tijolo Reciclável”, que consiste
na trituração e compactação do lixo, mis-
turado com concreto e resinas impermea-
bilizantes, para utilização em contrapisos,
por exemplo. Antes que alguém desavisa-
do fique assustado com a possibilidade
da utilização de resíduos contaminantes
na construção civil, Viecili explica que
não há risco nenhum, porque as resinas
impermeabilizantes encapsulam o resí-
duo, neutralizando seus efeitos contami-
nantes.
na área ambiental do laboratório de aná-
lises clínicas
DA – Diagnósticos da
América,
que compreende as marcas Del-
boni-Auriemo e Lavoisier, em São Paulo,
e Bronstein e Lâmina, no Rio de Janeiro.
Sem alarde, o laboratório está avançando
na busca de soluções técnicas para a cole-
ta, tratamento e destino final de seus
resíduos infectantes. Responsável pelo
processamento de alguns milhares de exa-
mes diariamente, resultantes das mais de
40
unidades espalhadas pelo Estado de São
Paulo, o Laboratório está promovendo o
refinamento” de seu Sistema de Gestão
dos Resíduos.
Em breve estará fazendo a coleta se-
letiva dos resíduos, tanto na plataforma de
serviços de análises laboratoriais, quanto
em toda área administrativa da empresa
situada em Alphaville, no município de
Barueri, na Grande São Paulo, e nas uni-
dades de captação de amostras espalhadas
pelo Estado.
Edivaldo Elias Rotondaro, biólogo pela
UniABC, pós-graduado em Controle da
PoluiçãoAmbiental pela FAAP e “mestran-
do” em tecnologia ambiental pelo IPT,
destaca um dos aspectos que consi-
dera como principal nesse trabalho: a cons-
cientização dos funcionários da empresa
para que estes promovam a segregação ade-
quada dos resíduos. Ele diz também que,
como a alta direção da empresa possui “boa
visão ambiental” e apoia suas iniciativas,
vem obtendo sucesso na implantação do
programa de gestão ambiental dos resí-
duos do laboratório.
Na opinião de Edivaldo Rotondaro, a
segregação dos resíduos - que será efetiva-
da em breve na unidade central de análi-
ses clínicas da
DA Diagnósticos da
A