Por Armando Arruda Lacerda
Enésima apresentação do problemático Rio Taquari a um novo Ministro da Agricultura e Abastecimento, apontamentos cansados de tanto ver lamentar as carpideiras de sempre.
Ainda bem que o Ministro só participou da abertura, foram 03 horas e 49 minutos, de um seminário sobre o Rio Taquari, sem ninguém baixar os olhos, por átimo, para o Rio Taquari da Planície…
Não existe só um Rio Taquari, e não estou me referindo ao homônimo também navegável rio estadual no Rio Grande do Sul.
Este Rio Federal, Rio Taquari, que nasce há mais de 782 metros de altitude Serra do Caiapó, Municipio de Alto Taquari, Estado de Mato Grosso, tem 842 quilômetros de comprimento para uma declividade total, nesse trecho de Planalto de 662 metros!
Temos portanto o abrupto e veloz Taquari passivel de reter todo seu sedimento, e muita Água e força , para períodos de seca mediante barragens nos seus quilômetros de voçorocas.
De outro lado, teríamos os 430 quilometros já assoreado Rio Taquari com uma declividade na Planície pantaneira iniciando-se pouco abaixo de Coxim em 120 metros sobre o nivel do mar, lá na distante Argentina.
A altura do aporte do sistema deltaico da foz do Rio Taquari, no Rio Paraguai encontra-se na cota de 90 metros, isso nos permite apresentar a todos os interessados um rio Taquari com apenas 30 metros de declividade, entre Coxim e os passos fronteiros do Rio Paraguai : Passo Otília Superior e Otília inferior.
Temos portanto um Rio Taquari no Planalto extremamente apto a regular fluxo de água e esbanjando força para compensar, por esse aproveitamento de energia limpa, a plena recuperação de sua Sub bacia , conforme demonstram todos os estudos do PCBAP, mas parece que só falar nisso virou pecado.
Na Planície também tornou-se pecado, pensar em tirar a areia, com que décadas de comissão e omissão, lentamente tamponou o leito do Taquari, e dispor tal areia no talude das margens dos lados Paiaguás e Nhecolândia isso sim seria uma “catástrofe” merecedora de excomunhão do seio da virtude e cancelamento imediato.
Entre consertar um rio, com técnicas existentes, opta-se por mante-lo agonizante, aguardando sua morte , com a agilidade ao nada agir além de projetos e projetos, quiçá por outros 40 anos…
O Pantanal nunca impõe, mas nesta Páscoa de 2022, haveremos de nos expor nesta contrita Oração, para que as águas de um novo Taquari refeito, faça ressuscitar seu velho leito, sem o qual nossa vida está parecida com um cativeiro!
Fonte: Midia News Campo Grande
Publicação Ambiente Legal, 17/04/2022
Edição: Ana Alves Alencar
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