Um resgate conceitual e esquemático
Por Antonio Luiz de Carvalho
Introdução
O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu em 1980 e foi consagrado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão Brundtland, que produziu um relatório considerado básico para a definição desta noção e dos princípios que lhe dão fundamento (WORLD…, 1980).
De acordo como Relatório Brundtland:
[…] desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforça o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações futuras […] é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades (NOSSO…, 1988, p. 46).
O Relatório obteve rápida e ampla repercussão internacional. Os princípios do desenvolvimento sustentável estão na base da Agenda 21, documento aprovado por mais de 180 países durante a realização da II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como ECO 92, realizada no Rio de Janeiro em 1992. As ideias ali contidas foram assimiladas pelas organizações do sistema das Nações Unidas e diversas organizações internacionais, e desde então têm sido progressivamente incorporadas às agendas de numerosos países.
Trata-se de um novo paradigma para abordar um velho desafio: o desenvolvimento. Nesta nova ótica, a noção de desenvolvimento, por muito tempo identificado ao progresso econômico, extrapola o domínio da economia através da sua integração com as dimensões ambiental, econômica, social e cultural, apoiando-se em novos paradigmas.
Alcançar a sustentabilidade vai permitir que a terra continue a apoiar a vida humana como a conhecemos.
Conceito de Sustentabilidade
Em uma definição bastante simples, sustentabilidade é atender às necessidades atuais sem comprometer a qualidade de vida para as gerações futuras, ou seja, os nossos descendentes devem encontrar o nosso planeta em condições iguais ou melhores do que encontramos. Devemos lembrar que grande parte dos recursos naturais são esgotáveis e não se renovam, como é o caso do petróleo. Mesmo os renováveis, não podem ser usados até o ponto de não poderem mais ser renovados. Isto se aplica principalmente a atividades extrativas como por exemplo a pesca que já levou grandes zonas pesqueiras à quase extinção.
O conceito de sustentabilidade é bastante amplo e evoluiu ao longo do tempo. No passado havia uma concentração no meio ambiente (sustentabilidade ambiental), acreditando-se que se o meio ambiente fosse preservado o planeta também seria preservado, dando-se pouca importância aos fatores econômicos e sociais.
No Congresso Mundial sobre Desenvolvimento Social em 2.005 (2005 World Summit on Social Development) ficou estabelecido que para haver um desenvolvimento sustentável é necessário que haja uma conciliação entre o desenvolvimento ambiental, o econômico e o social – os três pilares da sustentabilidade. Na época os três pilares foram representados por três círculos se entrelaçando, como mostra a figura a seguir:
O entrelaçamento dos três pilares tem por objetivo mostrar que só pode haver sustentabilidade se todos eles forem observados conjuntamente.
Os três pilares (“triple bottom line“) têm servido como uma base comum para o estabelecimento de um grande numero de padrões de sustentabilidade usados por empresas de consultoria que emitem “certificado de sustentável” para diversas atividades industriais e agropastoris e, em alguns casos, para empresas prestadoras de serviços. A indústria de alimentos é uma das principais atividades interessadas em ter um certificado de sustentabilidade. Baseadas no “triple bottom line”, são bastante conhecidas as normas da Rainforest Alliance, Fairtrade e UTZ Certified. O “triple bottom line” é também reconhecido pela ISEAL Alliance – a Associação Global para Padrões Sociais e Ambientais.
Evolução do Conceito de Sustentabilidade
Com o passar do tempo, verificou-se que alem dos três pilares existe outro que pode influenciar consideravelmente os três anteriores, que é a cultura. As tradições culturais (educação no sentido mais amplo) de um povo influenciam consideravelmente os três pilares da Sustentabilidade a ponto de vários autores a considerarem um quarto pilar. Como exemplo, consideremos as regiões do Japão, com predominância da religião Shintoista, que ensina o respeito e o amor pela natureza. Todos os esforços, sejam ambientais, econômicos ou sociais, tem como principal objetivo a natureza, que em última instância é o nosso planeta como um todo. A figura a seguir apresenta este novo conceito:
Os quatro pilares da Sustentabilidade
A importância da cultura tem sido enfatizada por vários autores modernos que a consideram como englobando todas os outros pilares, conforme mostra a figura a seguir:
Dentro deste novo conceito, para que um empreendimento seja considerado sustentável ele tem que satisfazer a quatro requisitos:
- Ecologicamente correto;
- Economicamente viável;
- Socialmente justo;
- Culturalmente aceito.
Prof. Antonio Luiz de Carvalho, Mestre em Administração de Empresas pela EAESP-FGV e engenheiro pela Escola Politécnica da USP, com muitos anos de experiência como presidente ou diretor de empresas nacionais e multinacionais e também em consultoria empresarial, trabalhando na FGV Projetos – EAESP-FGV e FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – USP.
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Boa noite, professor Antonio.
Gratidão pelas excelentes informações disponibilizada de forma clara e interessante.
Obrigado!
Boa noite Professor António,
gostava muito de saber a data da publicação deste artigo muito prestável para puder colocar num trabalho universitário. Sem essa referência não poderei colocar.
Obrigada pela atenção dispensada!
Com os melhores cumprimentos,
Magda Mendes
publicado em 15 de junho de 2016