Por Augusto de Vasconcelos Dias*
“Estou, em todos os casos, convencido de que Ele (Deus) não joga dados.” – Albert Einstein, dezembro de 1926.
A física quântica mudou o nosso entendimento sobre o universo. E nos trouxe questões filosóficas que até mesmo Einstein se obrigou a entrar num embate intelectual com o físico dinamarquês Niels Bohr e pelo físico alemão Werner Heisenberg.
A ignorância é muitas vezes uma dádiva. Não conhecer a realidade e as consequências de suas ações, faz com que o homem “tire a sorte grande” no jogo de tabuleiro da sociedade.
Mas não existe espaço vazio no universo. E ignorar isso, não significa que não haverá consequências – probabilidades matemáticas de que você tomou a atitude errada, e sofrerá.
Heisenberg disse: “Temos que lembrar que o que observamos não é a natureza em si, mas a natureza exposta ao nosso método de questionamento”. É a forma como observamos o nosso entorno e questionamos a natureza dos fatos que nos permite entender o passado e prever o futuro, de acordo com as probabilidades das consequências de cada ação que tomamos.
Nenhum comportamento humano é imprevisível. Apenas ignoramos os resultados possíveis. Mas não impossível de serem previstos, se formos atentos ao passado. Pois é ali que dorme todo o conhecimento para desvendar os resultados de cada ação humana.
Não me surpreendo com o atual estado letárgico, e trágico, da sociedade raivosa e negacionista mundial. Comportamento este que rasteja e toma mais corpo nos grupos humanos e nações mais deficientes de conhecimento intelectual e cultural.
Se tivéssemos olhado com mais atenção – e aprendido a lição – para fatos históricos da humanidade, teríamos previsto a emersão de lideranças doentias e pecaminosas pelo mundo afora e, evitado o caos e a dissolução na crença da ciência e da busca do verdadeiro conhecimento. Ciência e conhecimento que salvam vidas, evitam doenças, e criam a harmonia social.
E o que nos resta? Corrigir rumos, como faz o motorista lerdo e preguiçoso, que só aciona o GPS de seu carro muito tarde após perceber que tomou o caminho errado por conta própria.
Consequências ocorrem após uma ação. E ao tomar a atitude de sanar ou amenizar essas consequências, outras novas virão. É por isso precisamos aprender e entender que o vácuo não é tão vazio assim. Como os fiscos Werner Heisenberg e Hans Heinrich Euler previram na década de 30.
Urna eleitoral nunca está vazia. Mesmo antes de iniciarmos uma votação, ali já estão o espírito da esperança de milhões de cidadãos em uma sociedade mais harmônica, menos desigual. Não são votos de ódio que construirão um mundo melhor. Votos trazem consequências. Qual a probabilidade de seu voto melhorar o mundo ao seu redor?
Não se joga dados com a vida dos outros.
*Augusto de Vasconcellos Dias é advogado, especialista em Propriedade Intelectual. CEO da AE Internacional Marcas e Patentes. Presidente da Comissão de Propriedade Intelectual do Instituto dos Advogados do Estado de Santa Catarina (IASC). Presidente da Fundação Unitas. Secretário Coordenador do NUSE – Núcleo Multissetorial de soluções Empresariais, da ACIF – Associação Comercial Industrial de Florianópolis. Colaborador da revista Ambiente Legal. Twitter: http://@augustodias.
Fonte: O autor
Publicação Ambiente Legal, 29/12/2021
Edição: Ana Alves Alencar
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista, mas servem para reflexões.