Revista Ambiente Legal
Singer também é um dos diretores do Instituto Pharos
Em Defesa do Oceano, que promove o projeto Guardiões
do Mar, que beneficia 40 alunos da rede pública do municí-
pio litorâneo de Santos (SP). Jovens entre 14 e 18 anos estão
conhecendo a potencialidade e os problemas do mar in loco.
Queremos desenvolver a mentalidade marítima. Esses es-
tudantes desconhecem o ecossistema da própria região onde
vivem. Já as partes interessadas em defender e desenvolver
nosso potencial marítimo estão totalmente desorganizadas”.
Bônus e ônus de
uma divisa de
R$ 130 milhões
Estima-se que cerca de 330 mil tu-
ristas vão navegar pelas águas brasileiras
de outubro de 2006 até abril de 2007.
O número de passageiros é 43,5% maior
que na estação anterior. Só no ano passa-
do, os viajantes deixaramR$ 130 milhões
nos portos brasileiros. Divisas imprescin-
díveis, mas não dá para não falar da po-
luição que o turismo marítimo traz.
Estudos indicam que as chaminés
de um único navio, de passageiros ou
de carga, lançam no ar o eqüivalen-
te à poluição de 12 mil automóveis.
São 50 mil partes por milhão de óxi-
do de enxofre.
A água de lastro, que fica armazena-
da em navios de carga para dar seguran-
ça nas manobras quando eles estão des-
carregados, transformou-se em vetor de
poluição. O problema é que nessa água
ficam abrigadas espécies da fauna marí-
tima. Quando ela é despejada, introduz
seres e organismos desconhecidos no
meio marítimo local, o que pode gerar
graves problemas ambientais.
Órgãos internacionais estimam que
circulam pelo mundo 12 bilhões de li-
tros de água de lastro todos os anos, car-
regando pelo menos 4,5 mil espécies.
Entre elas estão agentes de doenças. O
Brasil teve suas águas invadidas por me-
xilhões dourados, de origem asiática,
que aqui se reproduziram de maneira
descontrolada, chegando a 100 mil in-
divíduos por metro quadro.
A Companhia Energética do Esta-
do de São Paulo (CESP) teve de inter-
romper a geração de energia em Porto
Primavera, no Paraná, por causa dos
mexilhões que se instalaram em suas
tubulações. A usina só voltou a operar
após custosa operação de limpeza.
A água de lastro não é apenas um
problema ambiental gravíssimo. Tem
conseqüências econômicas bastante sé-
rias”, informa a bióloga Eliane Gonzalez
Rodrigues, do Instituto de Estudos do
Mar Almirante Paulo Moreira ligado a
Marinha. Ela, um advogado e oito inte-
grantes do alto Comando da Marinha,
muitos deles ouvidos nesta reportagem,
são co-autores do livro Amazônia azul,
o mar que nos pertence, recentemente
lançado.
Singer cita países como Inglaterra e nosso vizinho Chile, que
conseguiram integrar esforços e cuidar de suas águas como
elas merecem.
O advogado e consultor ambiental Antonio Fernando Pi-
nheiro Pedro afirma que já passou da hora de o país investir
pesado na exploração econômica de seus recursos marítimos.
Sem perder de vista, é claro, as diretrizes e parâmetros do
desenvolvimento sustentável”, defende Pinheiro Pedro. O
advogado critica os ambientalistas que não têm essa visão.
Repo r t agem de Capa
Um único navio lança no ar poluição eqüivalente a 12 mil automóveis.
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SXC