Por Luiz Antonio “Manaus” Nunes de Melo
Falar sobre incêndio florestal nos leva a determinar épocas, e podemos dizer que no Brasil a “temporada” de incêndios vai de maio a setembro, dependendo da região, onde o pico é o inverno, onde temos uma temperatura mais baixa, promovendo a perda de umidade dos materiais vegetais combustíveis (troncos, galhos, ramos, folhas, etc.), consequentemente a facilidade de queima.
O segredo em evitar os riscos de incêndio florestal está, em grande parte, na prevenção, e esta na educação ambiental, que deveria ser falada e propalada durante o ano todo pelas escolas e empresas produtoras ou consumidoras de matéria prima florestal, alterando os assuntos em função da faixa etária.
Deve ser elaborada uma metodologia pedagógica em função de características locais e tendo como base a nacional. A criança deve ser o foco principal, onde o aprendizado é melhor assimilado, e fixando a ideia de prevenção.
Existem pontos claros e decisivos para colocar o sistema de proteção contra incêndios florestais em prática, em principalmente nas áreas de suprimentos industriais e florestais, como Pinus, Eucalyptus, cana de açúcar entre outros. Entre as preocupações podemos citar: aceiros e estradas manutenidas, pontos de riscos determinados e sob proteção, localização de pontos de captação de água, ferramentas e equipamentos de combate em condições de trabalho, equipe treinada.
Com a perda da matéria prima florestal como Pinus ou Eucalyptus, por força de incêndios florestais, as indústrias, em uma melhor hipótese, passarão a depender de suprimentos de terceiros agregados pela empresa, ou, de forma trágica, poderão fechar as portas, uma vez que a rotação de suprimento pode levar dezenas de anos.
Os custos de implantação e manutenções, sem contar com os custos da aquisição ou arrendamento/comodato das propriedades rurais, são muito elevados, o que leva a empresa a ter, OBRIGATORIAMENTE uma estrutura de prevenção e combate contra os incêndios florestais, onde esses custos são irrisórios, se comparados.
Tem-se conseguido treinar combatentes de incêndios florestais em várias empresas, e o resultado, pelos contatos mantidos, tem trazido uma resposta significativa na prevenção e combate as ocorrências desses incêndios florestais.
A prevenção e combate de incêndios florestais requerem um pleno conhecimento da propriedade e lindeiros: pontos críticos de prováveis origens de incêndios florestais; pontos de captação de água; pontos de observações (torres); sistema viário sinalizado; distribuição de equipamentos de combate em pontos estratégicos da propriedade.
É importante a elaboração de um Zoneamento de Risco, e sem essas informações pontuais o combate se torna mais difícil, mesmo para os combatentes locais e experientes, e pior para equipes que podem vir a ajudar a combater, evitando a propagação.
O combate de incêndios florestais requer técnica especial, conhecimento dos combustíveis locais, clima da região, consequentemente o comportamento e propagação do fogo. Não existe um incêndio típico para um combate típico, ele é função do tipo de combustível, forma de distribuição, topografia, dimensão e o clima.
Por fim não podemos confundir incêndio com queimada. Incêndio é um fogo sem controle, e queimada é um fogo controlado.
O importante de tudo isso, é a formação de brigadistas voluntários, e principalmente municipais, onde o apoio do governo local e empresas estabelecidas, mantendo um número de pessoas dispostas a trabalhar com a educação ambiental e combater o incêndio, se necessário.
Luiz Antonio “Manaus” Nunes de Melo é engenheiro florestal e mestre pela UFPR, perito em incêndios florestais pela USDA / FBI, e treinamento especial em incêndios florestais pelo ICONA – Valsain / Espanha. Criador do símbolo nacional de prevenção e combate aos incêndios florestais, o LABAREDA, e várias outras campanhas. Aposentado pelo IBAMA, e hoje, sócio da Energia Ambiental Ltda., empresa de consultoria florestal / ambiental.
Excelente texto. Sucinto e enriquecedor. Com direcionamentos claros e práticos.