Um papo reto de Pinheiro Pedro sobre uma questão estratégica para o Brasil.
Leia o artigo e assista ao vídeo
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
Gargalos logísticos causam perdas econômicas enormes ao país. O gargalo logístico impede o escoamento da produção, o atendimento às demandas comerciais e o abastecimento das populações.
A grande meta governamental, hoje, é vencer os gargalos logísticos. A nível federal, as grandes obras de infraestrutura que hoje festejamos buscam, de fato, realizar objetivos que já estavam postos no Plano Nacional de Viação de 1973. Isso dá uma ideia do atraso que sofremos todas essas décadas.
No entanto, ainda falta um grande plano nacional de logística de abastecimento.
Falei sobre isso ainda em 2013, no meu “Papo Reto”, cujo vídeo, posto abaixo, recomendo.
O assunto, aliás, ainda está em pauta.
Para assistir ao vídeo, clique aqui ou na imagem abaixo
De fato, gargalos logísticos causam perdas econômicas enormes ao país. O gargalo logístico impede o escoamento da produção, o atendimento às demandas comerciais e o abastecimento das populações.
Sofremos no Brasil uma variedade de gargalos logísticos, que se estendem dos portos marítimos às ferrovias.
O problema é sistêmico. Não há uma cultura de gerenciamento e planejamento logístico, a começar do abastecimento das populações administradas pelos governos locais.
Dificilmente um prefeito, no Brasil, saberá como o cotonete que deveria limpar sua orelha chega à casa dele, ou ao comércio de sua cidade. De fato, as prefeituras, a começar pela maior capital do País, São Paulo, desenvolvem secretarias de transporte mas não possuem organismo encarregado da logística de abastecimento.
O próprio governo federal não possui uma organização encarregada de tratar da logística de abastecimento de forma integrada – para além dos produtos agrícolas.
Falta compreensão do suporte estrutural aos ciclos econômicos envolvendo demandas, armazenagem, estoques, transporte, distribuição e controle de custos.
Não há normas de tráfego que se casem com as demandas e horários comerciais, não há preocupação com as centrais intermodais, para transbordo e distribuição de mercadorias, não se cuida de disciplinar a política de transporte de cargas – permitindo toda ordem de abusos.
Enfim, a questão vai para muito além das obras, mais que necessárias, de implantação de hidrovias, ferrovias, rodovias, pavimentação, duplicação de estradas e instalação de terminais portuários.
É preciso compreender os ciclos econômicos que demandam toda essa malha, identificar os gargalos, estimular a busca de soluções de mercado e a integração dos objetivos nacionais à logística de abastecimento das cidades brasileiras, articuladamente com o traçado das grandes rotas de escoamento e exportação.
O governo de Jair Bolsonaro parece ter acordado para o problema.
Após uma longa confusão de metas e planos nos períodos tucano e lulopetista, os governos de Temer e, agora o de Bolsonaro, trataram de logo de início implementar um grande e extenso programa de recuperação e implantação de infraestrutura.
Hoje esse projeto encontra-se a cargo de um ministério muito bem comandado. Entendo, no entanto, que para dar continuidade e essa gestão de sucesso, será necessário integrar ferramentas de desenvolvimento regional e suporte às cidades. Não apenas capacitando técnicos locais, mas gerando normas gerais e programas específicos para conduzir as unidades da federação a criarem políticas de abastecimento direcionadas à desobstrução dos gargalos logísticos.
Isso, com certeza, irá impulsionar grandemente a economia e firmar nossa soberania sobre nosso território.
Nota:
Papo Reto – Gargalos Logísticos é gravação publicada originalmente no Portal Ambiente Legal – in “Papo Reto: Gargalos Logísticos Travam a Economia”, 2013, in https://www.ambientelegal.com.br/papo-reto-gargalos-logisticos/
Leia também:
PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro – “GOVERNO PRECISA DELIMITAR FAIXAS DE DOMÍNIO DE ESTRADAS PARA PREVENIR CONFLITOS AMBIENTAIS”, in Blog The Eagle View, Março/2013, in https://www.theeagleview.com.br/2013/03/estradas-de-rodagem-faixas-de-dominio-e.html
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado,e consultor, sócio-diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados, com serviços prestados ao Banco Mundial, IFC, PNUD e UNICRI, Caixa Econômica Federal, Ministério de Minas e Energia, Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre, CENTRAN – Fundação Trompowsky (Exército Brasileiro), governos estaduais e municípios. Foi integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional e membro das Comissões de Direito Ambiental do IAB e de Infraestrutura da OAB/SP. Ex-Presidente e Membro Emérito da Comissão de Meio Ambiente da OAB/SP. Jornalista, é Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo Blog The Eagle View.
Fonte: The Eagle View