Mulheres buscam igualdade e equilíbrio
Por Ana Alves Alencar e Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
Considerada ainda, em muitos lugares do mundo, como ser inferior e submisso aos homens, a mulher busca incessantemente a igualdade, afirmar sua capacidade e conquistar independência no meio em que vive.
Essa luta no campo social e econômico passa pela superação do paradoxo, de ordem antropo-cultural, que invoca o zelo feminino pelo ambiente familiar, pelo “cuidar da casa” – intimamente vinculado à associação da figura da mulher à própria natureza, à Mãe Terra.
Esse vínculo antropológico, de fato, não reduz – amplia sobremaneira o espectro feminino sobre a natureza das coisas.
A relação ambiental é evidente. Como nosso planeta, a mulher vem sendo tratada com desrespeito e explorada predatoriamente, ao mesmo tempo em que recai sobre ela, a responsabilidade da preservação e continuidade da espécie.
Partindo desse aparente paradoxo, surge, em 1974, o termo ecofeminismo, utilizado por Françoise d’Eaubonne, em sua obra “Le Feminism ou la Mort” (Feminismo ou a Morte), definido como “a capacidade das mulheres, como impulsoras de uma revolução ecológica, de ocasionar e desenvolver uma nova estrutura relacional de gênero entre os sexos, bem como entre a humanidade e o meio ambiente.”
mplamente disseminado, o ecofeminismo passou a ser uma bandeira de luta, principalmente para mulheres das regiões mais pobres e mais opressivas do planeta.
O movimento fez surgir projetos, empreendeu lutas e fez surgir líderes femininas em prol da causa da proteção e preservação da natureza, articulada com a luta pela igualdade de direitos e de responsabilidades entre mulheres e homens.
O ecofeminismo busca pôr fim à cultura patriarcal, de submissão da mulher frente ao homem e aos governos, busca uma relação de parceria, de igualdade e melhoria de condições de vida. Na defesa do meio ambiente, busca a valorização de todos os seres e da vida, como um bem a que todos tem direito.
Existem pelo mundo várias definições e ações ecofeministas, algumas mais radicais, outras mais flexíveis. Todas tem em comum a união do movimento feminista com o movimento ecológico, a articulação entre ações de luta por direitos iguais entre homens e mulheres e ações em prol da sustentabilidade na defesa do meio ambiente.
A defesa da natureza e o desenvolvimento de uma vida sustentável é o meio que muitas mulheres estão encontrando para não apenas melhorar condições de vida, da própria família e da comunidade mas, também, afirmar capacidade, competência, força e coragem para liderar essas conquistas em sociedades opressoras, discriminadoras e violentas.
Ecofeministas declaradas ou não, as mulheres têm tomado a frente, de fato, na defesa da preservação do meio ambiente.
A defesa do equilíbrio ambiental abrange desde as mulheres que trabalham e lutam no seu bairro, comunidade, tribo ou emprego, até as que já se encontram no alto escalão de empresas, de órgãos governamentais e na liderança de organismos não governamentais.
A sensibilidade feminina, aliada à força natural do sexo, tem sido fator determinante no empoderamento ecofeminista, com destaque para várias líderes mundo afora.
Vamos sair do lugar comum para indicar líderes do verdadeiro cotidiano.
Vandana Shiva, física, filósofa, pacifista e feminista, é uma das pioneiras do movimento ecofeminista e diretora do Research Foundation for Science, Technology and Ecology.
Foi pioneira na luta por um modelo de desenvolvimento ecológico e centrado no papel das mulheres. Hoje, essa ativista indiana continua a advogar os direitos dos pequenos agricultores e a sua soberania sobre sementes agrícolas.
As norte-americanas Becky Straw e Jody Landers se conheceram na África e desde então juntaram forças para ajudar pessoas necessitadas e ainda colaborar com a preservação ambiental.
Fundaram o The Adventure Project que realiza trabalhos que impactam as áreas da saúde, qualidade de vida, geração de renda e o meio ambiente das comunidades atingidas por danos ambientais.
A jovem norte-americana Mariah Smiley, com apenas 14 anos, fundou o Drops Love, que a partir de doações de um(1) dólar pessoa, constrói poços artesianos em comunidades carentes da América Latina, onde não há água potável de fácil acesso.
Na Europa o movimento é bastante organizado, com destaque para movimentos na França e na Espanha.
Muitas mulheres, de todas as idades, em vários lugares do mundo, têm se tornado autoras de projetos na área da sustentabilidade, mesmo sem a bandeira do ecofeminismo.
No Brasil, embora o termo ecofeminismo seja ainda usado timidamente, é comum vermos, espalhadas pelas cinco regiões, líderes femininas em comunidades pobres.
No entanto, apesar do discurso oficial, não há programas efetivos de governo e ONG´s, dedicados a investir nessas mulheres. Muitas necessitam de apoio tecnico, orientação legal e aporte financeiro mínimo para desenvolver seu trabalho em defesa da preservação ambiental, de seus direitos e assunção de responsabilidade social e ambiental na comunidade em que vivem.
Iniciativas brasileiras, nesse campo, já ocorreram: microcrédito, programas assistenciais cujo protagonista responsável por receber o benefício é a mãe de família, etc. No entanto, não alcançaram até o momento uma escala digna de obter um apoio expressivo do movimento ecofeminista.
Com certeza, esse é um bom campo para unir esforços de homens e mulheres, em iguais condições, para buscar qualidade na melhoria das condições de vida no Brasil.
*Ana Alves Alencar é professora, poetisa e colaboradora na edição e redação na revista Ambiente Legal .
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro da Comissão de Direito Ambiental do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 08/03/2026
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.
Excelente artigo. Grata.
If anyone wants to really discover the reasons for the conflict in the Middle East, they need to read this book. It is objective, well researched, and, most of all, finally provides a clear outlook from the Palestinian point of view as well as the Israeli. Written by an Israeli and an Egyptian, the book digs into the real issues dividing two people who were promised one land. The reader will finish reading the material and wonder why the BBC program wasn’t touched in the US and understand why Americans are so ignorant of the facts surrounding the establishment of the state of Israel and the loss of the nation of Palestine.
não consigo nem imaginar a relação de superioridade de um gênero sobre o outro, somos todos tão necessários para a vida. Assim, todo movimento que nos ajuda a perceber nossa igualdade de valores é por demais necessário.