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AS GRIFES DE ONTEM – Marco Aurélio Arrais

by Portal Ambiente Legal
27 de junho de 2016
in Ambiente Livre, Geral
3
AS GRIFES DE ONTEM – Marco Aurélio Arrais
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moda

 

Por Marco Aurélio Arrais

Fico vendo e pondo reparação na importância que o povo de hoje dá na maneira de vestir e calçar. Exigem que os apetrechos de uso sejam de marca considerada, de preço avantajado e de modelo quase que exclusivo.

A mulherada só usa badulaques de nome importado, fazendo inveja umas nas outras, numa ostentação de pavão com o rabo aberto (o rabo do pavão, entenda-se).

Até a machaiada é propensa a usar essas vestimentas de alto luxo, fazendo combinar as cores de cueca com meia. Um trem do mais esquisito!

A oferta de mercadoria nas lojas é de uma diversidade e de um volume sem medida. Quem tem dinheiro para pagar, enche sacolas. Quem não tem faz dívida, parcela o pagamento, ou compra os tais de produtos piratas, para poder se exibir com mais conveniência.

Na minha juventude, as opções eram quase nenhuma. Calça esporte era a tal de Faroeste, feita de um brim azul, grosso e quente. Camisas eram as de manga curta, de tecido, compradas no monte. Digo no monte, porque eram amontoadas em caixas, no meio das lojas dos turcos, na rua 4, onde podíamos escolher à vontade entre, no máximo, uns seis modelos diferentes.

Camisa comprada dentro de caixa avulsa, era coisa de gente mais calibrada nos cobres, e que podia pagar pela exclusividade.

Quando comecei a trabalhar, comprei uma camisa sem gola, listrada de preto e branco. Era feita de maneira que tinha pequenos furos no tecido. Era de uma moderneza danada! Minha alegria durou pouco, pois meu pai ao me ver vestido, intimou sua destruição, pois aquilo não era roupa de macho, me inquirindo se tinha perdido o juízo e a vergonha.

Cueca, era a antiga samba canção, de abotoar, também conhecida como bucetão, devido à enorme abertura na frente. E de cor branca. Só depois que inventaram a tal cueca de espuma de nylon, de malha, é que passaram a vir em cores diversas. No início, houve alguma rejeição, pois pareciam calcinha de mulher. Mas depois foram aceitas, pelo conforto que proporcionavam. As tais samba canção tinham o defeito de enrolarem nas pernas e causarem esfolamento e assadura nas virilhas e no saco, num desconforto danado. Aí, a mania dos homens daquele tempo, de ficarem enfiando a mão dentro das calças, tentando desenrolar as cuecas que causavam aflição.

Sapato era um só, o Vulcabrás. Era um sapatão muito feio, parecido com um sapo cururu. Feito de uma mistura de borracha com couro sintético esquentava os pés, pois sendo todo fechado, não permitia qualquer ventilação. O solado, de quase dois centímetros, de borracha prensada e dura, era pesado e rígido. Causava um chulé desgraçado, além daquelas frieiras brabas, que fediam a bacalhau. Hoje seria proibido pelo Ministéiro da Saúde. Se ainda fosse comercializado, teria um aviso como as carteiras de cigarro: “Este produto é chulegígeno. Não deve ser descalçado em público”.

Nos fins de semana a gente aliviava os pés calçando as “Alpargatas Roda”. Eram o tênis da época. Em cores diversas, eram feitas de uma lona macia, no feitio de sapatilha, e o solado era de fibra vegetal, a mesma com que se fabricavam cordas. Eram macias e leves, muito confortáveis. Mas tinham um problema grave. À medida em que iam sendo usadas, o solado de corda se desmanchava, fazendo com que aquele cordame abrisse para os lados, e ficasse parecendo a borda de um capacho velho. Para não ficar muito feio, era aparado na tesoura ou com um tição. E tinha outro defeito sério, que podia botar tudo a perder. Se pisasse numa poça de água, ensopava tudo. Para secar, era necessário ficar um dia inteiro ao sol. Era também necessário prestar bastante atenção no que pisava, principalmente se andasse à noite, no escuro. Não podia, de maneira alguma, pisar em bosta. Aí desgraçava tudo.

Não dava para limpar com graveto e nem tinha como lavar com água. Se molhasse, a merda entranhava sola adentro, causando perda total. Já voltei para casa descalço, tendo de jogar fora o calçado, depois de um acidente desses.

Durante toda minha adolescência, tive uma vontade danada de possuir um blusão de couro, igual ao que via nos filmes. Nesses ditos filmes, os motociclistas transviados usavam blusões de couro pretos, cheios de bolsos com ziperes, com enfeites em aço brilhantes. E possuiam uns canivetes automáticos, que soltavam a lâmina quando apertavam um botão!

O mais próximo que cheguei do tal blusão de couro, foi ter conseguido um de napa, um material que era um tecido grosso revestido som uma camada de plástico que, com o tempo, começava a rachar e descascar, além de ser quente e nem um pouco maleável. A sensação era de estar vestindo uma armadura. E era feio de doer!

Do tal canivete nunca pude ter um. Em Goiânia dos anos 60, não existia em loja alguma, e mesmo se existisse, eu não teria dinheiro pra comprar. O jeito foi me virar com um punhalzinho de mais ou menos um palmo, que encontrei numa caixa cheia de coisas velhas, num depósito, na casa de minha avó. Ela era de corte duplo, com um cabo muito bonito, enfeitado com aneis de metal nas cores vermelha, preta e amarela. Um cachaceiro irresponsável, que frequentava os botequins da Nova Vila me ensinou como envenenar a lâmina, com uma mistura de alho e solução de bateria. Segundo ele, bastava riscar o couro do oponente, que a ferida inflamava. Nunca tive ânimo para por essa teoria à prova. Quando fui morar com minha tia Mimi, em São Paulo, ela confiscou meu punhalzinho, como medida educacional e civilizatória.

Certa feita encontrei dentro de um armário velho, uma porção de revistas denominadas “Saúde e Nudismo”. Em algumas estava escrito o nome do meu tio Wilson. Elas continham fotografias, em preto e branco, de mulheres peladas. Eram umas moças meio gordotinhas, de coxas grossas e bundas avantajadas. Todas tinham a xoxota cabeluda e algumas, cabelo no sovaco. Aquilo foi um tesouro! A molecada da vila era reunida, escondida no fundo do quintal da chácara, para apreciar aquelas belezuras.

Tínhamos todos por volta dos doze anos, e foi assim que ficamos sabendo como era uma mulher pelada, fazendo comparações com as moças conhecidas.

A alegria acabou quando a Mãe Nega descobriu a coisa e contou para minha avó Julieta. As revistas foram transformadas em combustível para o fogão à lenha. O padre Vitale, pároco da igreja do bairro, um holandês muito alto, feio e rigoroso na cobrança dos pecados alheios foi comunicado das minhas safadezas. E pela enormidade de tais pecados, fui condenado a fazer uma novena completa, onde ia acompanhado pela Mãe Nega, para a salvação da minha alma, que já descambava pelos caminhos da perdição.

Felizmente a tal novena não tirou meu interesse pelas mulheres, nem me causou qualquer preocupação quanto à eventual “salvação” da alma daquele menino que fui um dia.

Marco Aurélio Arrais

Marco Aurélio Arrais, natural de Goiânia, advogado (PUC-GO), contador de causos, é pesquisador da história do Brasil ou, como ele mesmo se denomina, “um curioso de nossa história”. Colaborador do Portal Ambiente Legal

 

 

 

 

 

 

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Tags: anos 50/60Artigoscontos goianosMarco Aurélio Arraismemórias de juventudemodasobre a moda
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Comments 3

  1. Aldo Cardoso says:
    9 anos ago

    Passando por aqui não tive como deixar de visitar essa página do meu prezado Marcão e, nesta crônica em que fala de “Grifes…”, isso não passa de álibi para atrair a atenção das mulheres, principalmente, por serem elas o assunto mais cobiçado de sua vida. Para ele, o mundo não precisava ter mais do que três coisas: torresmo, pinga e mulheres! A ordem aqui tanto faz!
    Mas não há como discordar de suas reminiscências sobre as grifes daqueles anos porque as vivenciei e eram de fato como diz.
    Bem, mas de grifes a crônica bem humorada passa pelas mulheres e suas particularidades e vai descambando até bem próximo do purgatório e, como que se penitenciando, finaliza falando de pecados e “salvação”, um bom começo, mesmo que entre aspas.

    Responder
    • Marco Arrais says:
      9 anos ago

      Aldo, o tal do purgatório foi desativado pelo Papa João Paulo II. As almas que lá estavam, devem ter sido realocadas em algum outro recanto sideral. Além da pinga, torresmo e mulheres, sou apaixonado por meus livros, meus discos e meus filhos e netos (3). Quanto à salvação, tenho um certificado de peregrino, que recebi na Basílica de Santiago de Compostela, na Espanha. Com assinatura e carimbo, na forma da lei. Uma abraço, amigão. Obrigado pelo incentivo. Marcão

      Responder
  2. Alexandre Brito says:
    9 anos ago

    Ótimo texto, essas peripécias de criança no as meninas meus tempos na cidadezinha no interior de Minas. Parabéns Marcao.

    Responder

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