Revista Ambiente Legal - Edição 11 - page 18

Revista Ambiente Legal
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A
região que concentra 40% do PIB nacio-
nal está à beira de um colapso hídrico e
há falta de transparência, carência de informações,
além de informações contraditórias. A mídia que
há décadas apoia as políticas produtoras desta crise,
agora enfoca o acirramento dos conflitos pelo uso
da água entre São Paulo e cidades de três estados da
região do Vale do Paraíba.
Alterações climáticas importantes de um lado.
De outro, o abandono da gestão integrada e par-
ticipativa dos recursos hídricos e a mercantilização
de um bem que é de todos. A Sabesp está nas bolsas
de valores de São Paulo e Nova York. É água como
mercadoria gerando lucros e repasse de dividendos,
com investimentos focados na distribuição, sem
políticas de controle de consumo para a superação
da cultura do desperdício.
Os balanços públicos da Sabesp demonstram
investimentos. Porém, investe-se na captação em
distâncias cada vez maiores. O novo sistema da Par-
ceria Público Privada do São Lourenço, em Juquiti-
ba, captará água a 80 quilômetros da capital.
Na manutenção da rede é o índice de desperdí-
cio de 31,2%, em 2013, que evidencia a política de
duas décadas de administração tucana. Não se per-
de na tubulação antiga e comprometida só recurso
tratado, a água clorada é contaminada por resíduos
sólidos e pode comprometer a saúde do usuário. Es-
timativas da Organização Mundial de Saúde, órgão
das Nações Unidas, apontam que para cada R$ 1
investido em saneamento básico, R$ 4 são econo-
mizados em saúde pública.
‘Na região metropolitana e no estado inteiro,
se a rede pública da concessionária passar enfrente
da indústria, ainda que esta indústria trate e puri-
fique sua água antes do lançamento, é obrigada a
jogar na rede, que muitas vezes não está ligada a um
ponto de tratamento e lança diretamente no rio.
Água limpa se mistura nos corpos d’água’, declara o
Engenheiro Sanitário, especialista em Recursos Hí-
dricos e Gerente de Meio Ambiente do Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo, CIESP, Jorge
Luiz Silva Rocco.
Produção de água
Em Guarulhos, cidade da Grande São Paulo
cuja dependência da Sabesp é de 87% de toda água
consumida no município, desde as medidas de ra-
cionamento do governo opera com menos 400 li-
tros por segundo. Há dois meses a Prefeitura utiliza
a água de reuso da Estação de Tratamento de Esgo-
to São João para desobstrução da rede de esgoto.
Esta substituição, de acordo com a Prefeitura, ge-
rou uma economia de água tratada equivalente ao
abastecimento diário de 35 residências com quatro
moradores cada.
Segundo o Diretor do Departamento de Ma-
nutenção e Operação de Guraulhos, o Engenheiro
Marco Aurélio Cardoso Carvalho, ‘já vivíamos a
situação de rodízio de seis, 10, 11 e 24 horas nos
bairros. Com a redução da oferta, toda a cidade
passou a ter água dia sim, outro não. Estávamos
preocupados com a qualidade da água da reserva
técnica, mas nossos monitoramentos não aponta-
ram queda’.
Dança da chuva
‘Sou contra o racionamento de água,
por motivos técnicos e sociais’. Geraldo Alckmin
Por Sandra Porto
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