Por Danielle Denny*

Parecem faltar pessoas inspiradas em Geraldo Vandré, com o lema “quem sabe faz a hora não espera acontecer” e sobram as que seguem Zeca Pagodinho: “deixa a vida me levar”. Escassos são os líderes que planejam, analisam e estruturam os rumos socioeconômicos do Brasil com criatividade. A regra são gestores presos a modelos geopolíticos arcaicos, que podem até ter sido inovadores, no passado recente, mas que em 10 ou 20 anos estarão obsoletos.
Um exemplo é o desgaste político em torno da divisão dos royalties do pré-sal. Estados produtores marcam ato público contra nova lei e governos estaduais buscam, com Ação Direta de Inconstitucionalidade, no Supremo Tribunal Federal, reverter a derrubada, pelo Congresso Nacional, do veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto que redistribui os royalties de petróleo.
Sem dúvida o país precisa de combustível para continuar a se desenvolver, a tecnologia de extração em profundidade é uma glória para os cientistas envolvidos e para a Petrobras. Contudo, os combustíveis fósseis estão em declínio. Na época de Vargas eles eram inovadores, mas no século XXI, perdem espaço para alternativas mais limpas e renováveis.
O Brasil deveria sistematicamente buscar desenvolver tecnologias eólicas, solares, maremotrizes mais eficientes e rentáveis. Ainda é possível o país assumir o papel de liderança nessa área e, em algumas décadas, se colocar como principal exportador de energia limpa. Mas para tanto tem de haver liderança estratégica, capaz de antever o futuro e de planejar a melhor rota de chegar até ele.
Assim como Vargas ousou com a Petrobrás, precisamos decidir que futuro e passado nós queremos ter, pois, citando frase de Pierre Dac, “O futuro é o passado em preparação”. Se continuarmos a usar modelos que foram adequados para o século XX, sem adequá-los às necessidades atuais e futuras, estaremos fadados ao insucesso da permanência.
A lógica acomodada do vamos fazer o possível não basta. É preciso fazer o melhor e buscar melhores condições. País jovem como o Brasil tem de ser permeável, inovador, ousar, ter coragem.
*Danielle Denny é Advogada, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Especialista em Direito Tributário, pela Coordenadoria de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (COGEAE – PUC/SP); em Política, pela Universidade de São Paulo (USP) e em Diplomacia Econômica, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestre em Comunicação na Contemporaneidade e professora assistente de Ética na Faculdade Cásper Líbero. Atua na área de Direito Ambiental.