Uma Análise Crítica dos Processos de Declínio Político e Social Vivenciado pelo Brasil no Século 21
Por: Linaldo Guimarães*
Ao analisar o curso histórico do nosso país, evidencia-se um complexo processo de degradação nacional em múltiplas dimensões, impulsionada por um projeto hegemônico de poder ancorado em fundamentos ideológicos explícitos, e sabidamente já falidos na sua essência, mas que escondem apenas a dominação de marginais disfarçados de legítimos representantes do povo.
Este cenário distópico mostra claramente os pilares de sustentação de um regime espúrio e de legitimidade sabidamente duvidosa
1. Desmonte dos Valores Tradicionais e do Tecido Social
Este desmonte não surge espontaneamente, mas como parte de uma narrativa progressista que visa substituir antigos referenciais pelo relativismo moral e pelo culto ao Estado, como fonte última de sentido e legitimidade. Com isso, alimenta-se uma cultura de dependência estatal, minando a autonomia, o mérito e o espírito empreendedor.
2. Educação como Instrumento de Dominação
Inspirados em referências como Antonio Gramsci e Althusser, pode-se observar que o grupo hoje dominante utilizou nos últimos quarenta anos os sistemas educacionais e midiáticos, como aparelhos de sustentação ideológicos do Estado, onde predominou deliberadamente o projeto pedagógico de formação de cidadãos dóceis, avessos ao questionamento e submissos a uma agenda reescrita pelo grupo no poder.
O pensamento crítico foi perdido em prol do conformismo, e a autonomia intelectual cedeu espaço à valorização da “obediência cidadã ao politicamente correto”, sendo este um fator fundamental para manutenção de regimes autocráticos sob fachadas democráticas.
3. Restrição das Liberdades e Esvaziamento do Espaço Público
O regime, atento à lógica de Carl Schmitt sobre o “inimigo interno”, ampliou mecanismos de repressão e restrição de liberdades fundamentais, promovendo aberta repressão a opinião discordante do pensamento estabelecido.
Manifestantes, intelectuais e jornalistas independentes quando não cooptados por dinheiro, vantagens ou promoção de imagem, tornam-se alvos prioritários de perseguições, censura direta ou velada, ameaças e criminalização judicial.
Há um nítido deslocamento do Estado Democrático de Direito para um autoritarismo difuso, legitimado por uma retórica de estabilidade e luta contra “ameaças existenciais”, em uma democracia sustentado pela falida narrativa do mundo socialista perfeito.
4. Nepotismo, Corrupção e Benefícios aos Aliados
A perpetuação no poder pretende desavergonhadamente se perpetuar pelo controle dos meios econômicos e da distribuição estratégica de privilégios. O regime dirige verbas e cargos a parentes e aliados políticos, incentivando o clientelismo e a corrupção institucionalizada, elementos que Norberto Bobbio considera centrais nos sistemas patrimonialistas.
Contratos superfaturados, nomeações sem mérito e uso do orçamento público para recompensar lealdades perpetuam o círculo vicioso do poder, garantindo o apoio incondicional da maioria dos parlamentares.
5. Contestação Sistemática à Propriedade Privada e à Livre Iniciativa
Supostos ou intelectuais de fachada ou jornalistas de grife patrocinada, produtos de mídia direcionada para promoção claramente visualizável pela população, inspirados em leituras radicais de do pensamento marxista ou por vezes inspirados nas ideias de Rousseau, ou mesmo de modo inverossimilmente espirado em estratégias bolivarianas contemporâneas, o grupo no poder fomenta movimentos sociais que contestam a propriedade privada na cidade e no campo, criminalizando a acumulação de riquezas pelo trabalho pessoal ou resultado empresarial.
Neste ecossistema esquerdista organizações alinhadas ideologicamente ao um regime claramente com viés ditatorial, recebem incentivos e passam a protagonizar invasões, expropriações e sabotagens contra setores produtivos, desestabilizando a confiança dos agentes econômicos e desestruturando cadeias produtivas nacionais.
Amparado nas teses de gramscianização das instituições, o poder hegemônico instrumentaliza as mais altas cortes. Verbas publicitárias e benefícios fiscais moldam o posicionamento editorial da imprensa, sufocando espaços de crítica e tornando-a vassala do poder. Neste sentido, indisfarçadamente utiliza os sindicatos pelegos e universidades tidas como de pensamento progressista, transformando-os em ferramentas de legitimação ideológica e neutralização da dissidência; se necessário com uso da força bruta.
Desgaste Internacional e Isolamento Diplomático
À medida que o regime corrompe as tradicionais instituições, viola liberdades civis e alimenta políticas anacrônicas de redistribuição coercitiva da riqueza, sua imagem se deteriora rapidamente no cenário internacional. O país passa a ser visto como paria diplomático, sofre sanções, afastamento dos fluxos de investimento externo e rompimento de parcerias estratégicas, e tenta sobreviver buscando aliados em movimentos já fartamente estudados em experiências históricas de fracasso institucional, espelhando-se no momento em ditaduras de partido único.
A soma desses processos, todos, alimentados por um viés ideológico de concentração e perpetuação do poder, conduz o já combalido Brasil ao colapso das instituições, à corrosão do capital social, à degradação moral da sociedade e escalada incontrolável da violência e a estagnação econômica.
O resultado não é só uma tragédia anunciada para a população geral, mas o lançamento das bases para grandes embates e dilemas morais, o pano de fundo perfeito para um épico desmoronamento de um grande país, finalizado no seu último ato pelo improvável suicídio covarde, ou pela fuga do Rato do Sul Global para paraísos de aliados de primeira hora.
*Linaldo Guimarães Pimentel é economista e ensaísta político. Pesquisador e membro do Instituto Internacional de Contraterrorismo e graduado pelo ICT – Lauder School of Government Diplomacy and Strategy /Reichman University /Israel