A destinação de animais silvestres capturados das mãos de traficantes é o nó crítico na atuação da Polícia Ambiental paulista
Um dos grandes desafios da Polícia Ambiental de São Paulo é o tráfico ilegal de animais. No ano passado, no país, foram apreendidos com traficantes cerca de 100 mil animais. São Paulo contribuiu com quase um terço dessas apreensões (27.686). Passada a primeira etapa da operação de repressão, surge um novo problema: a destinação desses exemplares silvestres. Num país carente de estrutura para tratar a fauna, boa parte da atividade dos policiais fica restrita a encontrar instituições que possam receber e dar tratamento adequado aos animais.
A Polícia Ambiental paulista, de acordo com seu comandante, o coronel Milton Sussumo Nomura, dispõe de 2.400 homens, 550 veículos e 112 subsedes para desenvolver as atividades. Isso é suficiente? Na opinião de Nomura, é preciso aumentar a eficácia não apenas a estrutura. “O grande desafio é trabalharmos com o que temos. E temos que rever os procedimentos do policiamento ambiental”.
O coronel explica que a Polícia Ambiental traça estratégias para agir nas três fases de ação dos traficantes: captura, transporte e comércio. “Quando falamos de tráfico de animais, a fase mais importante é a da captura, que não depende apenas do Estado de São Paulo, na medida em que maioria acontece em outros Estados. A nossa ação é dificultada porque não estamos presentes nessa primeira fase. Resta à polícia a atuação do transporte e no comércio.”
No ranking dos animais mais traficados encontram-se os mamíferos, os répteis e, campeões absolutos, os pássaros.
De setembro a novembro, por exemplo, que é o período de reprodução dos psitacídeos, o serviço de inteligência da Polícia Ambiental mapeia os principais eixos rodoviários de tráfico de animais e prepara as operações de repressão. E é exatamente nesta época do ano que são apreendidos os filhotes de papagaios.
A estratégia de Nomura parece que está dando certo e os números mostram melhoras na ação policial. De 2010 a 2011, foi registrado aumento na quantidade de animais silvestres que passou pelas mãos da Polícia Ambiental. O salto nas apreensões foi de 15%, ou seja, de 23 mil para 27.686 exemplares de animais silvestres.
O nó crítico que a Polícia Ambiental não consegue desatar fica para o processo de destinação. A legislação prevê que a destinação dos animais deve ser zoológicos ou instituições legalizadas.
“O fato é que se tem uma carga de quase 30 mil animais por ano. A quantidade de animais acaba exaurindo a capacidade dessas instituições em recebê-los. A solução, na maioria dos casos, é orientar as patrulhas que fazem essas apreensões e se deslocar por dezenas, quando não centenas, de quilômetros até encontrar a destinação adequada”, disse Nomura.