Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
8 de Janeiro:
Dia da Infâmia ou… Dia dos Patriotas?
Em meio ao escândalo da fábrica de factóides e de destruição de reputações da “Mynd8”, montada com o patrocínio da esquerda e apoiada por uma rede empresarial engajada com o governo petista – que levou ao suicídio de uma jovem inocente, surge uma entrevista escalafobética do Ministro Alexandre de Moraes, dizendo-se “vítima de troca de mensagens” entre manifestantes radicais que “pediam” (pediam… não encetavam), “um golpe de estado”, no dia 8 de janeiro, sugerindo a eliminação do entrevistado.
Alexandre de Moraes contou, em entrevista ao jornal O Globo, que investigações da Polícia Federal (PF) sobre os atos do dia 8 de janeiro de 2023 mostraram que, caso um golpe de Estado vingasse, como pediam alguns manifestantes, ele poderia ser preso e enforcado. Este seria um dos três destinos dele, conforme investigações da instituição, agora reveladas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que também ocupa a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A entrevista foi divulgada nesta quinta-feira (4 de janeiro).
“O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, contou Moraes em entrevista.
Ele cita que investigação da PF sobre o 8 de janeiro, já tornada pública, mostra que o suposto “plano para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por meio de uma intervenção militar” incluía o acionamento do Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia, para efetivar a intervenção militar federal, com a volta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Palácio do Planalto.
Em uma das fases da operação Lesa Pátria, desencadeada no fim de setembro, agentes foram às ruas para apreender provas contra integrantes das Forças Especiais do Exército que teriam dado início às invasões aos prédios públicos em 8 de janeiro. Peritos recuperaram imagens que apontam para a ação dos primeiros invasores, usando balaclava e luvas, abrindo passagem para o restante das pessoas pelo teto do Congresso Nacional – no prédio há uma passagem na cúpula que dá acesso ao Salão Verde, o espaço que leva ao plenário da Câmara dos Deputados.
Alexandre de Moraes contou, na mesma entrevista, que “houve uma tentativa de planejamento”. “Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão. Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem”, disse.
Se isso é fato, e o ministro sentiu-se ameaçado – passou de investigador-julgador a vítima. Neste status, JAMAIS poderia ter julgado os envolvidos no quebra-quebra de 8 de janeiro.
Se a história contada não passou de bazófia entre militontos no calor de conversas em rede… o que foi divulgado é mero factoide, que só confirma a farsa da “tentativa de golpe de estado”, que se tentou impingir a uma manifestação popular que terminou em depredações.
Esse é o tema da análise contida no vídeo a seguir:
Desculpem os crédulos mas, o 08 de janeiro parece ser uma grande farsa engendrada pelo próprio governo, com o intuito de incriminar os manifestantes em Brasília.
Várias coincidências comprovam essa falácia, tais como:
1 – Viagem inesperada do Lula para Araraquara, alegando chuvas na cidade, mas não compareceu a tragédias maiores Brasil afora;
2 – Presença do Ministro da Justiça no Ministério da Justiça em pleno domingo. Não deveria ele estar na comitiva do Lula ?
3 – Diminuição do efetivo da Guarda Presidencial, no dia dos fatos;
4 – O não acionamento da Força Nacional, uma vez que ela estava em prontidão e em condições de agir (se crimes estavam sendo cometidos contra o patrimônio público, na frente do ministro da justiça, a Força Nacional teria que ter agido);
5 – O documento de intervenção no Distrito Federal, com o consequente afastamento do governador, foi feito em tempo recorde, com inúmeras firulas e filigranas jurídicas – dando a entender que já se encontrava previamente escrito;
6 – O rápido deslocamento na volta da comitiva de Araraquara para o DF, com a visita aos locais depredados;
7 – Só a PMDF foi responsabilizada pelos episódios, tendo seu Cmt Geral sido preso e o Secretário de Segurança processado, enquanto o chefe do GSI e o Cmt do Batalhão do Exército, responsáveis pela guarda presidencial, saíram ilesos;
8 – Ao fim e ao cabo, cidadãos estão sendo condenados penas absurdas… sem que no episódio conste ter ocorrido tiros, quarteladas, sequestros ou declarações de tomada do poder por quem quer que fosse – ou seja nada do que houve caracteriza tentativa de supressão violenta do Estado de Direito;
9- Houve, é claro, depredações e invasões. Algo que movimentos esquerdistas fizeram e fazem inúmeras vezes, em ministérios, assembleias, e no Congresso Nacional. A diferença de proporção justifica responsabilização… jamais enquadramento como “tentativa de golpe de estado”.
O que houve, portanto, foi um “gatilho” armado para justificar as medidas de exceção e censura… que já levaram à morte de inocentes injustamente presos… e à caracterização de uma ditadura em curso, sob o malho de um judiciário “engajado” e de um governo notoriamente predador.
Vivemos um regime que se alega democrático, mas, na verdade, a cada dia, se revela uma patética ditadura bolivariana.
Por isso, o dia 8 de janeiro deveria ser decretado, não como “dia da infâmia” – pois infâmia é o que passamos a sofrer DEPOIS dessa data.
Sugiro que a data seja tida, por quem ama o Brasil, a economia de mercado, a família e os valores morais que sustentam a democracia, como o “Dia do Patriota”, e os cidadãos mortos quando injustamente presos, em função do episódio, devidamente homenageados, como vítimas do que pode ter sido uma enorme farsa.
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado e consultor ambiental, jornalista e editor.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 08/01/2024
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.