Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Tudo indica que 2014 será o ano mais quente da nossa história.
As reuniões de Bonn, na Alemanha, e Copenhague, na Dinamarca, realizadas recentemente, deram o tom do clima em que se desenvolverá a Conferência dos Países-Parte do Tratado de Mudanças Climáticas, a COP 20, em Lima, no Perú.
Foi pauta do Grupo de Trabalho que elaborou os documentos que serão discutidos na conferência e objeto do relatório divulgado pelo IPCC (Painel Intergovernamental) os altíssimos episódios de calor ocorridos neste ano de 2014.
A Conferência ocorre no momento em que as agências climáticas ao redor do mundo confirmaram o mês de setembro como o mais quente desde 1880, quando começaram a ser feitos esses registros.
Não é fato isolado. Abril, maio, junho e agosto já haviam batido recordes históricos de alta temperatura.
No entanto, é a primeira vez que o mês de setembro apresenta tão altas temperaturas sem a influência de um forte El Nino (fenômeno climático cíclico, que ainda não se faz presente e deve vir ainda no final do ano).
No ritmo atual, 2014 terminará como o ano mais quente da história desde 1880.
Importante observar a sucessão de fatos. Os 10 anos mais quentes já registrados (média de temperatura global) aconteceram nos últimos 15 anos, sendo 7 nos últimos 10 anos. Há clara evidência que a temperatura média do planeta está subindo e acelerando.
São Paulo, por exemplo, registrou no mês de outubro a maior temperatura média desde 1934 (quando se iniciou a série histórica). Todas as 10 maiores temperaturas registradas em São Paulo aconteceram nos últimos 15 anos e 7 foram nos últimos três anos (2012-2014).
A seca nas regiões sudeste, nordeste e centro oeste do Brasil ocorrem também, guardadas proporções, na Califórnia e boa parte da costa oeste americana.
Nos EUA, os episódios de seca e calor têm sido marcantes e colocam em risco a produção de alimentos, a segurança energética e a saúde das pessoas.
Em algumas regiões do continente antártico, as temperaturas estão 10°C acima da média histórica, provocando degêlos permanentes em glaciais antes considerados perenes.
Como já alertamos em outros artigos, aqui mesmo no Portal Ambiente Legal e no Blog The Eagle View, o clima quente que envolverá a Conferência em Lima, contudo ainda não foi corretamente assimilado pelo Painel Intergovernamental, que, se por uma lado atesta e relata uma situação com perspectivas alarmantes para o planeta, por outro, ainda vende um ilusório protagonismo humano quanto à possibilidade de reverter o fenômeno, com isso permitindo que os governos relevem e adiem medidas de defesa civil, controle territorial, alteração de matrizes energéticas e políticas de produção de alimentos, necessárias para prevenir maiores danos à populações fragilizadas.
Fonte:
www.ambientelegal.com.br/mudancas-climaticas-de-biquini/
www.planetasustentavel.abril.com.br
www.ambientelegal.com.br/brasil-nao-muda-o-clima-da-politica-do-clima/
www.ambientelegal.com.br/mais-do-mesmo-no-mesmo-com-os-mesmos/
http://afppview.blogspot.com.br/2014/08/um-novo-evento-de-extincao-em-massa.html
http://afppview.blogspot.com.br/2013/11/e-preciso-mudar-o-clima-da-politica-de.html
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro da Comissão de Direito Ambiental do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Jornalista, é Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal, Editor da Revista Eletrônica DAZIBAO e editor do Blog The Eagle View.
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