Por Ana A. Alencar*
Um amigo escreveu esses dias que essa pandemia está revelando o pior lado de muitas pessoas. Ele tem razão, porém, me levou a pensar se o “nosso” pior lado também não está se revelando para os outros.
É muito mais fácil ver o que está à nossa frente, no outro, mas ver o que está dentro de nós nem sempre é fácil, bonito ou o que desejamos ver.
Aproveitando o afastamento social e todo esse clima de incertezas, dúvidas e relacionamentos estremecidos, algumas perguntas precisam ser feitas e refletidas por cada um de nós:
. O pior lado que estamos enxergando é de pessoas que pensam IGUAL a nós ou das que pensam DIFERENTE?
. As pessoas que têm posicionamentos DIFERENTES aos nossos, os demonstram com educação e respeito ou com ironia, sarcasmo e grosseria?
. As pessoas que têm posicionamentos IGUAIS aos nossos, os demonstram com educação e respeito ou com ironia, sarcasmo e grosseria?
. Como demonstramos os NOSSOS posicionamentos? Como os que pensam IGUAL ou DIFERENTE de nós? Com educação e respeito ou com ironia, sarcasmo e grosseria?
. Como nos sentimos quando NOS TRATAM com educação e respeito? E com ironia, sarcasmo e grosseria, como nos sentimos? Bem ou mal?
. Como nos sentimos quando TRATAMOS os outros com educação e respeito? E com ironia, sarcasmo e grosseria, como nos sentimos? Bem ou mal?
. As pessoas que pensam DIFERENTE de nós são nossos familiares e amigos ou apenas conhecidos? Qual a importância delas na nossa vida?
. E a pessoas que têm posicionamentos IGUAIS aos nossos, são familiares e amigos ou apenas conhecidos? O quanto elas são importantes para nós?
. Se essas pessoas que pensam DIFERENTE, estivessem hospitalizadas em estado grave com Covid-19, o quanto isso nos afetaria? Que falta elas nos fariam se morressem dessa doença?
. E as que pensam IGUAL a nós, nessa mesma situação, o que nós sentiríamos com sua morte e ausência?
. Se nós estivéssemos hospitalizados em estado grave, o que as pessoas que pensam DIFERENTE de nós, familiares, amigos ou conhecidos, sentiriam? O quanto a nossa falta afetaria essas pessoas?
. E se fossem as pessoas que pensam IGUAL a nós, familiares, amigos ou conhecidos, o que elas sentiriam? O quanto a nossa falta afetaria essas pessoas?
. Quais dessas pessoas que têm posicionamentos DIFERENTES aos nossos, podemos confiar e contar com elas num momento difícil e/ou a qualquer momento que precisarmos? Quais delas podem confiar e contar conosco incondicionalmente?
. Quais dessas pessoas que têm posicionamentos IGUAIS aos nossos, podemos confiar e contar com elas num momento difícil e/ou a qualquer momento que precisarmos? Quais delas podem confiar e contar conosco incondicionalmente?
. Pensando DIFERENTE ou IGUAL a nós, vale a pena nos afastarmos ou rompermos relacionamentos com familiares, amigos ou conhecidos?
. O quanto estaremos melhor SEM essas pessoas ou COM elas na nossa vida?
. O quanto nossos familiares, amigos ou conhecidos estarão melhor SEM ou COM a nossa presença em suas vidas?
. Finalmente, estamos vendo o NOSSO pior lado ou apenas o pior dos OUTROS?
Muitas outras perguntas podem ser feitas e pensadas sobre o momento que estamos vivendo e, também, em outros na nossa vida pós pandemia Covid-19.
O que precisamos agora é focarmos em nós mesmos, nas nossas REAÇÕES, na forma como estamos vendo as dos outros e como estamos refletindo as nossas. É termos coragem de nos olharmos nua e cruamente, sem filtro, e repensarmos o nosso hoje tendo o amanhã como horizonte, sabendo quem queremos que esteja ao nosso lado nesse processo e, continuamente.
Parodiando uma frase lida por aí, desejo que o vírus do AMOR e RESPEITO contamine a todos!
*Ana A. Alencar, poeta e pedagoga, é professora da rede municipal de ensino básico de São Paulo e colaboradora do Portal Ambiente Legal
Publicação Ambiente Legal, 17/04/2020
Edição: Ana A. Alencar
Você disse tudo Ana concordo com você em tudo…