setembro a novembro de 2002
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massa como promissores para o esta-
belecimento de parcerias entre empre-
sas alemãs e brasileiras, pois a Ale-
manha investiu muito nessas áreas em
virtude do prazo de 15 anos que o País
tem para desativar o seu parque de
energia nuclear.
Sobre o aquecimento dos negócios,
Ricardo Rose destaca que parcerias
não são firmadas de uma hora para
outra. O trabalho é longo e requer
cuidados. O ponto de partida é a co-
municação entre empresas brasileiras
e alemãs. É preciso que ambas conhe-
çam o linguajar, entendam a menta-
lidade dos países parceiros e também
tenham muito claro quais são os obje-
tivos a serem alcançados no país onde
estão investindo. Finalmente, a per-
sistência é imperiosa. Questões buro-
cráticas, por exemplo, não considera
que sejam empecilhos, porque uma
empresa alemã que se associa a uma
brasileira sabe que a sua parceira
conhece os entraves burocráticos para
montar um negócio
e os caminhos para
resolvê-los.
Ricardo Rose
informa que, para
as empresas alemãs
instaladas no Bra-
sil, a questão am-
biental é impor-
tantíssima para
seus negócios, as-
sim como já incor-
poram a questão da
responsabilidade
social. Não existe
mais aquela estória
de instalar uma
planta industrial
nos países em de-
s envo l v imen t o ,
para, com isso, não
observar os mes-
mos cuidados am-
bientais exigidos
pelas autoridades
dos países onde estão instaladas suas
sedes. Essa afirmação poderá ser con-
ferida em uma publicação da Câmara,
que mostrará o resultado de uma pes-
quisa realizada com mais de mil em-
presas alemãs instaladas no Brasil,
principalmente do setor industrial.
Rodadas de negócios, seminários,
cursos e viagens técnicas com visitas
a feiras e segmentos empresariais es-
pecíficos são algumas ferramentas
que a Câmara de Comércio Brasil e
Alemanha vem disponibilizando para
empresários dos dois países, no senti-
do de conhecerem melhor a realidade
de cada um, para que tenham
condições de implantar seus negócios
com mais segurança. Ele lembra que
o trabalho da Câmara é de mão dupla,
ou seja, ao mesmo tempo que fomen-
ta a entrada de empresas, produtos e
tecnologias alemãs no Brasil, também
promove ações visando auxiliar em-
presas brasileiras que desejam fazer
negócios com empresas naAlemanha.
Grandes Lagos
Os interesses de empresas dos Es-
tados Unidos no Brasil são represen-
tados por mais de uma instituição. Os
Estados de Indiana, Nova York, Ohio
e Wisconsin, quatro dos oito Estados
americanos e duas províncias ca-
nadenses que compõem a chamada
Região dos Grandes Lagos, são repre-
sentados pelo Escritório do Conselho
de Governadores dos Grandes Lagos.
Para se ter uma idéia da importância
econômica da Região, caso fosse um
País, seria a ter-
ceira maior eco-
nomia do Mun-
do, perdendo
apenas para o
Estados Unidos e
no Japão. O Es-
critório do Con-
selho de Gover-
nadores
dos
Grandes Lagos é
dirigido pelo ad-
vogado brasileiro
José de Almeida
Maciel Neto.
O papel desse
escritório é dar
assessoria para as
empresas ameri-
canas que dese-
jam fazer negó-
cios no Brasil,
explica José de
Almeida. Embo-
ra não haja uma
divisão específica para projetos am-
bientais, o diretor lembra que são
muitos os interesses dos americanos
no Brasil . “São muitas empresas que
desejam oferecer tecnologia para trata-
mento de resíduos, reciclagem do mer-
cúrio das lâmpadas fluorescentes, e, é
claro, na área de recursos hídricos,
onde estes Estados Americanos pos-
suem grande especialização, em vir-
tude de lá estar a maior reserva espe-
cífica de água doce do mundo”.A lem-
brança para o segmento de recursos
hídricos se deve também ao advento,
no Brasil, da Lei Nacional da Política
dos Recursos Hídricos. Com as con-
seqüentes demandas que o assunto vai
proporcionar, visando a gestão técni-
ca dos recursos hídricos e a cobrança
pelo uso da água, fatores que certa-
mente serão responsáveis pelo aque-
cimento dos negócios ambientais, José
de Almeida considera que este é um
mercado dos mais promissores e que
os americanos têmmuito interesse em
colaborar com o Brasil, no sentido de
proteger os recursos hídricos bra-
sileiros.
Da mesma forma que uma Câma-
ra de Negócios, o Escritório também
atua no sentido de dar instrumentos
adequados para que os empresários
americanos possam fazer seus negó-
cios no Brasil. São cursos e seminá-
rios, assistência e acompanhamento
das negociações.
Câmara Americana
A Câmara de Comércio Brasil Es-
tados Unidos, por sua vez, tem seu
foco de atuação voltado para auxiliar
empresas brasileiras que desejam ex-
portar para os Estados Unidos. A in-
formação é de Francisco Prado,
responsável pela promoção das expor-
tações brasileiras para aquele país.
E, no caso particular da área am-
biental, o representante da Câmara
Americana de Comércio informa que
existe um mercado potencial a ser ex-
plorado. Ele dá o exemplo de uma
empresa brasileira especializada em
tratamento e recuperação de solos con-
taminados, que já está com seu proje-
to de ingresso nos Estados Unidos
bastante desenvolvido. Francisco Pra-
do pondera que, embora existam em-
presas americanas com tecnologias se-
melhantes, esse é um bom exemplo de
que o mercado americano está aberto
e, se bem trabalhado, pode ser pro-
missor.
Em outro setor, o moveleiro, que
apresenta um viés ambiental bastante
destacado, Francisco Prado revela que
a adoção do “selo de madeira planta-
da para fins industriais” não tem sido
exigida pela indústria de móveis dos
Estados Unidos. Ressalta que, embo-
ra esta preocupação do setor moveleiro
brasileiro esteja presente em suas
ações de exportação, o fato é que
o Brasil já possui uma consciência
ambiental muito grande e, em alguns
aspectos, até mais avançada do que a
observada nos Estados Unidos. Nesse
ponto não é possível deixar de men-
cionar a política de florestas do atual
presidente dos Estados Unidos e sua
Grandes Lagos
âmara Americana
Ricardo Rose:
“Trabalho longo que requer
cuidados.”