Instituto desenvolve projeto que recolhe óleo de cozinha usado para ser adicionado ao diesel; iniciativa está incluída nas 30 Boas Práticas Sustentáveis reconhecidas pela Rio+20
Por Fernanda Médici
No Brasil, cerca de 1,5 mi de toneladas de óleo de cozinha, ou OGR (Óleo de Gordura Residual), são descartadas anualmente, quase sempre de maneira inadequada, entupindo redes de esgotos e contaminando águas. Para minimizar este problema, a advogada e militante social Teodora Tavares resolveu implantar um programa de reciclagem de óleo destinado à produção de biodiesel. A iniciativa foi batizada de projeto Bióleo.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável, fundado em 1997 por Teodora, com o objetivo de desenvolver cidadania e ações de educação ambiental, atua hoje em mais de 80 bairros da capital paulista e em outras cidades da Grande São Paulo, como Caieiras, Francisco Morato e Mairiporã.
O Projeto Bióleo recebeu no mês passado o reconhecimento da Rio+20, conferência mundial realizada no Rio de Janeiro, por ser um dos 30 melhores programas brasileiros de boas práticas de sustentabilidade. E, este mês, ficou em sexto no Ranking Benchmarking Brasil 2012, um dos mais respeitados selos de sustentabilidade do país, entregue pelo Instituto Mais.
Toda a metodologia do projeto está baseada no tripé de práticas ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis. Significa dizer que o programa visa diminuir o impacto causado pelo descarte incorreto de OGR, gerando renda aos envolvidos e diminuindo gastos do governo com tratamento de água e desobstrução de redes de esgoto.
Para cumprir a lei que estabelece a adição de 5% de biodiesel ao óleo fóssil produzido no país, são necessários 2,2 bilhões de litros de óleo vegetal para a mistura. Portanto, o reaproveitamento do OGR passa a ser um assunto estratégico no Brasil.
“A proposta era trabalhar com bares e restaurantes, porém existem mais de 29 empresas, dentro da grande São Paulo disputando a concorrência nesse tipo de estabelecimento. O gargalo social são as residências, que significam 70% do desperdício do óleo residual”, segundo Teodora.
Numa conceituação mais sofisticada, o que o Instituto de Desenvolvimento Sustentável está fazendo é a implantação da tão falada logística reversa, ou seja, recolhe e recoloca materiais de volta na cadeia de produção, gerando economia de recursos, energia e renda aos que fazem a coleta.
Participam do projeto associações de bairros, organizações não-governamentais, escolas públicas e unidades básicas de saúde, que fazem a coleta do OGR.
Localizada no bairro do Jabaquara, em São Paulo, a unidade Leide das Neves da Associação Cristão de Moços é um posto de coleta que usa o bióleo como uma atividade de conscientização ambiental. A coordenadora do projeto Nelci Abilel explica que leva os alunos do grupo de Maracatu às ruas para explicar aos moradores a importância da reciclagem pelo benefício ambiental e social. O óleo arrecadado pelos jovens é vendido e toda a renda arrecadada investida em melhorias da própria instituição.
Outro exemplo da atuação do Instituto de Desenvolvimento Sustentável é em conjunto com o município de Caieiras, localizado na Região Metropolitana de São Paulo, onde o prefeito Roberto Hamamoto se engajou e a coleta de OGR se tornou um projeto municipal.
Hoje, o Projeto Bióleo é reconhecido como um programa municipal de reciclagem aplicado em todas as escolas públicas municipais de Caieiras, metade das escolas estaduais e 90% dos restaurantes. Com isso 18% das instituições do município são subsidiadas com a venda do óleo.
Tenho oleo usado em casa como faço pra entregar para reciclagem.
Tenho litros de óleo usado de cozinha