A mesmice instala sinais trocados, mas é possível divisar claramente a renovação nas eleições de 2018
O Brasil se depara com uma bifurcação no fim do tortuoso caminho das eleições de 2018.
As direções são distintas, no entanto, os sinais apostos no caminho não as indicam com a devida clareza. De fato, a má sinalização decorre do confuso quadro institucional que pavimenta todo esse processo, propositadamente desfocado para frear a livre expressão da soberania popular.
A mesmice em ação
De fato, hoje, a expressão da soberania popular é subjugada por regras mal feitas, emendadas, remendadas e interpretadas casuisticamente por um Poder Público sem qualquer legitimidade.
A perda da legitimidade do Poder Público, se já era crescente, tornou-se inconteste em 2013, quando explodiram gigantescas manifestações assertivas, que revelaram o descrédito popular nas autoridades constituídas da República. Ficou evidente o profundo descontentamento do cidadão com o funcionamento, a representação e a organização de seu sistema político.
O quadro político e econômico, desde então, só se agravou, evidenciando junto à opinião pública a existência de um establishment parasita, formado pelo lodo da corrupção, do fisiologismo, do rentismo, da parasitagem cultural e da burocracia. Esse lodaçal disfuncional não guarda qualquer compromisso com a Nação e se mantém entranhado no “deep state” – o Estado Profundo, de onde emite sinais trocados à cidadania – e assim age como reação ao risco crescente de ver-se desalojado da organização política da sociedade.
A organização partidária expressa toda essa reatividade.
Com o advento da Operação Lava-Jato, ficou evidenciada a relação promíscua dos partidos com os fornecedores de bens e serviços ao Estado. Posto o fato, o establishment recuou da escolha pelo financiamento privado das campanhas para adotar o financiamento público. Passou, assim, a drenar os recursos do contribuinte.
Resolvida a questão financeira, o Estado permitiu às lideranças partidárias sufocar a renovação de seus próprios quadros, e assim o fizeram direcionando ao seu bel prazer a verba pública de campanha recebida, para irrigar preferencialmente, os parlamentares e administradores candidatos à reeleição.
Têm-se assim, que a renovação no parlamento, se depender da vontade das organizações partidárias, poderá contrariar o rumo natural da evolução do quadro político institucional.
O presidencialismo de coalização
Na outra ponta desse mesmo barco, o establishment conspira contra a República, trabalhando de forma intestina para que não ocorra qualquer alternância na chefia dos executivos estaduais e federal.
Trabalham os que gerem o regime atual, para que permaneça no poder a repactuação dos grandes partidos em torno de uma candidatura esquerdista ou moderadamente esquerdizóide, no arco de alianças incrustado no governo desde o advento da Nova República, de José Sarney a Temer – passando por FHC, Lula e Dilma. Esse arco de alianças é chamado “presidencialismo de coalização”.
O presidencialismo de coalização gerou profundas distrofias que desfiguraram o sistema democrático. Entronizou o crime organizado da estrutura de poder, pulverizou mensalinhos parlamentares em praticamente todo o território nacional, distorceu contratações de bens e serviços na Administração Pública, judicializou a gestão, reduziu completamente a capacidade de investimento público, direcionando as verbas para pagamento de pessoal, conspurcou a base moral da sociedade, degradou a unidade familiar, expandiu a violência urbana, gerou insegurança jurídica, destruiu a confiança e institucionalizou a corrupção.
Esse Estado-Parasita não está disposto a “largar o osso”. No cerne do arco de alianças, insere-se um processo de gradativa perda das liberdades civis e estatização das relações econômicas, que envolvem um projeto de poder hegemônico, com vínculos internacionais e comprometido com a relativização da soberania nacional.
Não por outro motivo, nos últimos anos, face á ameaça de resgate da cidadania, o establishment ocupou-se de organizar imensa resistência á troca das urnas eletrônicas por aparelhos que imprimissem o voto de cidadão, permitindo auditoria e recontagem.
O establishment tratou também de ampliar regras de controle, impondo uma camisa de força no processo eleitoral. Essa exacerbação no controle da espontaneidade transformou a campanha eleitoral em um imenso cartório, em que se procura sistematicamente induzir a escolha do eleitor, submetendo-o a uma poluição de pesquisas eleitorais metodologicamente questionáveis. Essa manipulação de vontades é sedimentada pela grande mídia, toda ela sustentada por verbas públicas e de grandes cartéis da economia.
Essa terrível coalização de forças forma a grande barreira que o cidadão terá que enfrentar, se quiser resgatar o Brasil para si e seus filhos, nesta e nas próximas gerações.
Onde está a renovação
Com todas as amarras postas no processo, no entanto, a estrutura democrática remanescente propiciou ao cidadão fazer a carga concentrada nas eleições, de tal forma que, com todos os senões, podem ocorrer sensíveis mudanças nas gestões políticas, locais e regionais.
Houve sensível redução na capacidade de cooptação financeira de novos quadros pela coalização do Estado-Parasita. Isso ocorreu face à deflagração histórica de campanhas de combate á corrupção (com especial destaque à Operação Lava-Jato). O fato provocou alterações importantes nas últimas eleições municipais, de tal forma que surge, agora, oportunidade de se repetir a carga concentrada do eleitorado, visando a renovação.
A renovação vem sofrendo impressionante combate do establishment, que implementou ampla manobra partidária, visando segregar os quadros que apontavam para a renovação, isolando-os partidariamente e concentrando a renovação nos pequenos partidos.
Foi justamente o que ocorreu com Jair Bolsonaro. João Amoedo e Alvaro Dias, cujas propostas de renovação apontam para alterações estruturais significativas.
Porém, destes três candidatos, Jair Bolsonaro obteve impressionante vitória, rompendo o isolamento imposto no tempo de propaganda de televisão e rádio, o escasseamento da verba pública de campanha partidária, o bloqueio da grande mídia, a agressão sistemática da imprensa amestrada e a ameaça contínua de judicialização da candidatura. Ao superar todos esses obstáculos, Jair Bolsonaro fez ligar, nas hostes do establishment, o sinal de alerta.
O crescimento exponencial da popularidade de Bolsonaro tornou impossível sonegar o reconhecimento, pelas empresas que manipulam pesquisas eleitorais, da possibilidade real de mudança do Poder.
O desespero, então, bateu nas hostes da mesmice, surgindo a pregação do ódio pessoal no horário eleitoral gratuito, seguindo-se o atentado à pessoa do candidato.
Hora de decidir
A sequência de fatos fala por si. Ela não deixa dúvida quanto ao caminho a seguir para a renovação: Jair Bolsonaro.
Essa opção deveria contaminar os demais candidatos comprometidos com a renovação – Alvaro Dias e, principalmente, João Amoedo – cujo partido Novo constitui a grande novidade no campo das agremiações políticas em disputa.
A união em torno do candidato mais firme em direção á renovação, no entanto, também representa o resgate de um passado mais hígido, moralmente mais justo, de respeito aos valores nacionais. Essa é a pregação de Bolsonaro – e por isso, graças á disfunção cognitiva armada pelo establishment, tenta-se impor à ele a pecha imprecisa de “retrógrado”.
Bolsonaro, portanto, é o novo. O candidato do PSL é o único a buscar a renovação de verdade. Nesse sentido, a busca pela consolidação do novo deverá se concentrar nos candidato que realmente mostram-se comprometidos com a renovação – e essa renovação pode ser encontrada em vários partidos e, principalmente, nas agremiações menores – como é o caso do próprio partido Novo.
Nesse sentido, é interessante notar que vários candidatos à cadeira nos parlamentos, engajados no Novo, ainda que possuam vínculo com o seu candidato à presidente, tratam hoje de apoiar veladamente Jair Bolsonaro.
O mesmo apoio velado a Jair Bolsonaro, ocorre com vários outros candidatos ao parlamento, comprometidos com a renovação – até mesmo nos partidos mais tradicionais e com candidatos mais fortes, porém veladamente engajados na campanha de Jair Bolsonaro.
Os candidatos da mesmice
Nas hordas da mesmice, Alckmin desaba, Marina desidrata, Ciro Gomes murcha e Haddad – o poste de Lula, ascende à segunda colocação, ainda distante de Jair Bolsonaro.
Porque Haddad sobe nas pesquisas? A resposta parece óbvia. Haddad é “poste” de Lula, cuja popularidade se mantém, APESAR de todos os pesares. A transferência de votos de Marina e Ciro, foi evidente. Estes formam lideranças periféricas, que fatalmente iriam desidratar, após ungido outro indicado do líder petista.
Nota-se no entanto, que a base eleitoral petista, hoje, qualitativamente, nem de longe se equipara àquela parcela da população intelectualmente mobilizada, que acreditou no projeto petista, na eleição de 2002, e forneceu suporte crítico ao segundo mandato de Lula.
Os apoiadores, agora, constituem franjas remanescentes de uma estrutura de apoio populista que se esgotou. Essas franjas se concentram nos rincões do atraso e nos bolsões da cognição limitada. Camadas mais pobres da população temerosas de perderem os benefícios dos programas de transferência de renda, comunidades acometidas pelo analfabetismo funcional, prisioneiras do rancor advindo da violência urbana e funcionários públicos pendurados nas estruturas inchadas pelo empreguismo populista.
Esses eleitores moralmente desconectados, foram cultivados com afinco em décadas de doutrinação educacional nos governos esquerdistas. A eles se somam uma geração de militantes doutrinados em universidades, sem qualquer outra expressão intelectual ou crítica. Essa base, portanto, comporta-se como uma doença crônica, que reage ao tratamento do organismo social do Brasil.
Porém, o mais significativo, é que há uma consciência crítica que não mais se deixa contaminar por esse lodaçal ideológico esquerdopata, e essa massa crítica – situada nos setores mais esclarecidos da sociedade, tende agora a apoiar Jair Messias Bolsonaro.
Há, ainda, uma outra tentativa de reação na mesmice, de se apresentar o candidato tucano Geraldo Alckmin, como “alternativa” á Bolsonaro.
Ocorre que Alckmin, hoje, tornou-se a outra face da mesma moeda em que se encontra Fernando Haddad. Enquanto o candidato petista tenta atropelar outro esquerdista assumido, Ciro Gomes e, assim, concentrar os votos da esquerda, Alckmin, tucanamente, faz o jogo do PT e dispersa os votos à direita, que deveriam seguir para Jair Bolsonaro…
Conclusão
O histórico de Bolsonaro, como parlamentar, por fim, representa uma grande vantagem competitiva frente aos demais adversários. Bolsonaro não despreza o Legislativo, é um congressista aguerrido, que fala a mesma língua de seus pares – ao contrário dos alienígenas fabricados pelo establishment, mídia e grupos econômicos, que costumam descer de pára-quedas a cada eleição presidencial. Para governar um país como o Brasil, é mais recomendável que o candidato tenha experiência política do que popularidade. Bolsonaro, no entanto, reúne as duas qualidades.
Isto posto, desanuviado o caminho, torna-se claro que a renovação efetiva no quadro político nacional, passa por Jair Messias Bolsonaro.
Resta ao Partido Novo reconhecer o fenômeno de transferência de voto e, assim, compelir seu candidato João Amoedo, a desistir da candidatura ainda no primeiro turno, para promover uma possível eleição de Bolsonaro ainda no primeiro turno.
Resta aos tucanos que pensam no futuro do Brasil, para além do esquerdismo, seguir a mesma tendência, e fechar questão o quanto antes, em apoio a Bolsonaro.
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB. Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API. É Editor – Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.