A opinião pública é o grande fator de decisão
Por General Eduardo Diniz*
Quando pela primeira vez estudei estratégia, foram apresentados a nós, alunos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, os estudos do General Beaufre, que tratavam de vários aspectos de importância na concepção estratégica e, dentre estes, os chamados Elementos de Decisão Estratégica. Nestes elementos eram elencados os vários aspectos que deveriam ser levados em conta para a adoção da melhor estratégia.
Neste artigo vou me valer de um deles, que pode muito bem nos servir de parâmetro para a avaliação de uma situação que assusta a muitos brasileiros, pelo menos àqueles que são honestos e que prezam a sua Constituição.
Beaufre, em seu estudo, coloca os elementos da decisão em uma fórmula que orienta o pensamento do decisor. Desta fórmula destaco o fator K – a liberdade de ação que se teria para adotar essa ou aquela estratégia, utilizar um artefato nuclear ou simplesmente entrar numa guerra. Este fator K leva em conta a opinião pública, a motivação nacional para a guerra e também a provável repercussão internacional.
Como alguns conhecem, as decisões adotadas ultimamente pelos senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal podem ser comparadas ao verdadeiro lançamento de um artefato nuclear ou bomba atômica sobre o ordenamento jurídico existente. O cerco a seguidores do Presidente da República e a última delas, talvez a mais descabida de todas, com a anulação dos processos e das condenações de um dos maiores corruptos que esse país já teve, nos mostram um STF sem medo de violentar aquilo que nos seria mais caro: as nossas Leis e a Constituição.
O ponto chave nessa questão, a falta de medo, é justamente devida ao fator K.
O que vem dando aos senhores Ministros a liberdade para agir? Ao esgarçarem o tecido do conjunto de nossas leis, teriam eles respaldo ou, pelo menos não seriam incomodados?
A liberdade para agir que os Ministros desfrutam vem da imprensa progressista, temente às ideias conservadoras ao mesmo tempo que clama por liberdade de expressão e se cala à censura a determinados brasileiros.
A liberdade para agir vem da impossibilidade de ações de impeachment sobre a corte, fruto dos muitos congressistas com processos criminais no Supremo e que, portanto, assistem a tudo de camarote.
A liberdade para agir vem do próprio ato de censura, que busca calar não só os aprisionados mas todos aqueles que se levantarem contra a corte.
A liberdade para agir vem também da dependência que o Presidente da Republica tem da Corte, no trato das questões no mínimo delicadas, envolvendo a sua prole.
Qual a solução?
Ela não está no “Cabo e Soldado” como rezam alguns. Ela está justamente em cima desse fator K: a opinião pública, a voz popular que, nas verdadeiras democracias, é a grande e única arma para se frear os desmandos.
O povo não pode se calar, o povo deve ir às ruas e exigir dos proclamados defensores da Constituição o estrito cumprimento do seu papel.
Basta!!!
Eduardo Diniz, Um Cidadão Brasileiro.
*Eduardo Diniz é General de Divisão da Reserva do Exército Brasileiro. Mestre em Comando de Estratégia Militar, foi Subcomandante da Escola Superior de Guerra, Comandante da 2a. Divisão de Exército e Comandante da Aviação do Exército
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 17/03/2021
Edição: Ana A. Alencar
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