Instituto aposta no reaproveitamento de resíduos como ferramenta pedagógica
Por Fernanda Médici
A apresentação de uma banda composta por crianças e adolescentes chamou a atenção de quem visitou a 11ª Conferência de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas da Cidade de São Paulo. Batizado como Reciclasom, o conjunto usa instrumentos reciclados e é resultado da iniciativa do Instituto Terra Viva (ITT).
O ITT é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que tem como objetivo a reeducação ambiental, a inclusão social das comunidades carentes e o desenvolvimento sustentável.
O instituto está localizado em São Matheus, na zona leste da capital paulista, região pobre, carente de infra-estrutura de saneamento básico, coleta de lixo regular e asfalto em todas as ruas. Nas palavras da diretora do ITT, Solange Maria dos Santos, “o que se busca, no fundo, é o resgate da dignidade dos moradores, que não tem muitas opções”.
As atividades estão divididas em seis projetos: Capoeira, Espaço Jovem, Oficina de Espanhol, Brincando e Aprendendo, Oficina de Música Reciclasom e Oficina de Artesanato.
Dentre seus projetos, o mais famoso é o Reciclasom, patrocinado também pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) desde o ano passado. Idealizado pelo músico e educador social Márcio Valério Mendes dos Santos, o Reciclasom faz as crianças se envolverem desde a criação dos instrumentos com materiais reciclados até chegar às aulas de teoria musical e violão.
O ITT também oferece atividades na área educacional, com oficinas para reforço escolar. As salas são divididas de acordo com a idade. Para crianças de 5 anos a 10 anos, são desenvolvidas atividades lúdicas complementando a alfabetização e estimulando o gosto pela leitura. Para os adolescentes de 11 anos a 18 anos, é oferecido reforço na área de idiomas com aulas de português, inglês e espanhol.
As oficinas educacionais dispostas pelo ITT à comunidade recebem resíduos para confecção dos instrumentos e dos produtos artesanais diretamente do Aterro Inerte de Itaquera, que doa o material para que sejam reciclados. Todo o dinheiro arrecadado é investido para a melhoria do ITT, que também trabalha com parcerias e doações de empresas e pessoas físicas.
Uma parceria do ITT que tem dado certo foi feita com a empresa Pepec Ambiental, que transporta, trata e recicla resíduos em São Paulo. A Pepec doa 1% do faturamento que obtém com a máquina Hammel, equipamento importado da Alemanha que reaproveita o entulho da construção civil como matéria-prima para novos tijolos. As sobras da construção são jogadas dentro da máquina, trituradas e processados para virarem insumos. Os produtos feitos a partir do entulho custam cerca de 30% mais barato. A Hammel está sendo utilizada para realizar obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016.
Compromisso ambiental
Edu Renes e Rennan eram jardineiros em Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira paulista. Eles se conheceram e descobriram que, além de gostar de cantar, poderiam fazer juntos algo pelo meio ambiente.
Desde 2009, quando oficializaram a parceria, os dois, por meio da música, passam em seus shows a consciência da preservação do meio ambiente e a preocupação com as gerações futuras.
Segundo Rennan, não basta cantar, “mas conscientizar nosso público sobre a importância de ser sustentável.”
A dupla, que já se apresentou no rodeio de Barretos, grava este ano seu primeiro CD. “Vamos doar parte do lucro ao Instituto Terra Viva”, promete Rennan.