Revista Ambiente Legal - Edição 11 - page 9

Revista Ambiente Legal
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AL:
Que benefícios esse
mercado pode agregar à econo-
mia?
UDO:
A agregação de valor é
grande e ampla. Pode atingir
positivamente inclusive o setor
de segurança pública.
Explico. Inicialmente, em
termos de economia e mercado,
o benifício direto é a própria
geração de riqueza: converter
algo deteriorado em produto
de valor para a indústria e para
o mercado de trabalho.
Secundariamente, os bene-
fícios são ambientais, através
da conversão de milhares de
metros quadrados de áreas de
descarte em pátios e delegacias
de polícia, departamentos de
trânsito e áreas de utilidade
pública. Há uma diminuição
significativa de focos de den-
gue. Ocorre uma recirculação
de partes e peças automotivas
que concorrerão com vanta-
gens competitivas frente ao
mercado paralelo advindo dos
desmanches clandestinos. Nes-
se último caso, a consequência
do benefício poderá ser a dimi-
nuição do número de roubos
de automóveis.
AL:
Qual a principal difi-
culdade em difundir o tipo de
tecnologia que a sua empres
representa no Brasil?
UDO:
A principal dificuldade
é o fato do mercado não estar
desenvolvido, justamente por
conta dos fatores já ditos ante-
riormente.
Existe, também, resistência
por parte da indústria que ma-
nipula, processa, comercializa
e utiliza sucata metálica. Essa
indústria, no Brasil, é muito
atrasada, mesmo se compara-
da à África do Sul, país com
população equivalente a um
décimo da brasileira e com ín-
dice tecnológico, no entanto,
superior.
AL:
O paradigma de ter
um equipamento fabricado
fora do Brasil, ainda é um en-
trave para vendas?
UDO:
Enquanto houver a fa-
cilidade de acesso a financia-
mento com juros subsidiados
por parte do BNDES, a pre-
ferência pelo equipamento na-
cional será fator importante. É
também uma pena que o custo
Brasil praticamente inviabilize
indústrias estrangeiras a se es-
tabelecerem localmente, para
produzir seu equipamento e
assim dinamizar a economia
nacional.
Ao mesmo tempo, o custo
Brasil dificulta a vida das em-
presas estrangeiras e dificulta o
desenvolvimento da indústria
nacional. Isso provoca defasa-
gem cada vez maior em relação
à tecnologia estrangeira, prin-
cipalmente no que se refere à
qualidade e eficiência.
AL:
As empresas que estão,
hoje, olhando o mercado brasi-
leiro, têm intenções efetivas de
montar filiais por aqui?
UDO:
Na minha visão, as em-
presas estrangeiras que estão
de olho no mercado brasileiro
querem conhecer os detalhes,
para montar filiais. Porém,
nos casos que acompanhei, tal
processo de avaliação de riscos,
nunca resultou em uma con-
clusão “pró-Brasil”.
Brasil: ainda no século passado
Descaracterização de veículos traz
econonomia
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