Por Ênio Fonseca*
As mudanças climáticas são o maior desafio ecológico atual e a preocupação social a esse respeito aumenta anualmente.
A descarbonização é o processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, especialmente de dióxido de carbono (CO2). Seu objetivo é alcançar uma economia global com emissões reduzidas para conseguir a neutralidade climática através da transição energética.
A transição energética é definida como um conjunto de mudanças nos modelos de produção, distribuição e consumo de energia para alcançar uma maior sustentabilidade.
É sempre oportuno lembrar que o Brasil possui uma matriz elétrica com cerca de 90% de fontes limpas e renováveis. Não obstante esta situação bastante positiva, muitas outras iniciativas vêm sendo trabalhadas para redução da emissão de gases efeito estufa, como a melhoria do setor de transporte, fortemente utilizador de combustíveis fósseis, o uso de biocombustíveis e a redução do desmatamento.
Financiar a descarbonização do planeta é uma atividade que pode ter custos elevados para toda a sociedade mundial.
Ao gerar receitas com atividade agrícola e créditos de carbono, as agroflorestas podem financiar práticas de restauração para captura de CO2, sendo uma alternativa viável a ser perseguida.
A agrofloresta é um sistema agrícola que combina elementos da agricultura, silvivultura, pecuária de forma sinérgica com os biomas nativos em uma mesma área, buscando integrar a produção de alimentos, fibras, madeira, energia e outros recursos de forma sustentável.
O economista Thiago Gil, em artigo publicado no canal https://www.theagribiz.com/mudancas-climaticas/agrofloresta-um-caminho-viavel-para-financiar-a-descarbonizacao/ afirma que cerca de um bilhão de toneladas de CO2 poderiam ser removidas via reflorestamento na América do Sul a um custo de US$ 45/tonelada (de CO2). Escalando essa quantia, cerca de 2,5 bilhões de toneladas de CO2 seriam removidas a um custo crescente de até US$ 90/tonelada (de CO2).
Ele afirma ainda que os créditos de carbono oriundos de atividades de reflorestamento são negociados a preços que oscilam entre US$ 30 e US$ 50/tonelada (de CO2) no mercado voluntário atualmente, valores que isoladamente, não cobrem satisfatoriamente o custo dos estágios iniciais da curva de oferta estimada.
No aspecto financeiro, a agrofloresta gera receitas tanto pela atividade agropecuária e florestal, quanto pelos créditos de carbono se houver adicionalidade (se for implementada numa área desmatada há muito tempo, por exemplo).
Nesse sentido, essa modalidade de produção pode constituir uma alternativa econômica e ambientalmente viável, em especial associada a iniciativas para reduzir as mudanças climáticas, ou eventos climáticos extremos, sendo uma atividade que atende os princípios ESG e dos Objetivos dos Desenvolvimento Sustentável- ODS 2030, da ONU.
*Ênio Fonseca – Engenheiro Florestal especialista em gestão socioambiental, gestor de sustentabilidade na AMF. CEO da Pack of Wolves Assessoria Socioambiental, Conselheiro do FMASE. Foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam e Superintendente de Gestão Ambiental da Cemig. Membro do IBRADES e da ALAGRO
Fonte: 98Live
Publicação Ambiente Legal, 06/04/2024
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.