Árvore que deu nome ao país hoje pode ser encontrada em apenas algumas áreas restritas
Cobiçada desde o primeiro momento em que os portugueses desembarcaram no País, em 1500, essa árvore de madeira nobre que é um símbolo nacional começou a ser explorada em larga escala a partir de 1503. Depois de ser considerada extinta na natureza, foi redescoberta em 1928, em Pernambuco.
Ao longo do tempo, também foram encontrados, e mantidos até o momento, exemplares que resistiram à devastação ou passaram por manejo no Rio de Janeiro e na Bahia. Hoje (03/05) é celebrado o dia desse exemplo de resistência da natureza que acabou batizando a nação: o pau-brasil.
A cor avermelhada de sua madeira chamou a atenção na época do descobrimento, pois era considerada perfeita para tingimento de tecidos e também para a confecção de arcos de violinos, além de esculturas, mesas e imagens de santos.
Podendo atingir 30 metros de altura e 1,5 metro de tronco, coberta por flores amarelas de outubro a novembro, a árvore possui um interior de forte coloração vermelha, num tom que se assemelha a brasas de fogo, daí o nome dado na língua portuguesa. Sua madeira é muito pesada, lisa e dura e, por isso, muito cobiçada para a construção naval e marcenaria de luxo. Ainda hoje, com planos de manejo, o pau-brasil continua sendo usado na confecção de arcos de violino e exportado em pequenas quantidades, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente.
Presente na lista oficial da flora brasileira ameaçada de extinção, desde 1992, o pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam) também é conhecido por ibirapitanga, pau-vermelho, pau-de-pernambuco, arabutã, ibirapitã, muirapiranga, orabutã, pau-rosado e pau-de-tinta.
O nome científico Caesalpinia é uma homenagem ao médico e botânico italiano Andrea Cesalpino, que viveu no século 16. Echinata significa “cheio de espinhos” em latim, e Lam é a abreviatura de Lamarck que, em 1789, descreveu a espécie pela primeira vez.
Paisagismo
Originário da Mata Atlântica, o pau-brasil ocorria do Ceará ao Rio de Janeiro. Ele floresce entre setembro e outubro e frutifica de novembro a janeiro. Em 1961 foi declarada árvore símbolo nacional. Em 1972, árvore nacional.
Atualmente, ela está restrita a poucas manchas naturais em Pernambuco, árvores esparsas na Bahia e raras áreas comerciais plantadas, além de exemplares usados em paisagismo.
“Na floresta, essa árvore tem um crescimento muito lento. Algumas mudas por aqui podem ter 50, 60 anos e ainda estão esperando a entrada da energia solar para conseguir subir e se desenvolver”, conta o especialista Fábio André Faraco, chefe do Parque Nacional do Pau-Brasil, na Bahia. “Árvore centenária de pau-brasil, podemos dizer que hoje é possível encontrar apenas uma em um milhão”, acrescenta ele, lembrando da exploração predatória desse recurso natural ao longo da história do País.
Por Fábio Gallacci/G1