Ou como a grande imprensa cometeu suicídio moral e sucumbiu à mediocridade militante
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
“Na guerra, a verdade é a primeira vítima.” ― Ésquilo
Este artigo busca analisar todo o quadro da crise de credibilidade, da perda de qualidade, a decadência profissional do jornalismo e sua vinculação com a degradação da chamada grande imprensa.
Assim, peço ao leitor paciencia e concentração, para seguirmos juntos na exploração de todo o quadro em que o fenômeno está inserido.
A mediocridade total
Há uma clara polarização no ambiente político brasileiro. Essa polarização de forma alguma é simétrica e muito menos um fenômeno local.
Sofremos um processo corrosivo de transvaloração e destruição dos fundamentos filosóficos, morais e religiosos judaico-cristãos da sociedade. Essa degradação implica na relativização da verdade, na censura dos discordantes, na implosão da moral, na substituição da tolerância pela permissividade e no combate à liberdade de expressão, como forma de proteger um viés “politicamente correto” – absolutamente orwelliano.
Essa “destruição criativa” ocorre paripassu com a concentração econômico-financeira em mãos de um conjunto de seres que vêem a Soberania Popular como obstáculo à “segurança” dos seus investimentos e, assim, “modulam” um novo conceito de “democracia controlada”, regulada por ferramentas descompromissadas com mandatos populares.
A esse conjunto concentrador de poderes, dá-se o nome de establishment.
O establishment – sistema composto dos elementos que tudo fazem para que nada mude, é o componente econômico concentrador e politicamente ativo, que manipula e perverte o sistema de governança que lhe serve. Seus agentes implementam o aparelhamento e a transformação de regimes juristocráticos, grupos identitários, segmentos corporativistas, meios de comunicação e organismos multilaterais… em agências de propagação de agendas globalistas (algo bem diverso do cosmopolitismo inerente à globalização). *
Nesse processo, o raciocínio crítico dá lugar à tirania dos consensos enviesados, sem noção moral do que é justo, certo e errado.
A tolerância, o senso comum e o pluralismo de ideias são cancelados. Os grandes “alvos” desse belicismo institucional serão a unidade familiar como base social, o conceito absoluto de mérito e a livre iniciativa.
A morte da informação
Nesse ambiente contaminado e assimétrico, a censura disssimulada impera, e a censura explícita ganha bases paradoxais.
A guerra de narrativas esmaga a verdade e a liberdade de expressão desaparece. Surge, no lugar, a narrativa “judicializada”, o fato fagocitado pelo proselitismo.
O ambiente conflituoso reduz a razão a raciocínios toscos, e a inteligência instigante cede espaço à mediocridade militante.A verdade desaparece no poço dos interesses descartáveis. Torna-se uma relíquia atribuída à “teimosia conservadora”.
Pensar criticamente vira algo perigoso no ambiente de conflitos híbridos que nos envolve. Por outro lado, o contexto medíocre projeta lideranças rasas e cobre, com o manto da censura, o espelho da realidade.
A informação e o dever de informar – objeto e razão da liberdade de imprensa, cedem espaço à versão e ao “dever de filtrar” o que deve ou não ser informado… e como.
A vítima é o jornalismo
Nessa guerra de narrativas, a informação sucumbe. Por sua vez, o cidadão comum – cuja inteligência é subestimada no processo, busca refúgio nas redes sociais.
As redes sociais ganham espaço como meio de reação e rejeição à hegemonia do medíocre padrão de narrativas, imposto pelo establishment .
A grande vítima da degradação informacional, portanto, é o próprio jornalismo, a grande imprensa e suas mídias agregadas.
Esse processo – denominado como “globalismo progressista”, fabrica polarizações e constrói “inimigos” de valores cuja terminologia trata de sequestrar.
A submissão medíocre a esse processo de “fagocitação dos fatos e depuração informacional” destrói a credibilidade do profissional de comunicação, desvaloriza o meio jornalístico, descredibiliza a mensagem, degrada a qualidade da comunicação, obstrui o conhecimento dos fatos, elimina a liberdade de expressão e oprime a opinião independente.
É nesse quadro que, compreender a decadência estrutural e humana da grande imprensa, torna-se fundamental. Seja para entender o método globalista de sequestrar a terminologia dos valores que pretende destruir, seja para compreender o que o progressismo hegemônico na imprensa decadente pretende “ressignificar” – ou seja, os males que quer implementar.
Avaliar riscos e bem proceder à defesa da liberdade e da democracia torna-se, portanto, essencial.
A mensagem e a mídia
“O meio é a mensagem”.
A expressão emblemática de Marshall McLuhan define a mídia, não como meio de transmissão mas, sim, como a própria expressão do ser humano em sociedade.
A evolução tecnológica dos suportes midiáticos fundiu meio e conteúdo; gerou enorme impacto na forma de pensar, agir e reagir do indivíduo – transmissor e receptor da informação. McLuhan definiu a transformação do meio como determinante em relação ao próprio conteúdo ¹. Ou seja, somos afetados por um determinismo tecnológico capaz de alterar o mecanismo de cognição – a compreensão da informação que recebemos.
Podemos, nesse contexto, entender o quanto uma mídia doentia contamina e adoece a sociedade que dela se alimenta de informações. A propósito, informa o professor Paulo Serra² que preocupar-se com o conteúdo e os “efeitos” da mensagem, ignorando o meio que a veiculou, equivale a preocupar-se com a “doença” e esquecer do doente.
A disfunção midiática, portanto, sinaliza a agonia de um sistema de governança que, a pretexto de tutelar a “democracia”… trata agora de desconstruí-la.
Disso resulta que a mediocridade torna-se a própria mensagem.
A grande mídia tupiniquim reflete, hoje, toda essa pobreza de valores que contamina o Brasil. Ela reflete, nas linhas e entrelinhas, o regime tragicômico que hoje aparelha o Estado brasileiro.
Mídia de micos
A velocidade do ciberespaço conferere possibilidade do indivíduo comun se expressar. Também permite que o cidadão se informe por meio das redes sociais e interaja nos grupos de discussão em aplicativos de intercomunicação.
A “informação possível”, praticada pela paquidérmica grande imprensa, nesse novo quadro, revela-se tutelada e manipulada, excretada por profissionais subservientes, reféns do establishment.
Meios de comunicação e conhecidos profissionais, antes respeitados, no quadro tecnológico atual de livre troca de idéias e expressões, transparecem sua função primeva de transmitir “pós verdades” e reduzir a pó o exercício da crítica jornalística.
Ao misturar opinião editorial com a transmissão do fato… a mídia mainstream aboliu o compromisso com a informação.
Como resultado desse ambiente degradante, jornalistas tornam-se “Micos de redação”. Dançam conforme a música do realejo tocado pelo establishment.
Desprovida de valores e submissa ao establishment, a mídia mainstream omite, dissimula, difama, refaz biografias, intimida, desacredita, acusa, assedia e reprime; degrada a liberdade de expressão para castrar a democracia… sempre a pretexto de salvá-la.
A caneta esquerdizante
O “progressismo“, ditado pela cultura de “mitigação cultural” adotado pelo establishment, usa do linguajar esquerdista como apanágio de um sistema cada vez mais concentrador de renda. Um paradoxo sem futuro.
O efeito dessa confusão é expressado por Lech Valesa, histórico líder polonês:
“é fácil introduzir um regime esquerdista: basta por um aquário no fogo… e servir o ‘ensopado de peixe e vegetais’ resultante da fervura. Duro será a tarefa de recompor o aquário a partir do ensopado…”
O processo de desintoxicação do jornalismo atual, portanto, não é e não será fácil.
A síndrome das ideias toscas, pretensamente “progressistas”, foi inoculada como vírus no jornalismo profissional mantido pela grande mídia.
Não se trata de um surto de idiotas – é uma doença cultural crônica, invasiva, que vem deteriorando a própria cultura ocidental e, por consequência, a saúde da imprensa há décadas.
Analisemos esse processo:
Amestrados pelo bolso
Nas últimas cinco décadas concretizou-se uma firme dependência econômica dos veículos de mídia com o Estado e o grande capital.
Essa escolha – ditada pelas circunstâncias econômicas e por uma leitura distorcida do mercado, destruiu o compromisso da imprensa para com seu público.
A editoria foi redirecionada para atender o interesse do patrocínio – não mais à informação. Com isso, o sentido de “opinião pública” terminou distorcido.
Peter Drucker, grande mestre da ciência da Administração. Por experiência adquirida em anos de trabalho nas redações, alertou jornais americanos para o risco de abandonarem o foco do seu sustento na assinatura e na venda da edição, priorizando a publicidade paga como fonte de renda.
Drucker vaticinou que, dessa forma, o empresário mataria o negócio do jornalismo, corrompendo o jornalista e viciando o meio, tornando a editoria dependente dos factoides por encomenda.
A dependência do patrocínio, de fato, descomprometeu a mídia com o consumidor da notícia. Com isso, a credibilidade da informação desapareceu e “jornalismo independente” virou frase de efeito.
Foi o que ocorreu por aqui. Os principais meios de comunicação no Brasil, deixaram de “vender edições” para sobreviver de patrocínios – publicidade paga com gordas verbas de propaganda governamentais e de grandes empresas, quando não, de organizações filiadas a agendas globalistas.
Publicidade e engajamento editorial
Mas não há nada que esteja ruim… que não possa piorar.
As agências de propaganda e suas medíocres direções de mídia e conexões – verdadeiros dealers da droga do patrocínio, terminaram o serviço de destruição de toda uma geração de grandes órgãos de imprensa e seus jornalistas.
Grandes revistas de circulação nacional, com conteúdo denso ou crítico, tornaram-se “desinteressantes” para publicitários imediatistas, encantados com novas fórmulas de engajamento político-editorial.
A ideia deixou de ser a de aderir à informação; passou a ser a de adequá-la aos novos mecanismos de propaganda.
Editorias independentes foram, assim, preteridas nos “jabás“, para não comprometer marcas famosas com notícias “críticas”.
O fenômeno da mídia market das agências, direcionando verbas, destruiu meios de informação detentores de linha editorial definida, sem falar nos semanários do interior, jornais de bairro, diários das pequenas cidades e revistas setoriais – todos massacrados pela “cracolândia” midiática.
Na mesna linha, mini-goebels travestidos de secretários de comunicação e marqueteiros interessados em “calar a boca” de editores que não se subordinavam ao interesse de ocasião do governante, passaram a segregar a distribuição das gordas verbas públicas de propaganda. Consolidada a dependência, as concessões de rádio e televisão tomaram conta do horizonte “pré-engajado” da informação e, dessa forma, fizeram a agonizante mídia impressa desaparecer, em grande escala, nas duas últimas décadas do século XX.
“Populismo do Século 21”
No século 21, a máquina de destruir o mercado do jornalismo foi ampliada em escala industrial. No Brasil, o tucano-lulopetismo prestou-se a ser o grande instrumento dessa destruição, cooptando meios e profissionais por atacado.
Os governos Lula I e II, passaram a financiar “Blogs Sujos” (mantidos por partidos e governos), e prestigiar assessorias lobistas de imprensa (ou da imprensa lobista), no que se chamou de “jabá chapa-branca“.
Porém, o advento das grandes manifestações de 2013, que se prolongou nos anos que se seguiram, durante os escândalos estratosféricos de corrupção no período Dilma, somados aos embates havidos no ambiente político de transição no governo Temer, propiciaram um respiro e sensível renovação no ambiente jornalístico.
Surgiram novos atores e mídias – em especial nas infovias – graças, num primeiro momento, a uma internet livre de interferências paquidérmicas, provindas do judiciário tupiniquim.
Com a eleição de 2018, o populismo à direita tornou a estressar o ambiente de mídia, e a gestão Bolsonaro secou o “jabá chapa-branca” – permitindo grande proliferação de blogs críticos à grande imprensa, com impressionante adesão de seguidores.
A grande imprensa, em “crise de abstinência” renovou o jornalismo crítico, aderindo de vez ao chamado “marxismo cultural”. Com isso, encetou grande batalha contra o inquieto e inquietante “bolsonarismo”, buscando patrocínio nos grupos interessados na queda do líder escalafobético.
Essa opção custou caro. A grande imprensa rendeu-se incondicionalmente ao aparato financeiro-globalista europeu e norte americano (que sob domínio “democrata”, financiou de forma equivocada a esquerda da América Latina).
Hoje, a grande imprensa se ocupa de destruir soberanias, valores morais e o “conservadorismo” – este advindo das reações populares a ditaduras e governos esquerdistas, não raro articuladas por meio das redes sociais.
Todavia, é preciso reconhecer: toda essa confusão de orientações, e a forma de travar embates diretos com jornalistas e demais governantes nos eventos e entrevistas coletivas, possibilitou – para o bem e para o mal, a retomada de algum “esforço” de senso crítico no jornalismo da grande imprensa.
A “censura democrática”
O imbróglio populista, quando somado aos eventos da “pandemia” (a guerra sanitária conveniente ao globalismo), gerou oportunidade para o establishment iniciar uma “limpeza ideológica” nas redações, com a colaboração reativa e “ativista” de várias importantes editorias nacionais e, também, do suporte judiciário de uma Suprema Côrte infiltrada de esquerdistas e progressivamente engajada no ambiente político radicalizado – distorção teratológica para qualquer regime republicano.
Essa “limpeza” destruiu a liberdade de expressão e castrou o jornalismo na mídia mainstream… relegando a imprensa livre às bolhas de resistência refugiadas nas redes sociais que, por sua vez, passaram a concentrar toda a credibilidade do público leitor e espectador.
O processo de destruição da grande imprensa ocorreu paripassu com a supressão das liberdades no ambiente político brasileiro e a imposição da censura judicializada nas redes sociais.
Passadas as turbulentas eleições de 2022, o que se observa, no governo lulopopulista (ou “Lula III”), é o recrudescimento da censura, da prática do “cancelamento”, da judicialização do direito de manifestação e da “limpeza ideológica” do ambiente de comunicação.
O fenômeno é um experimento patrocinado pelo globalismo, como modelo para “democracias progressistas” no ocidente.
O combate ao “golpismo” é um grande pretexto. Instalou no Brasil uma tirania que gera terríveis consequências para a liberdade de imprensa, o direito de crítica e a manifestação cidadã.
E a sanha totalitária se intensifica, proporcionalmente à perda de qualidade da informação.
A reação popular também é evidente: a queda estratosférica da audiência televisiva e a absoluta apatia em face das ações “oficiais” da mídia mainstream.
A migração popular para a mídia digital, divulgada por redes sociais é, portanto, sintomática de uma reação.
Digitalização disruptiva
O impressionante encarecimento dos custos de produção, impressão e distribuição do material impresso, contribuiu para encerrar a era dos jornais e revistas – hoje reduzidos a poucas empresas – as quais tratam de decepar as mãos dos editores para seguir o que dita o patrocinador no plantão do poder.
Essa “regra” de submissão dita a exceção de um ou outro corajoso escrito, perdido nas páginas internas dos veículos.
Se o descompromisso editorial “libertou” o leitor da fidelidade para com o meio, a mídia digital, por sua vez, tratou de por a pá de cal no vínculo.
digitalização da mídia é disruptiva. Também contribuiu para a perda de qualidade do conteúdo dos grandes meios em prol da rapidez da circularização. A informação, nesse contexto, passa a ser buscada nas matérias postas em redes digitais e recortes em podcasts multimídia.A redução no tamanho dos textos e artigos é diretamente proporcional à perda de conteúdo e profundidade.
Já o aumento do ceticismo e reação crítica da própria audiência – que abandonou o instinto de platéia para “competir” com a informação, amplia a interação e a distorção crítica na compreensão das mensagens.
A mediocridade, assim, tornou-se também interativa, tal qual a crítica.
Fábrica de militantes e segregação da razão
É consativo, porém necessário afirmar que a disrupção destrutiva, observada com os meios e as mensagens, também decorre da sensível perda de qualidade de edição, compreensão e profundidade dos profissionais da comunicação.
Essa degradação se deve decisivamente à inoculação ideológica do vírus “progressista” na formação do profissional de comunicação.
A síndrome da mediocridade militante contaminou e contamina a formação de dezenas de gerações, formadas em escolas de comunicação tornadas madrassas do marxismo cultural.
A perda de qualidade é diretamente vinculada ao engajamento ideológico. A infecção de militantes e comunicadores à la carte, se intensificou nas redações, em prejuízo da isenção quanto aos fatos e da própria liberdade de imprensa.
A pobreza intelectual se abateu nas universidades, na área de ciências humanas e, em especial, na comunicação. Cursos de jornalismo transformaram-se em fábricas de militância – madrassas em prol da “crítica sem qualquer senso crítico à crítica”. Madrassas produzem militantes, não jornalistas. A cooptação pela mediocridade fabrica indivíduos “plenos de certezas e desprovidos de dúvida”. Essa descognição se estende por todo o ocidente, na esteira do domínio globalista, com profundos prejuízos ao patrimônio cultural democrático e ocidental.
Nesse meio, o que não agrada à ideologia do “politicamente correto”, é moído com a referência “goldwinana” ao nazifascismo.3
A estratégia da “pinça”
A distorção de qualidade do meio distorce o caráter e o senso moral dos quadros nele inseridos.
A massa de medíocres “progressistas”, por óbvio, não pode permitir que o livre debate de idéias ocorra nas redações. Assim, comunicólogos “militantes” adotaram um “movimento de pinça” – visando firmar posição hegemônica nas redações e editorias da grande imprensa.
A pinça consiste em preencher vagas disponíveis no mercado e, de quebra, tratar de barrar a carreira dos jornalistas independentes.
O aparelhamento ideológico nas redações caçou, cercou, segregou e “silenciou” os jornalistas mais experientes, que não comungavam com a “nova cartilha”.
A fábrica de rótulos alterou o conteúdo da garrafa, tornando-a turva, quando não vazia. Não por outro motivo, hoje, na política editorial, pensar fora da mesmice é ser “antidemocrático”; questionar “consensos” virou “negacionismo” e criticar o senso comum… configura “fascismo”.
O procedimento de “infiltração em pinça” autoriza editorias cooptadas a demitir quem ideologicamente não se enquadra… e agora, jornalistas engajados “lacram” no lugar dos demitidos.
Para os que ousaram divergir… restou o isolamento, o estigma e o esgotamento econômico, tracionado pela judicialização sistemática.
Com a “diáspora”, vários bons jornalistas recorreram aos blogs nas redes sociais – destruindo ainda mais o restolho de credibilidade da grande imprensa aparelhada.
A popularização da crítica pelos blogs, estimulados pelas redes sociais e compartilhados nas redes de intercomunicação digital, tornou obsoleta a “verdade” imposta pela grande imprensa. Isso desestabilizou o aparelhamento dos órgãos jornalísticos.
A morte da verdade
A saída para os “progressistas”, diante da perda da credibilidade, foi “judicializar a verdade”.
O progressismo, de fato, é um populismo. Como tal, não sobrevive sem um sistema judiciário lacaio, carreirista e subalterno.
O sufocamento da liberdade de expressão projetou-se sobre a liberdade de imprensa, reforçado por uma lawfare permanente, e pela indústria das indenizações promovida por “autoridades ofendidas”, “justiceiros” deslumbrados, “minorias perseguidas” e fiscais do “politicamente correto”.
O “cenário de cancelamentos”, montado pelo establishment, censura artigos, cancela blogs e portais, recolhe edições, prende e persegue jornalistas, cidadãos e destrói reputações.
A lawfare evoluiu para uma censura orwelliana: uma ditadura adjetivada como “democracia” e aqui tutelada pela pior judicatura da história do Brasil.
Goebels explica… Freud também.
Há saída
Mas não há farsa que dure nem caneta que mantenha tinta suficiente para omitir a verdade.
O espaço para proselitismos vazios saturou. Não cola mais na consciência crítica ocidental – e não resiste a um simples exercício de lógica. Um sinal de alerta para a sinecura das mesmices instalada nos meios de comunicação.
Mas há saída! A liberdade de informação, ainda que mínima, tem o potencial de restabelecer o jornalismo e produzir informações desruptivas, revigorando a própria imprensa. Isso é orgânico e é a razão de ser da mídia como mensagem.
Conclusão
Já disse uma vez, em outro artigo:
“Só um choque de gestão pode salvar nossa imprensa
Sempre há uma saída. Nem tudo está, portanto, perdido.
É preciso um choque de gestão em nossos meios de informação. Uma revolução capitaneada pelo que ainda resta de vida inteligente no meio, visando eliminar a mediocridade instalada no seio da imprensa nacional.
O desafio é Rodriguiano.
Como se sabe, a mediocridade é solidária e os “idiotas da objetividade” há muito transbordaram do jornalismo esportivo para a política. É necessário, portanto, devolvê-los ao canto da redação, para tratar de assuntos menores… limpar a área, como se diz no futebol.
Precisamos – todos aqueles que amam a liberdade de imprensa – efetuar o resgate do velho jornalismo investigativo, opinativo, analítico.” 4
Claro que há um exército de profissionais de imprensa dignos, imprensado nesse mecanismo perverso, lutando pela sobrevivência e fazendo uso das brechas disponíveis para fazer valer a busca pela verdade – objetivo primário do jornalismo.
Mas o somatório de exceções meritórias confirma a regra lamentável.
Assim, a degradação do jornalismo no Brasil segue uma tendência ocidental… até o “tiro sair pela culatra” e o espírito solidário falar mais forte ante os excessos evidentes da maledicência.
Não se tenha dúvida, o poder da caneta é sempre efêmero. Uma hora… a tinta acaba para uns e se transfere para outros.
O tempo assim o diz.
Observação:
Leia também “A Morte do Livre Pensar”, in https://www.theeagleview.com.br/2022/11/a-morte-do-livre-pensar.html
Notas:
* – PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro – “Globalização e o Risco da Nova Ordem Mundial”, in https://www.theeagleview.com.br/2019/09/globalizacao-e-o-risco-da-nova-ordem.html
1- MCLUHAN, Marshall, “Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem”, São Paulo: Cultrix, 1969
2- SERRA, Paulo, “Manual de Teoria da Comunicação”. Covilhã: Livros Labcom, 2007
3- No original: “As a Usenet discussion grows longer, the probability of a comparison involving Nazis or Hitler approaches one” (https://www.wired.com/1994/10/godwin-if-2/)
4- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “Imprensa que Não Mais Impressiona”, in Blog The Eagle View, in https://www.theeagleview.com.br/2012/01/imprensa-que-nao-mais-impressiona.html
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor corporativo. Sócio fundador do escritório Pinheiro Pedro Advogados e diretor da AICA – Agência de Inteligência e Ambiental. É membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, Conselheiro junto ao Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política da FIESP, Chefe do Centro de Estudos Estratégicos da Iniciativa DEX e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API. É Editor – Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.
Fonte: The Ragle View
Publicação Ambiente Legal, 23/07/2025
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.