Chuva esperada, cidade despreparada !
Por Leandro dos Santos Souza
Domingo para segunda em Sampa. Uma das coisas mais aguardadas pelos paulistanos acontece: chuva.
Está armado o “furdúncio”. Ruas alagadas, marginais engarrafadas e árvores derrubadas.
“Faça um bom plantio e tenha boa colheita”. Qualquer homem do campo conhece bem o ditado.
Mas, como esse ditado se aplica ao meio ambiente urbano?
O modismo ambiental gera hordas de deslumbrados abduzidos pelo discurso dos “adoradores de barranco”. Esses adoradores acham que plantar árvores ao léu salvará o planeta da previsível catástrofe climática.
Se o deslumbre pelo discurso fácil contamina ambientalistas de ocasião, não seria diferente no meio político.
As centenas de árvores derrubadas na capital paulista, na tempestade da madrugada da última segunda feira de 2014 não foram vítimas apenas do “quase furacão” informado pelo Prefeito. A derrubada em escala se deve a anos de péssimos plantios, realizados ao longo de décadas.
Árvores inadequadas plantadas em solos inadequados. Ruas asfaltadas sem levar em consideração as características das espécies arbóreas já instalados antes da pavimentação. Ausência de podas regulares…
Os acidentes e prejuízos vistos pela manhã de segunda-feira, ocorreram devido à incapacidade (vontade) da prefeitura, atestada em seguidas gestões, de realizar um censo e diagnosticar o estado fitossanitário das árvores paulistanas.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente conversa muito pouco com Secretaria de Coordenação das Subprefeituras que, por sua vez, dialoga escassamente com a Secretaria de Planejamento, que não se entende com Secretaria do Trabalho. A excessiva burocracia convive simbióticamente com a incompetência e a medíocre regulamentação de procedimentos, os quais objetivam dificultar o acesso à informação e obstruir o direito de petição.
A população, por sua vez, colabora erroneamente ao realizar plantios e podas irregulares ao longo de passeios e logradouros públicos, e o faz por absoluta falta de atendimento às suas demandas por parte da prefeitura.
O Efeito Borboleta, portanto, de há muito fora ativado.
O que vemos agora…é apenas o início do caos.
Leandro dos Santos Souza é Gestor Ambiental, formado pela FMU, é colaborador do Portal Ambiente Legal