Os 23 Dias que estremeceram a terra da garoa… e o Brasil
Por Major PM Sérgio Marques*
Em 5 de julho de 1924, sábado de uma manhã fria e nebulosa, eclodia o Movimento hoje conhecido por “Revolução Esquecida”.
Na segunda década do século passado, o Brasil ainda era uma República anacrônica. O objetivo do Estado Brasileiro – em um “ciclo perverso”, encerrava-se em si mesmo.
A população era o que menos importava! Reinava a famigerada política do “Café com Leite”, com a alternância do Executivo Federal (Presidência da República), composta apenas por representantes de oligarquias dos Estados economicamente majoritários – São Paulo e Minas Gerais.
As eleições eram manchadas pelo “voto aberto”, o malicioso voto de cabresto, com o povo “exercendo cidadania” de acordo com o pensamento dos poderosos “coronés” (como eram chamados os chefes políticos locais).
Tais práticas cobriam nossos sertões. O Presidente da República à época era o também um oligarca, Arthur Bernardes – em triste continuísmo político…
A espoleta da rebeldia nascera no Exército, através do Quartel de Santana, o tradicional 4º BC- Batalhão de Caçadores, na Rua Alfredo Pujol (hoje, Centro Preparatório de Oficiais da Reserva- CPOR/SP) – no “Solar dos Andradas”, dissipando-se através dos Quartéis da Força Pública da área central de São Paulo, ao longo da Av. Tiradentes.
O Quartel da Luz, no atual Regimento de Cavalaria e parte do antigo 1º Batalhão da Força Pública (hoje, 1º BPChq/ROTA), sob o comando do Major Fiscal, do Regimento de Cavalaria da Força Pública, MIGUEL COSTA e inúmeros outros colaboradores (destacando-se o tenente FP JOÃO CABANAS, autor do livro “A Coluna da Morte”), dominaram a cidade de São Paulo.
O Quartel da Luz passa a ser a sede Revolucionária, até ser atingido por obuses legalistas, durante a dominação por 23 dias da cidade. Durante a Campanha, a sede Revolucionária encontraria novo endereço: a Estação da Luz, menos de 500 metros do Quartel da Luz.
Do interior Paulista, outras Unidades do Exército se levantaram. Chegando à Capital, apoiam o Movimento Revolucionário Batalhões de Quitaúna (região de Osasco), Itu, Rio Claro, Jundiaí e Caçapava.
Uma resistência inesperada da Força Pública, em pleno Bairro da Luz, tomado pelos Revolucionários, destaca-se no horizonte: o 4º Batalhão da Força Pública (hoje, 4ª BPM/I, com sede na cidade de Bauru- SP), situado no centro nervoso da Revolução – na Av. Tiradentes, esquina com Rua Bandeirantes (Quartel hoje não mais existente), distante 200 metros do Quartel da Luz da Força Pública.
O 4º Batalhão, transformou- se, segundo o tenente Benito Serpa, um de seus valentes soldados, na “Verdun Paulista”, bastião legalista, que resistiu a fúria rebelde até a fuga do Presidente do Estado para Guaiaúna, no Bairro da Penha (hoje área abrangida pela estação do metrô Penha).
O Chefe do Executivo Paulista, Carlos de Campos, não resistindo aos ataques contra o Palácio Campos Elíseos (ainda existente, na Esquina da Av. Rio Branco x Praça Princesa Isabel), sede do Governo Paulista, no bairro de mesmo nome, em 08 de julho fugiu para Guaiaúna. O Palácio e prédios governamentais do Largo do Carmo, área central, próximo da Praça da Sé, foram todos bombardeados.
O intuito do Movimento era a derrubada do Presidente Arthur Bernardes, que representava a ordem vigente, arcaica, carcomida e corrompida, além da mudança radical da estrutura viciada do Estado Brasileiro – através do ensino gratuito e obrigatório, o voto secreto e uma Justiça independente.
Com a suposta adesão de outras localidades, os revoltosos marchariam para o Rio de Janeiro (Capital Federal da época), para destituir o governo. Só que não houve a adesão de outras praças com importância estratégica, o que inviabilizou a marcha!
No mesmo mês, isoladamente, quarteladas em apoio à Revolução ocorreram em Manaus -AM, Belém -PA, Aracaju- SE e bela Vista- MT, cidades distantes do epicentro São Paulo, que foram rapidamente dominadas por forças leais ao Governo.
O “5 de Julho de 1924” era originário do “Movimento Tenentista”, grupo essencialmente urbano, representante da classe média em crescimento, antagônico ao movimento ruralista e tradicional, pois almejava profundas mudanças na sociedade brasileira. Em nada se confunde, esse movimento, com a ideologia então pregada pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, decorrente da Revolução Russa de 1917.
O Movimento Tenentista teve seu batismo de fogo no mesmo dia, porém dois anos antes, na cidade do Rio de Janeiro, no episódio conhecido como “Os 18 do Forte de Copacabana”, que, com semelhança ao voluntarismo dos “300 de Esparta”, marcharam para a morte na Praia de Copacabana. Ao final da peleja restaram feridos, em destaque, os Tenentes Siqueira Campos, que dá nome ao Parque Trianon, na Av. Paulista, e Eduardo Gomes, futuro Brigadeiro da Força Aérea. Seis outros morreram.
Os dois já recuperados, e eternos rebeldes, teriam intensa participação na Revolução de 1924 bem como no comando de tropas da Coluna Miguel Costa- Prestes pelo Brasil.
O ano de 1922 na História brasileira foi no mínimo diferenciado, pois outros dois episódios fecharam-no: Semana de Arte Moderna e fundação do Partido Comunista do Brasil.
Alguns anos antes, em 1917, durante a Greve Geral de São Paulo, surgiria para os anais da História brasileira, a figura do então capitão de Cavalaria MIGUEL COSTA.
O Cavalariano recebera ordens governamentais para dissipar os manifestantes da famosa greve paulista. Na atividade policial, recebeu uma pedrada na testa, lançada por um dos grevistas mais exaltados. Segurando sua tropa, apeou de seu cavalo e se pôs a conversar com os grevistas.
Recebeu, então. o convite para verificar as precárias condições em que viviam as pessoas. Aceitou o convite. Influenciado pelas condições subumanas que seus olhos constataram, o estado de abandono e promiscuidade em que viviam nos cortiços os operários, imigrantes, migrantes, crianças, mulheres, idosos etc., auxiliou na negociação desta que foi a primeira greve geral no Brasil, servindo como intermediário entre os paredistas e as autoridades constituídas.
Muitos dos moradores daqueles casebres eram seus soldados com suas famílias… Com certeza aquela vistoria de 1917 incrementou sua visão humanista, pois foi testemunha presencial das condições adversas de vida no Brasil naquele primeiro quarto do século passado.
Mas, enquanto persistia o “Julho Revolucionário de 1924”, a situação na Cidade, durante o domínio rebelde, só piorava.
Por estúpida decisão de Arthur Bernardes, apoiada por Carlos de Campos, bem como pelo Ministro da Guerra – general Setembrino de Carvalho, o governo tratou de bombardear a Cidade de São Paulo, uma Cidade Aberta, mesmo sem possuir alvos essencialmente militares. Fizeram o bombardeio com os destruidores canhões de 75 e 105 mm.
Era o chamado “bombardeio terrificante”, tão usado pelos litigiosos durante a I Guerra Mundial.
O Governo situacional, através dos canhões e de sua debutante aviação, em total desrespeito à população civil, arrasou bairros populares (e operários), como Mooca, Brás, Penha, Belém, Centro, Ipiranga, Perdizes, Vila Mariana, Paraíso, dentre outros, agraciados com as bombas que levavam o beijo da morte…
A Cidade era habitada por aproximadamente 700.000 almas, muitas das quais simpatizantes dos rebeldes. Em decorrência das “bombas legalistas” ocorreu um gigantesco êxodo da Cidade. Em torno de 300.000 pessoas abandonaram-na, a pé, de trem, carroças, carros, à cavalo etc..
Sempre ela, a Guerra, fazendo vítimas civis, algo similar, inclusive na proporção de população, ao que ocorre hoje nas principais cidades da Síria, um Estado retalhado por conflitos decorrentes da diferença de concepções políticas, ideológicas e religiosas radicais…
O Comando Revolucionário, encabeçado pelo General Isidoro Dias Lopes, ciente que outras partes do País não aderiram ao Movimento e, verificando paralelamente o sacrifício da população Paulistana, sofrendo o cerco que a legalidade preparava, apoiada por efetivos do Marinha, Exército, Polícias do RS, SC, PR, MG, BA e RJ, após 23 dias de amplo domínio, abandona a cidade (no dia 28 do mesmo mês), com destino ao interior, com o propósito de semear os ideais de modernidade e justiça por outras bandas.
O comando legalista optou por bombardear a Cidade às cegas, evitando o atrito com as tropas rebeldes. Sem contato visual, facilitou a fuga dos rebeldes para o interior do Estado.
O maior conflito já registrado na Capital Paulista (e maior conflito urbano no país), deixou um triste e pesado tributo: 503 mortos, 5.864 feridos – em sua maioria, civis, além da destruição de aproximadamente 2.000 edifícios.
Através da Estação Ferroviária da Luz (que hoje também abrange uma Estação do Metrô, de mesmo nome), nas proximidades do “Quartel da Luz”, 6.000 rebeldes (inclusos 2.000 civis, que aderiram à Revolução), embarcaram nos trens com destino inicial ao interior do Estado, passando por Campinas, Jaguari, Amparo, Itapira, Mogi- Mirim, Espírito Santo do Pinhal, São João da Boa, Prata, Rio Claro, Itirapina, São Manuel, Bauru, Botucatu, Avaré, Ourinhos, Palmital, Paraguaçu Paulista, Santo Anastásio e Presidente Epitácio, no fim da estrada de Ferro Sorocabana, às Margens do Rio Paraná.
Os rebeldes, sob comando do tenente Juarez Távora, tentaram uma infeliz invasão ao Estado de Mato Grosso. Todavia, foram rechaçados.
Optaram no prosseguimento do Movimento, margeando o grande Rio Paraná, agora sentido sul, até alcançarem a região pouco habitada de Guaíra/Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná. Avançaram e se estabeleceram na Serra de Medeiros, culminando na “guerra de trincheiras”, cujos baluartes eram as cidadelas de Catanduvas/Belarmino/Santa Cruz, no Alto Paraná.
Com MIGUEL COSTA, 3.800 guerreiros chegaram ao oeste do Paraná. Os rebeldes permaneceram no aguardo das tropas do Capitão do Exército Brasileiro Luís Carlos Prestes, que se sublevara no Rio Grande do Sul – no dia 28 de outubro de 1924. Quase seis meses após, depois da queda de Catanduvas, em 11 de abril de 1925, essas forças alcançam a tropa Paulista, na região de Foz do Iguaçu, no Paraná, às margens do Rio que homenageia o Estado sulino, com apenas 800 maltrapilhos e quase desarmados componentes. Essa era inicialmente a Coluna do Capitão Prestes.
A tropa, então, foi armada e reorganizada pelo tenente João Cabanas, comandante da “Coluna da Morte”, que apreendera grande quantidade de munição, no mês de janeiro, no reduto legalista chamado de Formigas. As duas colunas unidas (Brigada São Paulo e Brigada Rio Grande) resultaram na “1ª Divisão Revolucionária”, ou, simplesmente, com justa revisão histórica, “Coluna Miguel Costa- Prestes”.
A queda do reduto rebelde de Catanduvas, no final de março de 1925, capítulo triste e heroico, absolutamente desconhecido dos brasileiros, ocorreu com a rendição de 207 soldados. Foi a exaustão das trincheiras, a fome e doenças, impostas aos membros da Força Pública Paulista, que os fez vislumbrar um final horroroso. Rendidos, foram no entanto encaminhados para a colônia penal de Clevelândia, no Amapá, através dos “navios da morte”. Somaram-se a outros rebeldes, de outros Estados, bem como prisioneiros comuns, totalizando mais de 1000 farrapos humanos.
Em 1927, com a anistia concedida pelo novo Presidente, Washington Luís, dizimados por doenças das trincheiras, malárias, fraqueza e a fome, somente 7 (sete) dos 207 combatentes de Catanduvas, retornaram com vida…
Com a unificação das duas Brigadas, Miguel Costa e Prestes decidiram dar continuidade à Revolução. Para tal, partindo de Porto Mendes, no Paraná, invadiram o Paraguai, através do Puerto Adela, evidentemente, sem autorização do país- irmão, com o intuito de apenas realizarem a travessia do país, por 120 Km, em 3 dias, fugindo do cerco do general legalista Cândido Mariano Rondon, até chegarem em Ponta Porã, no Mato Grosso, e recomeçarem a Marcha pelo Brasil.
Tal Coluna, nos meios Acadêmicos, era apenas conhecida pelo termo “Coluna Prestes”, fato militarmente incabível, pois Miguel Costa era superior hierárquico, no posto de Major (antiguidade é posto…).
O Comandante Geral rebelde, General Isidoro Dias Lopes, já muito idoso, por limitação física, não conseguiria dar continuidade à ”guerra de movimento”. O comando da Divisão Revolucionária foi transmitido ao mais antigo militar em posto, MIGUEL COSTA. Prestes foi nomeado chefe do Estado Maior da 1ª Divisão, e também acumulava o subcomando da Coluna.
A “1ª Divisão Revolucionária” foi importante página da Historiografia Nacional, pois, com abnegação e heroísmo, anônimos percorreram aproximadamente 25.000 km do território nacional (alguns autores dizem 30.000 km percorridos), assim divididos:
1. Saída de São Paulo rumo ao interior, Mato Grosso (parte sul) e Paraná- exclusivamente da Tropa Paulista (parte do Exército, Força Pública Paulista e voluntários civis). Neste trecho se destacou o Tenente da Força Pública Paulista JOÃO CABANAS – comandante da “Coluna da Morte”, encarregado da defesa da retaguarda da tropa, quando da saída da Capital, introdutor no Brasil da chamada “guerra psicológica” (tão bem relatada em obra de sua lavra, “A Coluna da Morte”);
2. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná- Tropa Gaúcha (Exército e voluntários civis), liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes, que, diga-se de passagem, ainda não bebera da fonte marxista, assumindo-a somente em maio de 1930, bem posterior à Marcha; e
3. 1ª Divisão Revolucionária, ou Coluna Miguel Costa- Prestes: decorrente da junção das duas Colunas, a Paulista e Gaúcha, após a queda de Catanduvas, no Paraná. Percorreram o “Paraguai”, Mato Grosso (e atual Mato Grosso do Sul), Minas Gerais, Bahia, Goiás (e atual Tocantins), Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco. “Volta”: Bahia, Pernambuco, Piauí, Goiás (e atual Tocantins), Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso e internamento na Bolívia (e outra e pequena parte, no Paraguai).
Foi a maior marcha militar do Planeta, ainda não superada. Vale destacar que, fosse o Brasil qualquer outro país, o fato já teria resultado em filme épico…
O efetivo da Coluna variava, para fins estratégicos, entre 1.200 e 1.500 homens. Finalizou-se com o internamento voluntário da tropa rebelde na Bolívia, em fevereiro de 1927, com 800 homens, por eles mesmos denominados “emigrados” (e uma minoria, no mês seguinte, liderada por Siqueira Campos, que se exilou no Paraguai), encerrando esse capítulo desconhecido para a maioria dos brasileiros…
Entretanto, também presto “vivas” aos soldados legalistas, que perseguiram a Coluna, pois cumpriram o dever militar, sofrendo das mesmas adversidades de seus homólogos nos tempos de guerra (saudades, fadiga, fome, medo, doenças, ferimentos… morte).
Outro líder da estirpe do General MIGUEL COSTA (promovido a esse posto durante a Marcha), porém em trincheira distinta, também treinado pelos membros gauleses da 1 ª e 2ª Missões Francesas de Instrução da Força Pública Paulista (1906-1914 e 1919-1924) foi o Coronel FP PEDRO DIAS DE CAMPOS, Comandante Geral da Força Pública Paulista, que pessoalmente, perseguiu a Coluna Miguel Costa – Prestes pelo interior do Brasil, em 1926, integrada ao Exército Brasileiro. Na Campanha, a Força Pública teve o desprazer de ter a primeira baixa da Aviação Militar Paulista, em setembro de 1926, com a morte do Tenente FP Chantre, em Uberaba- MG, após um pouso mal sucedido em que o vitimou mortalmente. O segundo piloto, Tenente FP Antônio Pereira Lima, teve ferimentos gravíssimos e fora internado na Santa Casa local, permanecendo 8 dias em coma, porém resistindo aos ferimentos. Estavam a caminho de Goiás, na Campanha de mesmo nome, combatendo a Coluna Miguel Costa- Prestes.
Coincidentemente, o vitimado sobrevivente, no ano anterior, Tenente PM Pereira Lima, ficara conhecido como o 1º paraquedista brasileiro, feito realizado no Campo de Marte, na Capital Bandeirante (História disponível em: goo.gl/ckZiqx). Os fundos arrecadados, decorrentes da demonstração, também auxiliaram na Construção do Hospital Cruz Azul, destinado aos familiares dos membros da Força Pública. A vida de caserna os obrigava a se ausentarem por longo período de suas famílias, pois constantemente eram acionados para participarem de Campanhas Militares. A Cruz Azul era (e o é) um porto seguro para as esposas e filhos dos guerreiros de ontem, hoje e sempre…
Deve- se a “5 de Julho de 1924” o início efetivo de derrubada das pilastras que sustentavam a Primeira República, rompidas definitivamente no ano de 1930 com a “Revolução Outubrista”. As eleições no Brasil são realizadas no mês de outubro em decorrência daquele evento.
Com a ruptura de 1930, iniciaram-se os tímidos primeiros passos para o avanço das instituições políticas, culminando na Constituição Cidadã de 1988 e na liberdade de expressão e manifestação do povo brasileiro.
Contudo, o poder às vezes pode cegar. O que era para ser temporário, em 1930, com os ideais dos “Tenentes”, perpetuou- se no tempo e no espaço, com a figura de Getúlio Vargas. Muitos dos “Tenentes” sofreram de tal mal… São Paulo mais uma vez cobrou… e caro!
Novamente, sangue brasileiro de nascimento e/ou adoção escoou durante a Revolução Constitucionalista, dois anos depois… Os Soldados da Lei foram imortalizados no Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932 (Obelisco do Ibirapuera, na Capital).
O heroísmo e sacrifício daquelas gerações, pois pegaram em armas, foram louváveis.
Hoje, felizmente, “outra arma” é utilizada como principal “munição”: o voto (direto, secreto, universal, e periódico, hoje cláusula pétrea, conforme reza artigo 60, parágrafo 4º, inciso II, da CF/88). O voto pode derrubar qualquer trincheira de intolerância e injustiça.
Mas, não nos esqueçamos daqueles valentes, que JAMAIS poderão ser esquecidos…
Para os críticos do General MIGUEL COSTA. Em conversa informal com o Coronel Mário Ventura (http://ventura-memriasdoventura.blogspot.com.br/), estudioso dos feitos da Instituição, este revelou-me fato marcante. Quando ainda Cadete da Força Pública, em 1959, entrevistou o grande Comandante. O Generalíssimo confessara a ele que uma de suas grandes tristezas era não ter participado da Revolução de 1932 ao lado das Tropas Constitucionalistas.
Afinal, por ter sido um membro atuante do movimento “Tenentista”, fora aprisionado em São Paulo durante a Guerra pela Constitucionalidade.
Bravos de outrora, que hoje habitam o infinito, o sangue jorrado não foi derramado em vão… Nossa eterna gratidão!
Fontes:
ASSUNÇÃO, Moacir. São Paulo deve ser destruída: A História do Bombardeio à Capital na Revolução de 1924. Rio de Janeiro: Record, 2015;
BARROS, João Alberto Lins. A Marcha da Coluna. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1997;
CABANAS, João. A Coluna da Morte. São Paulo: Editora Unesp, 2014;
COSTA. Yuri Abyaza. Miguel Costa, um herói brasileiro. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010;
DUARTE, Paulo. Agora Nós. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007;
FILHO, José Canavó; MELO, Edilberto de Oliveira. Asas e Glórias de São Paulo. São Paulo: IMESP, 1978;
MACAULAY, Neill. A Coluna Prestes. São Paulo/Rio de janeiro: DIFEL, 1977;
MEIRELLES, Domingos. As Noites das Grandes Fogueiras. Rio de Janeiro: Record, 1995;
NORONHA, Abílio. Narrando a Verdade: Contribuição para a História da Revolta em S. Paulo. São Paulo: Editora Monteiro Lobato, 1925;
DE OLIVEIRA, Nélson Tabajara. 1924, a Revolução de Isidoro. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956;
DOS SANTOS, Davino Francisco. A Coluna Miguel Costa, e não Coluna Prestes. São Paulo: Edicon, 1994;
SERPA, Benito. A Verdun Paulista. São Paulo: BIBLOS, 1962; e
TÁVORA, Juarez. Uma Vida e Muitas Lutas: Da Planície à Borda do Altiplano. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio Editora, 1973.
*Sérgio Marques é Major da Polícia Militar do Estado de São Paulo, bacharel em direito (UNIBAN), mestre em Ciências Policiais (APMBB) e pós-graduado em Política e Relações Internacionais (FESPSP), historiador militar.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 15/07/2018
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.