Por Danielle Denny
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável é acima de tudo um evento diplomático. Portanto, as articulações políticas entre as delegações dos diversos países já estão ocorrendo há meses. Na verdade, desde 2010, o Itamaraty está preparando a Rio+20. E nenhuma ruptura está anunciada, pelo contrário, pretende-se um encontro de verificação dos compromissos assumidos até o momento em reuniões passadas. Não vai ser conclusiva, nem sediará assinatura de tratados decisivos como houve na Rio 92 (os quais foram negociados por anos antes daquela conferência). Para a iniciativa privada, as expectativas seguem a mesma toada.
O empresariado faz parte do grande grupo heterogêneo chamado sociedade civil e na Rio+20 se fará representar pelo BASD (Business Action for Sustainable Development), formado por três grandes grupos: ICC (International Chamber of Commerce), WBCSD (World Business Council for Sustainable Development) e UNGC (United Nations Global Compact). Cada um destes grupos congrega empresas individualmente e em conjunto, como as confederações de indústria, comércio e agricultura dos mais variados países.
Para Aron Belinky, da Vitae Civilis, a Rio+20 é uma “peça em dois atos”. Durante os 15 dias, no Rio, será o momento para a sociedade civil, como um todo, expressar seus interesses e prioridades. Serão mais de 500 “side events” no Riocentro, mais de 90 na Arena da Barra, mais de 700 na Cúpula dos Povos. No segundo ato, de implementação de políticas públicas, segundo ele, a sociedade civil precisará encontrar formas de agir e os canais de participação ainda precisam ser mais claros. “Precisará haver pressão sobre os representantes políticos para que sejam convertidas em ações as prioridades identificadas durante a conferência”, afirma Belinky.
Para Marcelo Vianna, da ICC, o mais importante é o “day after da Rio+20”, ou seja, o que vai ser feito posteriormente, em função de como os setores estarão organizados. Afinal, “ninguém é contra as ações sustentáveis. A discussão é sobre como elas devem ser implementadas, por isso o plano de trabalho para os dias seguintes é o mais importante”.

A Rio+20 tem como temática a economia verde no contexto da erradicação de pobreza e do desenvolvimento sustentável. Esse conceito de economia verde foi cunhado pelo Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA), que elaborou em novembro de 2011 um relatório extenso, com 631 páginas, sobre o tema (disponível online em inglês e em português na versão resumida).
Nesse contexto, o BASD identificou 10 condições sistêmicas, que necessitam ser providas para que se chegue à economia verde, conforme explica Olympio Barbanti Jr., especialista em sustentabilidade do Ministério do Meio Ambiente para o diálogo do setor privado na Rio+20. Além disso, apresentou 10 proposições de ações a serem tomadas. Veja o resumo no quadro ao lado.