Por Fernanda Medici
As discussões sobre meio ambiente, visto como um problema global, tiveram início na Convenção das Nações Unidas (ONU) em Estocolmo – 1972. Ali, autoridades politicas e ambientais apontaram a degradação ambiental provocada pelo homem, como o vilão, postado no caminho das futuras gerações.
Essa corrente de pensamento e ações transformou a forma de zelar pelo bem da humanidade. Daí nasceu o conceito de sustentabilidade, que articula as relações sociais, econômicas e ambientais em um só compasso e harmonia.
Após vinte anos, um novo encontro mundial ocorreu na cidade do Rio de Janeiro – denominado ECO 92, na qual se firmou o compromisso das nações com o novo conceito dedesenvolvimento sustentável.
As duas últimas décadas foram marcadas por catástrofes ambientais: seca, tsunamis, ondas de calor, terremotos e etc. Todos esses eventos levaram a sociedade a um “choque ambiental”. O efeito foi uma reação eufórica mundial pelas questões ambientais, gerando discursos quase que padronizados, elevando o equilíbrio ambiental à condição de uma utopia.
O fato é que, a todo momento, “campanhas” assombram o cidadão comum, alertando para o cuidado que se deve ter com o meio ambiente, “caso contrário o fim do mundo se aproximará”.
“Tome banho de 2 minutos”, “não dê descarga todas as vezes que for ao banheiro”, “não coma carne vermelha”, “consuma menos”, “extração de minério é feio”, “construirestradas e portos irá desmatar áreas verdes”, “indústrias emitem gases causadores de efeito estufa” e por aí… vamos vendo e vivendo entre clichês sociais.
“Sustentabilidade” virou um “fardo” na vida do cidadão. O verdadeiro conceito de harmonia social transformou-se em um impasse. O fato é que toda e qualquer discussão ligada a sustentabilidade só leva em consideração o viés ecológico.
Será que o conceito de meio ambiente está vinculado apenas ao retrocesso da economia?
A preservação ambiental não pode ser discutida sem levar em conta o desenvolvimento. A “euforia ambiental” não pode ser maior que a necessidade de alimentar 7 bilhões de habitantes no planeta.
A padronização rasa do discurso, como mero slogan de uma propaganda qualquer, na ânsia de solucionar problemas ambientais legítimos, ao que tudo indica, induz à ignorância quanto às necessidades de desenvolvimento econômico dos povos.
A China é o país que mais polui. No entanto, é a nação que mais investe em energia renovável.
O produto transgênico pode ser um problema ambiental; no entanto, pode também ser a solução para alimentar mais de 1 bilhão de pessoas que passam fome no mundo. A energia a carvão é a mais poluente, porém também é a mais barata para quem não tem como suprir energia e nem pagar pela tecnologia. Obra traz desmatamento, mas possibilita fazer uma compensação que seja ambientalmente vantajosa.
A sociedade precisa se livrar do “discurso padrão” e de “dogmas” ambientais. Precisa analisar como cada região, cada cidadão, pode contribuir com o meio ambiente, sem que isso signifique abdicar do bem estar. Não dá para aplicar padrões europeus em países africanos – as necessidades são diferentes.
Sustentabilidade é possível. Porém, não pode ser discutida somente pelo viés “verde”, sem levar em conta as particularidades humanas e o desenvolvimento de cada nação.