Sair da zona de conforto da unanimidade medíocre custa caro
“Algo deve mudar para que tudo continue como está”
(Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Il Gattopardo)
Por Marilene Nunes *
A palavra “negacionista”, cujo contexto nos remete ao termo “fobia”, tem sido utilizada nas narrativas “politicamente corretas”, como meio de constranger cidadãos cujos argumentos fogem da pressuposta “unanimidade” ditada ideologicamente por aquelas, não importando que a comunidade científica mundial admita a dúvida, tolere consensos ou escancare a fraude.
Ora, no campo do conflito ideológico, toda narrativa está intrinsecamente relacionada a um discurso de PODER e, portanto, de interesses que devem ser hegemonicamente preservados. Assim, o embuste montado sobre a fala do ex – Secretário de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, Dr. Antonio Fernando Pinheiro Pedro, em lamentável episódio ocorrido num evento da OAB sobre “Desastres Ambientais Climáticos”, em junho de 2023, resultando numa campanha difamatória de “cancelamento”, mostra apenas a ponta do iceberg, visto que submerso está o que de fato estava incomodando os monopolizadores da narrativa “do consenso”, ou seja, a prática de gestão ambiental científica e soberanista do ex-Secretário.
O Secretário, por sua vez, enfatizou em sua gestão a solução de problemas pontuais e imprescindíveis à população, na busca de atingir, com a máxima eficiência, metas propagadas (e geralmente não executadas), em todas as administrações de ordem ambiental, dentre estas, a troca da frota de transportes públicos para outros não poluentes, o desmonte da especulação imobiliária predatória e, outras medidas, também importantíssimas, como a ampliação da cobertura vegetal na cidade, além do plano de Prevenção das Chuvas. Todas estas medidas atingiriam diretamente a coletividade e impactariam de fato, na maior resiliência da população frente às mudanças climáticas.
A gestão ambiental ética e competente do ex-Secretário mexeu nos interesses de dois grupos. Primeiro, o da turma da lacração ecológica-militante, que viu o seu promissor negócio do alarmismo climático biocentrista ser questionado pelas ações e pelo discurso de Pinheiro Pedro – em especial o alerta de humildade ante a arrogante e falsa afirmativa do exclusivo protagonismo humano, para além de sua própria contribuição, nas alterações globais ocorrentes no clima – desconsiderando fatores cíclicos, geológicos e mesmo cósmicos, ancestrais – que influíram, influem e influirão na transformação do planeta. Segundo, o dos heróis da negatividade (assim conceituados pelo jornalista e escritor Nelson Rodrigues), frustrados por ver um profissional ir além do catastrofismo para realizar, na prática, uma gestão eficiente, localizada, soberanista e antibiocêntrica, com o objetivo claro de produzir a resiliência climática da população.
Deve-se considerar que Pinheiro Pedro, enfrentou bravamente e combateu energicamente um dos negócios mais rentáveis do grupo formado pelo crime organizado: a exploração imobiliária predatória. O veemente combate ao ilícito expôs, ou melhor, escancarou, pela primeira vez em mais de uma década, a promíscua relação do Estado com o crime – por meio da leniência e da tolerância com os negócios ilegais do crime organizado, cujas estatísticas apontavam, até a retomada das operações que o ex-secretário coordenou, uma ampliação inacreditável de 950% no número de loteamentos e ocupações clandestinas em dez anos, durante os governos da esquerda petista e da social-democracia tucana.
O ex-Secretário “burlou” o costume tácito, e pernicioso, na administração pública, de desviar a finalidade pública para representar interesses de grupos, e não da população. Ou seja, Pinheiro Pedro frustrou a expectativa de situação e oposição, de “mudar algo para que tudo permaneça o mesmo”.
Pinheiro Pedro, genuinamente quis transformar algo que era negativo, oriundo das administrações anteriores, em algo positivo, decisão esta que lhe custou um “cancelamento”, com base na evasiva do termo ideológico “negacionista”, que oculta os interesses políticos e econômicos inconfessáveis dos grupos incomodados.
De fato, como sempre, o povo é o mais prejudicado!
Cabe agora à população de São Paulo, lidar com situações que podem ser combatidas e evitadas, na medida em que se busca fazer o correto, a exemplo do que Dr. Antonio Fernando Pinheiro Pedro já estava fazendo pela população e para a população!
Sair da zona de conforto da unanimidade medíocre custa caro.
*Marilene Nunes é Doutora em Gestão da Educação e Políticas Públicas (USP). Mestre em Economia Política (UFRGS), Especialista em Gestão do Conhecimento (FGV – SP). Licenciada em Pedagogia e Gestão de Organizações de Ensino. (UFRGS). Foi Especialista do Conselho Estadual (SP) e Consultora do Programa Nacional do Livro Didático da Secretária de Alfabetização do MEC e Vice-diretora da OCIP Docentes pela Liberdade. Foi docente e pesquisadora por 15 anos na UNESP, atuando na Graduação e na Pós-Graduação stricto sensu (Mestrado e Doutorado). Integra o coletivo de pesquisadores do Diversitas. Pesquisadora na área de Gestão e Educação Ambiental. É Diretora do IPBEAC na área de Políticas Públicas na área de Gestão e Educação Ambiental.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 03/08/2023
Edição: Ana Alves Alencar
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