Revista Ambiente Legal - Edição 11 - page 25

Revista Ambiente Legal
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‘Em 2011 houve a entrada dos caminhões de terra
e foram vários dias e muita terra. Depois explodiu que
era terra contaminada e que já havia contaminação
no solo’,
Elizabete Lima, aluna do 5˚ano de Ge-
rontologia.
Ao questionar sobre os riscos ambientais decor-
rentes do aterro, o relator Aurélio Nomura ouviu
os representantes da Servmar, consultoria que ela-
borou relatórios de avaliação de risco tanto para
metano, quanto para contaminantes no solo, que
não existem no Brasil procedimentos sobre risco
ecológico e que uma plenária na Associação Brasi-
leira de Normas Técnicas (ABNT) discute a criação
de diretrizes nesse sentido.
Procedimentos iguais, resultados iguais
‘Nós devíamos ter feito mais do que a lei man-
da, não só dentro do campus, mas no entorno, no
Jardim Keralux e não só na vizinhança imediata’,
provocou Saldiva, também Coordenador do Ins-
tituto Nacional de Análise Integrada do Risco
Ambiental. E material de trabalho para os pesqui-
sadores universitários não faltaria, pois o relatório
CETESB de 2013 mapeia 4.771 áreas contamina-
das no estado. Considerando que a agência ambien-
tal paulista só entra em ação quando notificada, não
seria exagero multiplicar esse número por algumas
dezenas de vezes.
‘O principal problema é o medo de explodir. Não
sabia do solo contaminado’.
Mariana Santos, 2˚
ano do curso de Obstetrícia.
Para o Engenheiro Civil e Geotécnico do Ins-
tituto de Pesquisas Tecnológicas, (IPT), Scandar
Ignatiusii: ‘a ocorrência de metano no campus não
é novidade. A situação é generalizada na cidade de
São Paulo’. A mesma avaliação faz o Engenheiro
Carlos Frederico Egli, da consultoria ambiental
Weber, ‘no Centro de São Paulo têm lugares onde
a geração de gases é cem vezes pior do que aqui.
Houve exagero no caso USP’.
A consultoria Weber venceu o mais recente pro-
cesso licitatório disparado pela diretoria da EACH
para ajustar a solução proposta pelo IPT e instalar
27 bombas exaustoras nos 19 prédios da Escola. Se-
gundo Egli, ‘de fevereiro a agosto, as medições em
todas as edificações demonstram quase nível zero
para metano’. Tapumes de metal isolam as áreas
com pontos contaminados já identificados e a re-
mediação incluiu a cobertura do solo com mato.
‘Se a terra está contaminada, mesmo com o iso-
lamento, quem me garante que a poeira que está do
outro lado não vai passar e a gente inalar? As medidas
até agora foram paliativas’,
Tatiana Seito, aluna do
Instituto de Psicologia, que desde 2013 frequenta
o campus Leste para o curso de pós-graduação.
Com a reabertura do campus a comunidade
volta à antiga tranquilidade abalada pelo barulho,
trepidação, poeira e lama durante o ano e meio que
circularam seis mil caminhões com 109 mil me-
tros³ de terra. Porém, qualquer cidadão que pegar
o trem, verá que muito próximo dali existe outra
operação de aterramento tão grande quanto a que
ocorreu no campus.
Hoje corre uma Ação Civil Pública para a ques-
tão da contaminação do solo e, no âmbito da Uni-
versidade, um processo administrativo para apurar
o envolvimento e responsabilidade dos ex-diretores
da EACH. A Procuradoria da Universidade, até o
fechamento da edição, desconhecia a instauração de
inquérito policial cobrada pelos membros da CPI
para investigação e apuração de responsabilidades.
‘Passei cinco anos da minha vida aqui e o que será
que estou levando embora?’,
Elizabete Lima.
Tatiana Seito,
aluna do Instituto de
Psicologia, que desde
2013 frequenta o
campus Leste para
o curso de
pós-graduação
Elizabete Lima,
aluna do 5˚ano
de Gerontologia
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