Trabalho irá fundamentar políticas públicas para emissões de CO²
Por Danielle Denny
A exemplo do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão científico da Organização das Nações Unidas (ONU) que busca sistematizar o conhecimento técnico na área do clima, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) lança seu primeiro relatório nacional. O documento foi tema de uma reunião técnica realizada nesta terça-feira (16) na sede da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).
Composto por 3 volumes: Base Científica das Mudanças Climáticas; Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação; e Mitigação das Mudanças Climáticas, o relatório apresenta o estado da arte na área de mudanças do clima.
Para Eduardo Assad, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias (EMBRAPA), um dos autores do relatório, o Brasil poderá reduzir as emissões anuais do setor energético, em até 35%, até 2030, com a maior parte das ações realizadas pelo setor industrial, se houver investimento em maquinário de alta eficiência energética, substituição de combustível fóssil por energia eólica, fotovoltaica (solar) e de biomassa, como a decorrente do bagaço da cana-de- açúcar. Contudo, ainda assim, segundo ele, as emissões permanecerão 28% mais elevadas em 2030 do que em 2008.
Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UNB), também uma das autoras do relatório, ressalta a necessidade do setor público no Brasil se envolver mais com o mercado de carbono. Conforme simulações realizadas, o desenvolvimento sustentável seria possível com um volume de financiamento que não é absurdamente elevado e que pode ser estimulado pela venda de créditos de carbono e por instrumentos de política pública.
A pesquisadora ressalta ainda que as metas voluntárias do Brasil precisam ser revistas, pois, com o sucesso do esforço de redução do desmatamento, o perfil das emissões brasileiras mudou muito, se assemelhando ao dos países desenvolvidos. Nesse sentido, um dos pontos positivos do relatório, para ela, é identificar quais são as lacunas, para reduzir incertezas e propiciar melhor governança do tema no Brasil.
Segundo Andrea Santos, secretária-executiva do PBMC, a importância do trabalho é fornecer elementos científicos para fundamentar políticas públicas no país, além disso, favorece o desenvolvimento de metodologias nacionalmente apropriadas para o monitoramento das emissões, auxiliando na verificação das Metas dos Planos Setoriais de Mitigação e da Política Nacional sobre Mudanças Climáticas.
Os estudos tiveram início em 2010, envolveram cerca de 350 cientistas de várias partes do país e, depois de alguns meses de consulta pública, haverá um lançamento oficial, provavelmente em setembro.