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ATÉ UM DIA, DOMINGOS FERNANDES

by Portal Ambiente Legal
4 de dezembro de 2020
in Ambiente Livre, Geral
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ATÉ UM DIA, DOMINGOS FERNANDES

Reunião do Partido Verde - agosto de 1995. Domingos Fernandes é o terceiro a partir da esquerda (foto - arquivo AFPP).

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Morre a alma do Partido Verde no Brasil, e um grande amigo que perdi ainda em vida

 

Reunião do Partido Verde - agosto de 1995. Domingos Fernandes é o terceiro a partir da esquerda (foto - arquivo AFPP).
Reunião do Partido Verde – agosto de 1995. Domingos Fernandes é o terceiro a partir da esquerda
(foto – arquivo AFPP).

 

Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*

Ex-presidente estadual do Partido Verde em São Paulo, Domingos Fernandes, faleceu aos 74 anos. “Ele formulou parte importante de nosso ideário e espero que esse reconhecimento seja eternizado na memória do Partido Verde do Brasil”, afirmou o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, em uma minúscula nota de pesar publicada no site da sigla partidária.

É muito pouco. Domingos Fernandes merecia muito mais. Presto aqui minha singela homenagem contando um pouco do que ele deixou registrado em minha vida.

A foto acima é de 1995 – reunião do Partido Verde. Na mesa, me cercam os dirigentes José Luiz Penna, Domingos Fernandes e Marco Mroz. Cenas como essa se repetiram por muitos anos, em situações variadas, nos anos 1980, 1990 e 2000, até minha candidatura pelo PV ao governo do estado paulista, em 2002.

A ideia da minha candidatura foi de Domingos Fernandes. Ele me fez o convite em uma conversa reservada, no Hospital Sírio Libanês, onde se encontrava convalescendo de uma cirurgia. Domingos traçou sua estratégia: lançar uma candidatura independente ao governo do estado pela primeira vez na história do partido, porém com um perfil mais denso, com conteúdo mais conservador – para sair do “oba oba” performático que caracterizava parte da militância dos verdes e exprimir confiabilidade. O objetivo estratégico era firmar a marca do partido, longe das coligações, para dar visibilidade aos candidatos ao parlamento e, finalmente, formar uma bancada partidária.

Conhecia Domingos, então, já há mais de duas décadas. Ainda era estudante universitário quando dei-lhe as boas vindas, quando voltou do exílio com vários outros companheiros, após a anistia, empenhado no compromisso da “Carta de Lisboa”, firmado no exílio, de formar um grande partido social-democrata no Brasil. Estávamos engajados nesse projeto, que ruiu muito cedo, em 1980, com Brizola, e desde então Domingos começou a articular a opção verde.

Desenvolvemos, desde essa época, uma belíssima amizade. Enquanto outros amigos retornados do exílio expandiam suas emoções e se dispersavam em militâncias várias, outros ganhavam enorme fama provendo a imprensa com um novo e crítico conteúdo, Domingos Fernandes permanecia discreto, frio e muito focado. Eu o admirava muito por isso. Nossas conversas varavam noites, pois o seu gênio estratégico cativava. Domingos fora o “Barba” da ALN, lugar-tenente de Carlos Marighella – uma fonte riquíssima da história recente do Brasil. Dele ganhei os Escritos Militares de Lênin e o Manual do Guerrilheiro Urbano de Marighella, em edições muito raras, e também o Fantástico “Da Ecologia à Autonomia” – um debate entre Daniel Conh-Bendit e Cornelius Castoriadis cuja leitura representou uma grande mudança de paradigmas para minha vida.

Os relatos, as táticas, as histórias do período em que lutara na luta armada, durante o regime militar, sua prisão e troca pelo embaixador suíço sequestrado, sua ida para o Marrocos, a vida e o treinamento em Guerrilha em Cuba, e o périplo organizacional no exílio, por Europa e América hispânica, a profunda decepção com os regimes comunistas e a afirmação do compromisso com a democracia e a economia de mercado, foram por ele – e outros novos amigos que fiz naquela época de descoberta, contados e recontados várias vezes, sob vários aspectos, nos encontros que tínhamos, e nos quais não somente eu como uma gama grande de amigos aprendiam e se admiravam.

Houve uma época que me dediquei a ir muito ao Rio de Janeiro, no início dos anos 1980, não tanto por estar envolvido com essa articulação partidária, mas sim, por estar vivamente interessado em uma ex-guerrilheira que mexera com meus brios e pudores pequeno-burgueses de recatado estudante paulista. Domingos era o único a, discretamente, saber a natureza das “missões” de incursão a Santa Tereza – com direito a bondinho e hospedagem no “aparelho” dele, vizinho ao do cineasta Lael Rodrigues, que tive o privilégio de conhecer (e que morreu muito novo). As festas nesse período, naqueles apartamentos do Curvelo, no início dos anos 1980, foram memoráveis. Primeiro pela fauna carioca, que acorria para ver de perto as figuras icônicas do imaginário de uma guerrilha urbana (que de romântica, de fato, nada teve), segundo porque era impressionante a quantidade de beldades femininas que acorriam para a festa – e este humilde estudante paulista, então solteiro e descompromissado, literalmente, fazia a festa.

Os anos se passaram, mas o prazer do encontro, da troca de ideias – e o aprendizado que decorria desta impressionante capacidade de raciocinar estrategicamente, que Domingos Fernandes possuía, marcaram toda a minha passagem da juventude á maturidade, bem como constituíram o elo de ligação que mantive entre os anos 80 até os anos 2000 com o Partido Verde.

Em 2002, a estratégia de Domingos Fernandes, mais uma vez, vingou – e desta vez, servi de ferramenta para esse sucesso, correndo todos os riscos inerentes à essa aventura. O Partido Verde, que até então se resumia a um deputado federal (Gabeira) e mantinha na Assembleia um único representante (Gondin), saiu dessas eleições com cinco deputados estaduais e dois federais eleitos em São Paulo. A missão estava cumprida.

O problema é que a campanha eleitoral resultou num somatório de decepções pessoais com a direção do partido, incluso meu amigo de vinte anos, Domingos Fernandes. A campanha eleitoral de 2002 encerrou minha ligação com o PV e sepultou minha amizade com Domingos. A iniciativa do rompimento foi minha, e foi definitiva. De tempos em tempos, disfarçando o orgulho besta, tinha informações de Domingos por meio de amigos comuns. Passaram-se 18 anos e, agora, soube que Domingos faleceu. De imediato, enquanto escrevo essas linhas, me vem á cabeça a frase angustiante do poema de Fernando Pessoa: “O irreparável do meu passado — esse é que é o cadáver!”.

Quem sabe, no outro lado, possa um dia reencontrar o Domingos e, simplesmente, dar-lhe o abraço afetuoso e restaurador que fiquei aqui lhe devendo.

 

AFPP-MAR2020*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor-Chefe dos Portais Ambiente Legal, Dazibao e responsável pelo blog The Eagle View.  Twitter: @Pinheiro_Pedro. LinkedIn: http://www.linkedin.com/in/pinheiropedro

 

Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 04/12/2020
Edição: Ana A. Alencar

 

 

Tags: Domingos Barba ADomingos FernandesDomingos Nicanor Fernandes de Souzantonio Fernando Pinheiro PedroPartido VerdePinheiro PedroPV
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