Ecoeficiência
Por Ricardo Ernesto Rose
Por que em época de crise econômica as empresas e o governo deveriam se preocupar com a questão ambiental, com a preservação dos recursos? Que contribuição a discussão da ecologia poderia dar ao momento econômico brasileiro, dominado por debates sobre a volta da inflação, da perda da competitividade dos produtos brasileiros e da crise da indústria? A contribuição poderia ser grande, se levarmos em conta a ecoeficiência; a produção e a distribuição de bens e mercadorias utilizando menos recursos, gerando menos resíduos – os poluidores do meio ambiente. Em outras palavras: fabricar, transportar, vender e consumir de uma maneira mais eficiente. Esta idéia pode se estender a praticamente todas as atividades econômicas; da agricultura à indústria, da administração pública ao setor de serviços até o consumidor.
Este raciocínio pode parecer novo, mas não é. Durante toda a história, uma das grandes metas do conhecimento aplicado às atividades humanas sempre foi o de fazer com que uma organização, um processo, uma máquina, uma operação, funcionassem de maneira mais eficiente; de uma forma mais organizada, mais rápida, mais econômica e com menos falhas. Com o avanço das ciências humanas e exatas este princípio universal pôde ser aplicado tanto ao governo de países, à administração de empresas, ao gerenciamento de linhas de produção, ao desenvolvimento de máquinas, à administração de uma casa e muitas outras áreas. Diz a física que quanto mais organizado, mais eficiente for o funcionamento de qualquer sistema – seja algo simples, como o motor de um automóvel ou muito complexo, como uma minúscula célula – tanto melhor atuará esta estrutura, aproveitando da melhor maneira possível os recursos – combustível ou alimentos – que tem a sua disposição.
Muitas economias desenvolvidas compreenderam isto e estão trabalhando para se tornarem cada vez mais eficientes. A questão do aumento crescente dos preços das matérias primas, dos minérios, da energia e da água, está mobilizando países como o Japão, a Alemanha, os Estados Unidos, a Coréia e muito outros. No estágio atual de seu desenvolvimento, o setor industrial alemão pretende aumentar o índice de automatização dos processos e tornar os já existentes ainda mais eficientes. Mesmo empresas de médio e pequeno porte estão implantando sistemas de gestão de processos produtivos modernos e automatizados, encurtando o ciclo de produção de um produto e reduzindo o uso de insumos. Medidas como estas deixam o processo de fabricação mais limpo e organizado; reduzindo perdas (resíduos) e custos de produção; aumentando a qualidade e a competitividade do produto; e reduzindo o impacto ambiental do empreendimento.
O Brasil está pronto para promover mudanças em seu sistema político, legal e tributário; criar normas, técnicas e estratégias que possam levar o país a dar um salto de qualidade – seja no setor público ou privado. A má gestão, a incapacidade e o desperdício podem ser reduzidos, tornando o país mais eficiente, competitivo e reduzindo os impactos ambientais de suas atividades econômicas.
Ricardo Ernesto Rose é Jornalista (Casper Líbero) e pós graduado em sociologia, filosofia e gestão ambiental. É consultor de inteligência de mercado negócios sustentáveis.
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